"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Carlos Moedas [futuro mordomo da Troika em Portugal] não tem dúvidas de que notas voltarão a subir quando mercados perceberem que PSD vai cumprir as metas de défice"
"Depois da Standard & Poor’s e da Fitch, foi a vez de a Moody’s atribuir uma classificação de investimento à dívida nacional. Subiu em um nível a notação do país, o suficiente para que o rating da dívida portuguesa abandonasse a categoria de “lixo” financeiro naquela que é a mais maldisposta das agências."
É o que falta na operação de desmantelamento e saque dos sistemas de segurança e protecção social na Europa do Estado social: entregar à especulação dos seguros e dos fundos privados as reformas e as pensões de milhões de europeus.
Foi por isso que nós votámos contra, na generalidade, e nos vamos abster, na especialidade, por ser "mais realizável". Uma coisa e o seu contrário no mesmo dia, na mesma ocasião e até na mesma frase são pormenores e a coerência é mesmo essa já que o sentido de responsabilidade fica para melhor ocasião. "Social-democracia, sempre!".
O tempo corre contra Passos Coelho. Passos Coelho corre contra o tempo. O tempo corre mais rápido que Passos Coelho. O tempo está a esgotar-se para Passos Coelho. O tempo de Passos Coelho não é o tempo do partido de Passos Coelho. O partido de Passos Coelho começa a ficar sem tempo. Passos Coelho não tem a noção do tempo.
A Moody’s [e a Pobres & Estandardizados e a Fitch também] que tem quota-parte na ascenção do Podemos do aprendiz de Hugo Chavés, Pablo Iglesias, entretida que andou a baixar ratings a torto e a direito, movida pelo bom princípio da especulação financeira e da economia de casino é a mesma Moody’s que «no sube el rating de España por el temor al 'efecto antisistema' de Podemos».
Pior do que o poder político submetido ao poder económico é a democracia a funcionar por instinto contra o poder económico, por reacção à submissão do poder político, e a implodir.
Dizem que as agências de notação financeira servem para classificar os riscos de crédito, aconselhar os investidores para as possibilidades de as empresas e/ ou países não pagarem as suas dívidas dentro dos prazos estabelecidos. E aconselham. Depois dos riscos de incumprimento serem anunciados pelos próprios países e/ou empresas, depois de auditados por entidades independentes das empresas de rating, na maioria das vezes entidades dos próprios países. Chover no molhado. Podiam perguntar a qualquer aluno do 1.º ciclo que a resposta era exactamente igual à dos sábios das agências.
E nunca há um, um só, jornalista capaz de confrontar na cara as declarações sobre a agricultura e as pescas de Cavaco Silva Presidente com as políticas seguidas nessas áreas por Cavaco Silva primeiro-ministro; e nunca há um, um só, jornalista capaz de confrontar na cara as declarações sobre os mercados de Cavaco Silva Presidente em final de mandato, com as declarações de Cavaco Silva em início de mandato sobre as agências de rating.
O respeitinho é muito bonito. 48 anos de fascismo fizeram mossa. Muita mossa.
Ontem havia sido Morais Sarmento na SIC Notícias e Faria de Oliveira à Lusa, hoje Mira Amaral e Luís Montenegro, e até ao final do dia muitos mais se seguirão. A Direita portuguesa acordou da sesta. Como no filme de Marco Brambilla com Silvestre Stallone, Wesley Snipes e Sandra Bullock, estavam conservados em criogénio, programados para abrir os olhos hoje.