"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quatro anos depois e depois de quatro anos de Luís Montenegro e Adão Silva pelo PSD, Nuno Magalhães e Telmo Correia pelo CDS, à vez, em simultâneo ou revezando-se no papel de auxiliares de cena, vulgo "ponto", [no teatro escondido dentro de uma caixa na boca do palco], nos debates quinzenais na Assembleia da República a soprarem as falas ao Governo ou a plantarem dicas e deixas, disfarçadas de perguntas, para o Governo pegar e, pornograficamente, desenvolver acções de propaganda em directo, ao vivo e a cores, em encenações Bollywood num país imaginário, vem o líder da bancada do 4.º partido com assento parlamentar, a reboque do encontro com um ministro do frete a recibo verde, esbracejar o espantalho dos regimes totalitários por as bancadas à esquerda no parlamento não embarcarem na repetição da palhaçada. É preciso ter lata...
Mais de um milhão de desempregados e umas centenas de milhar de emigrantes depois, o Governo Cavaco Silva/ Passos Coelho/ Paulo Portas vem dizer que respeita "muito" quem está a trabalhar.
Já está tudo arranjado explicado, Pedro Passos Coelho desmentiu o Público porque Miguel Relvas não passou cartucho, não ligou a ponta de um chavelho, ao correio electrónico enviado por Jorge Silva Carvalho para o gabinete do ministro da Propaganda. E é por isso que, genuinamente, não se recorda. Então não é que um qualquer maluco, ou nem por isso, se lembrava de tramar um qualquer ministro e, vai daí, enviava um e-mail, e depois o ministro tinha de se demitir. Tão simples quanto isso. O ministro não cai nessas esparrelas, que já têm barbas [as esparrelas], ao contrário do Ministério Público que, no fim das contas feitas, ainda vai ficar mal na fotografia.
"Then who the hell else are you talkin' to? You talkin' to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to?"