"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Temos Rishi Sunak, filho de indianos emigrados da África Oriental, primeiro ministro em Inglaterra; temos Suella Braverman, filha de imigrantes de origem indiana nascidos no Quénia e nas Ilhas Maurícias, secretária de Estado para os Assuntos Internos, também em Inglaterra; e temos Humza Yousaf, filho de pai paquistanês e mãe queniana, à frente do Partido Nacional Escocês. Quantas décadas vamos demorar até Portugal ter este nível de integração, dando como ponto de partida as autárquicas de 2021 na margem sul do Tejo, a zona mais multicultural, multi étnica, e de diversidade religiosa do país, onde, por exemplo, na "zona das quintas" - St.º Amaro, Rouxinol, Varejeira, Brasileiro, S. Nicolau, Miratejo, um branco europeu é que "dá nas vistas" nas ruas, e com todas as listas de todas as áreas políticas a passarem completamente ao lado desta realidade?
Pessoas de partidos com forte implantação autárquica, por exemplo na margem sul do Tejo, e por exemplo também em Miratejo, Quinta de Santo Amaro, Laranjeiro, Quinta do Brasileiro, Quinta da Varejeira, Feijó, etc. , zonas multiculturais por excelência, com fortes comunidades ciganas, indianas, paquistanesas, africanas PALOP's e "África francesa", a grande maioria muçulmana [há uma mesquita na Quinta do Rato, mesmo ao lado da Igreja da Sagrada Família...], sítios onde na mesma rua encontramos talhos e churrasqueiras halal, portas meias com supermercados africanos, barbeiros do Sri Lanka e lojas do chinês, onde um branco europeu na dá nas vistas pelo inusitado da situação, e que nas listas autárquicas não conseguem apresentar um, só que seja, candidato com ligação a uma dessas comunidades, e que hoje tiraram o dia para vir para as "redes" arengar o Sunak, que só chegou onde chegou, dentro do partido e no Reino Unido, porque é milionário, tem dinheiro a dar com um pau. Isto é o chamado complexo "Qué flô?" também conhecido por falta de noção.
Com excepção do Chaga onde a coisa é feita pela negativa, pela exclusão e pelo estigma, o que surpreende nas candidaturas autárquicas da margem sul é a total ausência de comunicação e de propostas para captar as comunidades migrantes para a cousa pública, comunidades que em algumas zonas já são maioritárias. Quem passe um tempos no Seixal, Laranjeiro e Almada apercebe-se da diversidade cultural e civilizacional que faz o Martim Moniz em Lisboa parecer uma Disneylândia. Brasil, África não PALOP, Paquistão, Sri Lanka, Índia, Moldávia, Ucrânia, China etc, etc. No Laranjeiro, por exemplo, há ruas inteiras com vivência[s] de uma só comunidade onde o transeunte que dá nas vistas ao passar, o diferente é o português caucasiano. Desde barbeiros, cabeleireiros, mercearias, churrascarias e talhos halal, frutarias, lojas de roupa, lojas de utilidades várias, pequeno comércio. Um bazar dentro da qasbah. Um mundo. Um mundo que passa ao lado das candidaturas autárquicas que não se inibem de encher a boca com "integração".
Um, digamos assim, ocidental num país árabe, e num pais árabe com o Islão como religião oficial, come e bebe do que há, submete-se, a bem da sua saúde, aos usos e costumes, que é como quem diz, à ditadura da religião. Que o digam sobretudo as mulheres, em viagem de turismo ou negócios. Um muçulmano no ocidente, no ocidente laico e com separação entre Estado e religião, submete os ocidentais aos seus usos e costumes, que é como quem diz, à ditadura da sua religião.
Tempo houve em que a extrema-direita, no tempo em que respondia por nazismo e fascismo e usava camisas cor de morte, tinha no muçulmano um dos seus aliados dilectos. E esse tempo durou até depois, muito tempo depois, de terminada a II Guerra Mundial. Era necessário salvar muita gente e a Síria, o Líbano e o Egipto, entre outros, foram portos seguros. Eram os tempos do “judaísmo internacional” e também do nacionalismo árabe e da autonomia da Palestina e por isso muita Esquerda europeia assobiou para o lado e fingiu que não viu. Não tinhaMolotov assinado um pacto com Ribbentrop? Os tempos agora são do “multiculturalismo” e da “colonização silenciosa da Europa”. E o “judaísmo internacional” já tem Estado. E está ali, cravado no meio. Para a Esquerda e para a Direita. Nada de novo, portanto.
[E a Esquerda sempre, mais rápida que a própria sombra, na procura da justificação e da causa das coisas, agora, que os criminosos sérvios estão todos sentados em Haia, nunca lhe passou pela cabeça vir aqui. Adiante…]
Na Alemanha. Na Holanda. Na Suíça. Em Inglaterra. Com uma nuance: não foi o multicultura não-sei-quantos que falhou, o que falhou foi a integração dos povos que professam o Islão. O que confirma a Europa como um clube cristão e remete a discussão para o início: a Turquia na União Europeia.
(Imagem de Roland Magunia para a AFP via Getty Images)
Uma Ocidental ser obrigada a usar hijab em terras do Islão é cultura, tradição e religião. A proibição da burka no Ocidente é intolerância, racismo e xenofobia.
Como se não bastasse as mulheres ocidentais terem obrigatoriamente de usar o hijab quando visitam terras do Islão, um dentista do NHS britânico (Serviço Nacional de Saúde) em Bury, Lancashire, obrigava as mulheres a cobrir a cabeça antes de começar os tratamentos (chegando a ter no consultório uma caixa cheia de hijabs para esse fim) e os homens a despojar-se de todo o ouro e jóias.
Só não usavam a burqa porque impedia a passagem dos alicates e da broca; digo eu...
Que não senhor, que não há um choque de civilizações; nem tão pouco uma guerra de religiões; a culpa é toda nossa e mais a nossa islamofobia e a nossa tacanhez; e que não sabemos respeitar as diferenças; e islamofóbicos para aqui e islamofobia para ali; e Europa e clube dos cristãos para acolá e eurocentrismo para acoli.
“El Sindicato de Médicos de Egipto, dominado casi en su totalidad por el grupo islamista de los Hermanos Musulmanes, ha decidido prohibir a sus afiliados que practiquen trasplantes de órganos entre cristianos y musulmanes. Cualquier médico que viole la medida y permita ese tipo de operaciones será interrogado y castigado por el Sindicato.”
Quando aqui há uns meses atrás, um energúmeno, que por acaso até ganhou um Nobel da Medicina, veio dizer que os negros eram menos inteligentes que os brancos, caiu o Carmo e a Trindade. Foi um vendaval e tanto!
Agora vem um tal de Bruce Charltonafirmar que os ricos são mais inteligentes que os pobres e ninguém ouviu nada…
Caro Alkantara, sou levado a concluir que, das duas três: ou somos todos pretos na acepção Watsoniana; ou somos todos ricos na acepção Charltoniana; ou só já nos indignamos porque multiculturalismo oblige, e convém ser politicamente correcto e ficar bem na fotografia, nesta coisa do interracial (termo descaradamente roubado à indústria porno).
Resta saber se o grupo dos inteligentes abarca aqueles portugueses, ex-pobres e agora mui nobres e considerados nos bastidores político-partidários, que escrevem empresário antes do nome, cujos nomes me vou abster de referir; que enriqueceram a enganar o próximo, e, cujo pecado menor ainda assim, foi “só” terem fugido ao fisco.