Novilíngua
Novilíngua:
Doses maciças de propaganda = "Governar com muita intensidade"
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Novilíngua:
Doses maciças de propaganda = "Governar com muita intensidade"
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Primeiro vem um ministro esclarecer, desvalorizando a "inverdade" com uma mentira. Quase sempre o ministro câmara de eco, Luís Marques Guedes, quando as notícias são péssimas, sempre o vice-primeiro-ministro botões de punho-pepsodent, Paulo Portas, quando a mentira tem uma base de verdade. Depois, quando a verdade vem à tona, já é tarde demais porque, o esclarecimento, da "inverdade" com a mentira ou da mentira com uma base de verdade, já passou em todas as rádios e em todas as televisões a todas as horas certas em todos os telejornais e em todos os blocos noticiosos e há sempre as alminhas de boa-fé que ouviram a verdade a que temos direito mas que já não ouvem a verdade ela própria porque nem sequer passa na comunicação social, ela própria câmara de eco do ministro câmara de eco.
[Imagem de Chris Goennawein]
O roubo de 5% e 6%, respectivamente, aos subsídios de doença e de desemprego, não é roubo é "contribuição". O aumento de impostos aos funcionários públicos, por via dos descontos para a ADSE, como forma de compensar o chumbo do Tribunal Constitucional aos cortes nas pensões, não é aumento de impostos é "contribuição". O esbulho aos pensiomistas da Caixa Geral de Aposentações não é esbulho é "Contribuição Extraordinária de Solidariedade", e o esbulho generalizado não é esbulho generalizado é "alargamento da base de incidência".
Isto no país em que o trabalhador não é trabalhador mas colaborador, não vende a sua força de trabalho ao patrão, colabora com o empresário. Colaborar é as tarefas divididas lá em casa entre o casal, e os filhos se ou houver, por exemplo.
Contribuição de solidariedade é quando os meninos vestidos de parvos, vulgo escuteiros, andam na rua com as caixinhas a catar moedas para a Liga Portuguesa Contra O Cancro, e o povo dá porque lhe apetece dar e porque sim, também por exemplo.
A novilíngua vai de vento em popa. O mexilhão, além de se lixar como diz o provérbio, ainda leva com a novilíngua pela proa. E a passividade com que tudo isto é aceite é resumida na perfeição pelo corrector do Word quando quer alterar novilíngua por novilhada.
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