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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo IV

por josé simões, em 20.02.20

 

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               Em Portugal recebeu o nome de "O Sargento Negro".

 

Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo III

 

 

 

 

Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo III

por josé simões, em 18.02.20

 

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No dia seguinte nenhuma televisão se lembrou de convidar o Marega para dizer o que lhe ia na alma. Nem uma. A TVI, que se prepara para ser comprada pela Cofina, a do Correio da Manha [sem til], jornal e televisão, que promovem o Ventura e o Chaga [não é gralha] nas primeiras páginas, nos telejornais e nos programas do pontapé-na-bola, convidou o Ventas para uma peixarada de gritaria onde, em contínuo e em crescendo, gritou mais alto que Miguel Sousa Tavares, a quem coube o papel de idiota útil para o aprendiz de feiticeiro passar a sua mensagem racista e xenófoba. "Não sou racista, tanto aperto a mão a um branco como o pescoço a um preto, ou a um cigano".

 

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Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo II

 

 

 

 

Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo II

por josé simões, em 17.02.20

 

 

 

Uma vez num Vitória de Setúbal vs. FC Porto tive como companhia de bancada um grupo de trogloditas que passou o jogo todo para o Quaresma "Só cheiras a fumo!", "Vai vender cuecas para a feira!" e "Está aqui um sapo! está aqui um sapo!". Se o Quaresma tem saído a meio da partida se calhar já se tinha falado há mais tempo em "racismo no futebol". Ou o Nelson Semedo, tinha ganho a Medalha de Ouro que o Record atribuiu ao Marega "Um dia, por cá, alguém teria de dizer basta. Calhou ao avançado do FC Porto que, depois de marcar o golo que valeu importante vitória em Guimarães, foi à sua vida por estar farto de ouvir parvos", assim só ganhou a Medalha de Prata "O cliente tem sempre razão. Se ainda não conhecia este clássico, o lateral do Benfica ficou ontem a saber que a única interação possível com o público é o agradecimento de aplausos. Haja respeito". Há pretos e pretos e há pretos mais pretos que os pretos. Ou o Renato Sanches, o desgraçado mais massacrado dos relvados portugueses nas últimas épocas, com impropérios e urros vindos das bancadas "uh! uh! uh!", "macaco! macaco!", complementado com a maior campanha orquestrada de linchamento no Twitter e Facebook, a cargo daqueles que agora terminam a indignação com #JeSuisMarega. Antes tínhamos tido, e bem, a polémica com a simbologia usada pelos No Name Boys, a typho e o logo NN, agora temos uns White Angels, depois do Anjo Branco na história recente da Europa, enfeitados nas bancadas com cruzes celtas e a bandeira confederada, e toda a gente acha isso normal. Depois aparece o inefável Marcelo, comentador bué preocupado com o racismo no futebol, depois do Marcelo, Presidente, não ter visto necessidade de tomar posição no "vai mas é para a tua terra!" do Ventura à Joacine. O Marcelo, que não consegue, ou não quer, dar a volta ao livro de História do salazarismo e vai de fazer discursos de envergonha a Pátria em  2017 em Gorée e em 2020 em Goa. E não é só o racismo, é o ódio generalizado e institucionalizado. Os acéfalos trogloditas transportados pela polícia nas caixas de segurança, pagas com o dinheiro do contribuinte, a insultarem tudo e todos a caminho do estádio, o "SLB, filhos da puta, SLB" entoado no estádio perante o silêncio cúmplice do presidente e demais entidades oficiais nos camarotes, o silvo do very ligth a ser disparado no estádio à cara dos adeptos adversários em dia de derby. Está tudo bem, a polícia anda à cata dos atrasados mentais que massacraram o Marega, o Ministério Público vai abrir um inquérito - ler "Arquive-se!", o pagode indigna-se muito nas "redes sociais", vamos andar uma semana nisto, vá duas. Com quem a que a gente joga no próximo domingo? 

 

Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo I

 

 

 

 

Racismo no cu dos outros para mim é refresco

por josé simões, em 16.02.20

 

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"Isso não faz sentido nenhum. O meu apelido é macaco! O macaco sou eu!"

 

"Já passei por vários campeonatos, como jogador e treinador e, sinceramente, no nosso país, não vejo que haja racismo ou insultos a jogadores de outras nacionalidades. Não acho nada disso, sinceramente. Controlo o que se passa em campo com a minha equipa, fora não posso controlar, mas não acredito que exista"

 

 

"O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) condenou o Rio Ave ao pagamento de 536 euros de multa pelos cânticos racistas proferidos pelos seus adeptos contra Renato Sanches"

 

 

"A Federação Portuguesa de Futebol manifesta a sua solidariedade com o atleta Moussa Marega. Enquanto presidente da FPF, asseguro que tudo continuarei a fazer para que os adeptos que não respeitam o futebol fiquem definitivamente à porta dos estádios. Este é um combate urgente de toda a sociedade"

 

 

[Imagem "Segregated water fountains, North Carolina,1950" by Elliott Erwitt]