"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No vale tudo da direita em pânico com a possibilidade de um Governo de esquerda vale mesmo tudo na massiva campanha de agit-prop que se começa agora a desenhar nos bastidores, com a cumplicidade da comunicação social câmara de eco do pensamento único, até ressuscitar fantasmas de que os mais velhos já não se lembravam e que os mais novos só têm conhecimento por ter ouvido contar aos mais velhos que já não se lembravam.
Outro título possível seria “No dia em que o BES foi nacionalizado sem custos para o contribuinte, era Pedro Passos Coelho uma criança embeiçada pela UEC [União dos Estudantes Comunistas] e Dias Loureiro morava no campo e nem sabia o que era a política.”
Não podia estar mais de acordo com esta medida do Governo, e até ia muito mais longe.
De seguida nacionalize-se um banco para emprestar sem risco. Uma companhia petrolífera e uma eléctrica e outra das águas para fornecer sem riscos e a baixos custos. Uma transportadora marítima e outra de camionagem para transportar sem riscos. Por fim, nacionalizem-se os sindicatos, como forma de eliminar o risco das reivindicações laborais e dos aumentos salariais.
Eis o maravilhoso mundo da ausência de risco e do retorno absoluto.
Um grande bem-haja ao Governo que zela por tamanha casta empreendedora!
O título é a recordação duma reportagem na tv sobre tocadores de bombo. Um dos elementos do grupo, um aprendiz de tocador para aí com 6 ou 7 anos, agarrado a um bombo com o dobro do seu tamanho dizia para o microfone “é um vício malhar nas péis” (peles).
As “péis” de tudo o que é crime económico, vigarice e trafulhice nos negócios em Portugal, são as “péis” do Vale e Azevedo, independentemente de ele colocar as suas “péis” a jeito. Independentemente de por vezes serem as “péis” de uma tarola promovidas a “péis” de bombo.
Foi no domingo que o ministro das Finanças nos interrompeu o almoço para, com ar grave, informar da nacionalização do BPN. Desde o almoço interrompido até há bocado, Oliveira e Costa continua ausente no estrangeiro incerto sem que se ouça falar de mandatos na Interpol ou na Europol, Dias Loureiro continua sentado à direita do Pai no Conselho de Estado, quiçá a alinhavar discursos sobre as boas e as más moedas, Vítor Constâncio já somou mais 4 dias aos dias que lhe faltam para a reforma. Mas afinal o Vale e Azevedoesse grande malandro, esse pulha!
Não sei se o verdadeiro significado de BPN era Banco Pêpêdê de Negociatas. Mas lá que parece, parece.
(E depois há aquela coisa muito portuguesa dos portugueses de 1.ª e 2.ª categoria. Todos os dias nos chegam notícias do encerramento de empresas e fábricas de norte a sul do país, sem que o Governo mostra a mais leve preocupação com a segurança dos trabalhadores. Sorte a destes.)