"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Luís Montenegro mentiu, Paulo Rangel mentiu, Carlos Moedas mentiu, como antes tinha mentido a ministra da Saúde, e como antes tinha mentido o ministro da Educação. Isto não é um Governo, isto não é um presidente de câmara, isto não é um partido, isto é um episódio do Pinóquio.
Em apenas 24 horas a lista dos doentes oncológicos a aguardar por cirurgia fora dos tempos máximos de resposta garantidos baixou de 9 000 para 2 300. Deve ser isto a que Leitão Amaro chama "governar com muita intensidade", o que nos tempos da "pós-verdade", assente nos pés-de-microfone dos media obedientes à agenda, não deixa de ser um feito assinalável.
[Imagem "Federico Fellini on the set of Satyricon" phorographed by Mary Ellen Mark, 1969]
"blah blah blah... aaa... blah blah blah... aaa... blah blah blah... aaa...", nunca tínhamos visto a dona Marta Temido tão temida e enrolada no próprio discurso. António Costa, chegado há bocado de Neptuno, e que não é primeiro-ministro há quase cinco anos nem pouco mais ao menos, reconheceu que "há um problema no Serviço Nacional de Saúde". É um bom começo de conserva, perdão, conversa, conserva, or ever, para a "comissão de acompanhamento" que o Governo vai nomear, e que, na velhilíngua, significa que o Governo se está a borrifar para o assunto e vai deixar empastelar a coisa durante uns meses, até o pico das festas com feriados e as férias de verão passarem. Na melhor das hipóteses uns anos até se voltar a falar nisto outra vez. A dona Marta Temido diz que o Governo, que não abre a mão do dinheiro dos contribuintes para pagar decentemente aos profissionais de saúde, está disponível para estudar acordos com privados. Foi você que pediu uma maioria absoluta e um Orçamento de Estado mais à esquerda desde que existe Orçamento de Estado e esquerda?
Marta Temido, de ministra a remodelar [Schnell! Schnell!] a candidata à sucessão de António Costa na liderança do PS. A qualidade dos nossos analisadores comentadeiros televisivos é qualquer coisa.
Eu, que numa empresa privada e derivado à Covid-19, me vi na situação de em três dias, com jornadas de trabalho de 16 horas com meia de intervalo para comer qualquer coisa, ter de mudar de raiz programações para três meses, planeadas com um mês de antecedência, e que no dia em que as tinha prontas já estavam desactualizadas, não consigo sequer imaginar o que é ser ministra ou directora-geral da Saúde numa situação de pandemia nunca por ninguém vivida nos últimos 100 anos. Nem pretensões para opinar o que quer que seja. Respeito.
Sai muito mais barato perguntar ao dador a sua orientação sexual (e esperar que não minta) do que fazer a análise clínica. Isto, claro, partindo do princípio que a SIDA é uma doença de grupo e não um comportamento de risco.
No Glam Rock, o não saber tocar era compensado pelo espalhafato visual em cima do palco. O CDS de Paulo Portas caminha a passos largos para ser o primeiro partido Glam na cena política portuguesa.