"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ativistas ambientais e agentes da Polícia durante a manifestação pelo fim ao fóssil, para reivindicar o fim do fóssil até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que este é o último inverno em que o gás fóssil é utilizado em Portugal, frente ao Ministério do Ambiente, em Lisboa, 24 de Novembro de 2023. Manuel de Almeida/ Lusa
Andámos durante os quase 5 anos de Governo da direita radical a gramar com os administradores PSD e CDS nomeados para tudo o que fosse empresa pública, Águas de Portugal por exemplo, sem que nunca ninguém tivesse compreendido quais os critérios subjacentes às nomeações, que não os do mestrado e doutoramento na Universidade do Cartão do Partido, para agora "o cartão de militante do PS [voltar] a ser um trunfo profissional". "A nossa universidade é melhor, mais séria e competente do que a vossa", deve ser o lema. As "propinas" são pagas pelo suspeito do costume, o contribuinte.
Eu era capaz de jurar que quando o CDS, perdão Paulo Portas, nomeou Assunção Cristas para ministra da Agricultura e do Mar e do Ambiente e do Ordenamento do Território [acho que não me esqueci de nada] e que, por sua vez, nomeou um dos elementos da comissão de honra da sua candidatura pelo distrito de Leiria, perdão, nomeou o dô-tôr [deve ser dô-tôr porque no CDS é tudo dô-tôres] John Michael Antunes para presidir à administração da Parque Expo, a ideia era acabar com mais uma "gordura do Estado", com o "sorvedouro de dinheiros públicos" e com o "despesismo socialista" em menos de um fósforo e não que, passados 3 – três – 3 anos, não só a gordura continue a gordurar como o "despesismo socialista" tenha aumentado 2, 75% num ano e que seja necessário ao Estado, que é uma forma simpática de dizer o dinheiro do contribuinte, proceder a uma injecção de 152 milhões de euros e de vender activos ao preço da uva mijona.
Como diria o vice-trampolineiro Paulo Portas, responsável-mor por estas nomeações, "o socialista é muito bom a gastar o dinheiro dos outros mas quando acaba o dinheiro chamam-nos a nosotros y a vosotros para compor as coisas"
Quando as "preocupações" ambientais do Governo de direita passam por desinvestir nas energias alternativas para taxar o consumidor, já que o contribuinte atingiu o limite de taxas por habitante. Um ambiente verde, da cor do dinheiro.
Um burro carregado de gravatas é um dôtor. É a gravata pescadinha-de-rabo-na-boca, que se usa à roda do pescoço para se ter valor e que implica automaticamente ter valor só por se usar à roda do pescoço uma gravata. Por decreto. O decreto do faz-de-conta que se é importante e capaz e responsável, e que já está em vigor desde os idos em que o velho de Santa Comba Dão mandava os ministros faz-de-conta comprar um chapéu para cobrir as cabeças que faz-de-conta que pensavam.
Há mais vida para além da gravata? Há. No reino do faz-de-conta vigora o decreto do tratamento por dôtor. Mesmo para aqueles que só o são porque usam gravata não o são mas usam gravata. Por decreto.
Até se me deu um nó na garganta e um aperto no coração ao ver buldozers e caterpillars em acção de destruição a um ícone da escultura moderna portuguesa, com o beneplácito, e debaixo do olhar, de um homeless da política nacional que empreendeu que é ministro do Ambiente.
E uma vez que parece que definitivamente entrámos no reino do surreal, com o enriquecimento ilícito a passar a injustificado e a ser taxado em 60% pelo fisco; com o regresso das malas do dinheiro aos partidos porque coitadinho do PCP e da Festa do Avante!; porque não a proposta de Lei contemplar um artigo, e respectivas alíneas, onde ao infractor seja dada a possibilidade de pagar uma coima substancialmente menor que as actualmente estabelecidas se, por sua livre iniciativa, fizer um donativo para um partido com assento parlamentar?