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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Qual foi a parte que a gente não percebeu?

por josé simões, em 28.12.19

 

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Desviam o curso natural de um rio, Mondego, com um sistema de diques para se poder urbanizar como se não houvesse amanhã e passar da centenária cultura do arroz para a mais lucrativa e empregadora de mão-de-obra do milho, depois do pinheiro pelo eucalipto na mesma região. Com as primeiras chuvas a sério o dique colapsa e o rio faz o que sempre fez e que até era ensinado nas escolas: alagar tudo à volta com a nobre função de fertilizar os campos, mas culpa do prejuízo é de uma barragem que não foi construída, ou melhor, é de um Governo que não autorizou a construção da mesma. Qual foi a parte que a gente não percebeu?

 

[A imagem é de Nelson Garrido para o Publico]

 

Na sua prestação circense o ministro contorcionista não se lembrou de dizer que o Montijo é que é bom sítio para deslocalizar os habitantes do Mondego.

 

 

 

 

O contorcionista

por josé simões, em 27.12.19

 

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"O ministro do Ambiente e da Transição Energética garantiu hoje que a base aérea do Montijo é segura para ser transformada no novo aeroporto complementar de Lisboa."

 

O ministro do Ambiente apontou que o futuro aeroporto da região de Lisboa não está sujeito a inundações por estar mais afastado do litoral.

 

 

"O ministro do Ambiente e da Transição Energética sugeriu no início desta semana que algumas aldeias do Baixo Mondego podem vir a ter de ser deslocalizadas no futuro devido às cheias que atingem periodicamente aquela região."

 

Ministro do Ambiente sobre deslocalização de populações: “Não faz sentido ser tabu e não ser discutida em democracia por todos”

 

 

 

 

Uma casa na praia

por josé simões, em 23.12.19

 

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Nos idos dos fundos comunitários de Cavaco Silva primeiro-ministro toda a clientela política melhorou a qualidade de vida, sua e dos descendentes, enquanto os espanhóis construíam transvases, por exemplo. Agora, depois de um período de seca, vão toneladas de decalitros de água para o oceano. E agora é igual ao litro. Ou a chorar no molhado. Ou a quanto mais choras menos mijas. E a haver transvases construídos toda esta águinha podia ser aproveitada para regar campos de golfe no Algarve, incluindo aquele que foi aprovado com o silêncio da nulidade política que ocupa o cargo de ministro do Ambiente, e que dá pelo nome de Matos Fernandes.

Por outro lado houve um tempo em que se aprendia na escola a lezíria ribatejana que no inverno ensopava de Tejo a servir de fertilizante para as culturas. E o Mondego dos arrozais, que está agora alagado com as cheias. Do que é que as pessoas que ficaram com a casa de molho se queixam concretamente?

E que o nome dos sítios e das localidades não era assim porque sim, mas porque havia uma razão para tal, uma razão que se perdia nos tempos e na experiência de gerações e gerações que ali tinha vivido antes de nós. Por exemplo, o Rio da Figueira e a Ribeira do Livramento, em Setúbal, com o rio e a ribeira hoje tapados por alcatrão e casas à volta. Também se queixam muito da água quando chove. Ambos, os clientes políticos do PSD de Cavaco Silva e os residentes nas zonas a que não ligam a ponta de um corno ao nome nem às regras da natureza e insistem em eleger executivos camarários que urbanizam por cima de toda a folha, caduca e persistente, têm  agora casas na praia, os primeiros, os de Cavaco, com campo de golfe também. Do que é que se queixam concretamente?

 

[Imagem]