"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Daqueles com muita porrada e tiros e encontros à socapa entre colarinhos brancos e criminosos sem escrúpulos em tabernas esconsas frequentadas pelo lumpemproletariado, prostitutas, artistas underground na antecâmara do salto para o mainstream e idealistas vários da luta anti-capitalista.
Quando o ‘colonel’ montou um circo no “parque de campismo” de S. Julião da Barra e depois quando «quatro F16 da Base Aérea Nº5, em Monte Real» voaram para Tripoli para prestar honras à bancada VIP, nunca se lhe ouviu um piu. Ou porque desconhecia a realidade dos factos, ou porque andava atarefado a comprar viaturas blindadas para a Unidade Especial de Polícia para prevenir motins e atentados terroristas, ou porque estava a dormir a sesta.
«Without sounding too corny, I guess it’s just how terrible war is for the people that are just trying to go on with their lives. And the amount of death and destruction and suffering that this conflict has brought for many people.»
Os inflamados editoriais e os artigos de agit-prop manhosa opinião em defesa do ditador líbio Muammar al-Gaddafi e da repressão a que pomposamente chama de revolução líbia e contra as “hordas contra-revolucionárias” e o imperialismo amaricano [com a].
A primeira página do The Independent de hoje, apenas com duas fotos do anão que governa a França [e não me estou só a referir à estatura física], dá uma lição de política internacional e da submissão do poder político ao poder económico a que, pomposamente, se convencionou chamar realpolitik
Havia muitas mais primeiras páginas a fazer com outros anões em outras latitudes.
De quem escreve [já que de que de quem lê tenho as minhas sérias dúvidas], é o anti-amaricanismo [com a, de amaricano] e anti-ocidentalismo primário a aproveitar despudoradamente os erros de palmatória, que os houve/ há, da NATO e da ONU na intervenção líbia, associados à questão who are you/ they, para defender e fazer a apologia de um ditador. Agit-prop manhosa, muito manhosa.
[Não, a imagem não é retirada de Apocalipse Now, do espectáculo com as coelhinhas Playboy em plena selva. Assim como esta não é retirada de Mad Max]
Não constando que Muammar al-Gaddafi, apesar das visitas de e a Portugal, tenha implementado na Líbia algum programa de generalização do inglês no ensino básico, é um mistério que a grande maioria dos “rebeldes” entrevistados para as televisões seja fluente na língua de Shakespeare, alguns até com sotaque do norte de Inglaterra.