"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
[*] Fingem sim, porque o trabalho a que se propuseram – desmantelar o Estado, e em particular o Estado social, em favor de interesses privados – ainda não está concluído.
Numa democracia representativa os cidadãos votam em partidos e elegem deputados que formam grupos parlamentares e maiorias. São esses deputados, eleitos pelos cidadãos em listas partidárias, que depois apresentam propostas de alteração à Constituição, vulgo revisão constitucional, e obrigatoriamente aprovadas por uma maioria de 2/3. Onde é que, neste debate parlamentar, cabem os juristas e os juízes e a sua exclusividade? O ministro da Propaganda a fazer jus ao cargo que ocupa.
O ministro da Propaganda do Governo que, desde o primeiro dia da tomada de posse, adoptou como estratégia deixar cair a conta gotas, cirúrgicas, a informação que mais lhe convém que a comunicação social passe para a opinião pública, como forma de testar a sua aceitação e o seu impacto; o ministro que introduziu o briefing, diário-bi-semanal-semanal-ou-quando-calhar, com a imprensa como forma de passar a informação entre o sector de marketing e comunicação do Governo e as agências contratadas meter a "boa saúde" da coligação a falar a uma só voz, passar a informação do ponto A até ao ponto B, e sem desvios laterais na transmissão da verdade a que temos direito, conseguiu dizer, sem se rir, que "é um acto que configura um atentado a aspectos fundamentais do funcionamento de uma democracia: tentar manipular a comunicação social dessa forma e indirectamente a opinião pública".
Um dia ainda havemos todos de perceber o que é que pode levar a que alguém com um currículo brilhante, um jurista e académico de méritos reconhecidos, nacional e internacionalmente, a trocar a segurança de uma vida académica de sucesso no estrangeiro pelo cargo de secretário de Estado num Governo zombie e de medíocres. Só pela vaidade de ostentar mais um "título" no currículo? Não me parece…