"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O nome de Leonor Beleza é chutado para cima da mesa das presidenciais e ninguém se lembrou de ir ouvir a Associação Portuguesa dos Hemofílicos. Como dizia o outro, "há muita fraca memória na política".
O ministério das polícias é assaltado e o segurança, de uma empresa privada, não dá por nada. O ministério das polícias tem segurança privada. E tudo isto é normal porque, como dizia o outro, "há Estado a mais na vida das pessoas" e se calhar também dentro do Estado, e outro, amigo dele, remata "o liberalismo faz falta".
Pior que Marques Mendes ser aventado para candidato a Presidente da República é Marques Mendes ele próprio se achar candidato a Presidente.
Onde é que pára o PS de esquerda que levou os anos da troika, que foram os anos do "poucochinho" Tó Zé Seguro, um quase cúmplice, a gritar que a austeridade estava a matar a Europa e a aprofundar o fosso, não só entre o norte e o sul, mas entre os mais ricos e os mais pobres dentro de cada país, enquanto fomentava o racismo e a xenofobia e era a responsável pelo ressurgimento dos fascismos no continente depois da II Guerra?
"Orçamento do Estado só deverá prever um aumento de um por cento para a Administração Interna. Cabrita exige 5% para fazer face às reivindicações sindicais e esvaziar o Movimento Zero."
E depois pedem aos putos que estudem para serem alguém na vida quando é muito mais fácil saltitar de lugar em lugar com a bênção do "arco da governação".
Nas democracias os cidadãos deviam ter o direito de saber qual/ quais os critérios subjacentes à a atribuição do cargo de ministro, e respectivo ministério, a determinada pessoa.
Gastamos 500 milhões de euros, do dinheiro que não há para nada, numa rede de emergência e segurança em parceria público-privada com um bando de gangsters - SLN/ BPN, PT, BES, e que mesmo antes de falhar já não merecia a confiança da Polícia Judiciária, e que depois de falhar em toda a linha, na maior tragédia de que há memória na história recente do país, se audita a si própria com nota máxima e resultados de "Excelente", recebe duas antenas novas, como consignado nos contratos de todas as PPP onde o Estado arca com o prejuízo e o privado com o lucro, aponta o dedo ao marido da culpa nesta história - a Protecção Civil, que desconfia, como todos os portugueses sem ligação ao bando de gangsters que ficou com o dinheiro dos nossos impostos que não há para nada, de que em situações mais complexas o sistema torne a falhar com resultados ainda mais catastróficos Andam a gozar com o pagode?
Centenas e centenas de técnicos e de especialistas da era do email colocados a eito em tudo o que é ministério e secretaria de Estado e direcção-geral para falharem na coisa mais básica, a necessidade de colocar, logo a seguir à morada e à cidade, o país de destino num envelope de correio. Além do currículo que ganharam em quatro anos de maioria de direita [no cadastro vai sempre constar a "experiência adquirida", na prática são outros 500, que a incompetência é mais que muita], ganharam outra coisa: cultura geral. O contribuinte é generoso.
«MAI contrata seguranças privados para guardarem polícias», podia ser um sketch de mais um episódio de humor básico-manhoso dos Malucos do Riso mas não, é só mais uma etapa do percurso, iniciado em 2011 pelos Amigos do Pote, no assalto ao Estado e no saque ao dinheiro dos contribuintes.
«Ministério das Finanças autorizou despesa superior a 3,3 milhões de euros». Cortar nas gorduras do Estado e fazer mais com menos foram, em 2011, recuperadas outra vez para 2105, as bandeiras do PSD e do CDS, traduzidas em cortes no subsídio de desemprego – no valor e na duração temporal, cortes no Rendimento Social de Inserção, cortes no Complemento Solidário Para Idosos, cortes na saúde e na educação, aumento de taxas e de impostos. Não há dinheiro para nada, a menos que seja para negociatas com clientela político-partidária vária, sempre à sombra do guarda-sol do Estado. “Há que aliviar o peso do Estado da economia”, eis outro mito urbano jamais saído da boca de Pedro Passos Coelho.
Esta direita que nos governa, despreza – por maltratar e malbaratar, o dinheiro do contribuinte em seu proveito, não zela pelo interesse do Estado. E merece ser punida por isso.
"[...] tendo em conta a especial responsabilidade que recai sobre um ministro como o da Administração Interna, e a necessidade de manter uma inquestionável autoridade política no exercício dessas funções [...]" que não é a mesma especial responsabilidade que recai sobre um ministro como o da Justiça, por exemplo, ministério onde não há a necessidade de manter uma inquestionável autoridade política no exercício de funções, para já não falar do ministério dos Negócios Estrangeiros, o tal, o da "nossa imagem no estrangeiro". Vai acabar, mais cedo ou mais tarde, ministro. À frente de um ministério com "especial responsabilidade" a necessitar de "inquestionável autoridade política".
Há esquadras de polícia a meter água pelo telhado e pelas paredes; há esquadras de polícia forradas a amianto; há esquadras de polícia sem camaratas, onde os polícias de turno dormem no chão em cima de papelões e dentro de sacos cama trazidos de casa; há esquadras de polícia onde o papel higiénico é trazido de casa pelos polícias; há esquadras de polícia onde as patrulhas automóvel não se efectuam por falta de verba para pagar o arranjo e manutenção das viaturas na oficina; há esquadras de polícia onde as patrulhas automóvel não se efectuam por falta de verba para o gasóleo e gasolina; há esquadras de polícia onde só uma das várias viaturas ao dispor é usada, por falta da verba para a oficina e gasóleo; há esquadras de polícia onde por falta de verba para gasolina os polícias se deslocam a pé para entregar contra-ordenações e restante expediente. Tudo disponível online para consulta, até o ministro pedir ao Tribunal Europeu que ordene a retirada dos links.
E ainda há os salários miseráveis dos polícias, o fardamento pago do seu bolso, a carga horária, as progressões na carreira, o armamento obsoleto e a falta de treino e preparação, também online para consulta via Google.
Como diria o vice-trampolineiro Paulo Portas, "o socialista é muito bom a gastar o dinheiro dos outros mas quando acaba o dinheiro chamam-nos a nosotros y a vosotros para compor as coisas"
E não só somos bons, muito bons, como também somos a verdadeira terra das oportunidades, a terra do leite e do mel, como dizem os amaricanos nos filmes. Um país para novos [de acabadinhos de chegar ao mercado, subentenda-se], criar empresas de véspera para no dia seguinte começar a facturar, contra os interesses dos instalados na praça. Venha de lá o investimento estrangeiro. Somos bons, muito, bons, somos fantabulásticos, e até damos dó-tôres à Goldman coise:
Chefe de gabinete do MAI demite-se após ajuste directo a empresa sua
«Além de Rita Abreu Lima, a POP Saúde tem como sócio Miguel Soares Oliveira, ex-presidente do conselho directivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), e foi criada poucos dias antes do ajuste directo da ARS LVT. Soares de Oliveira é marido de Rita Abreu Lima e gerente da sociedade.»
E vai deixar de andar de Correio da Manha [sem til] debaixo do braço e de fazer visitas à baixa de Setúbal a propósito de problemas no Bairro da Bela Vista na alta. Um valentão.
Assim como a seguir à revolução de Abril de 74 proliferavam os partidos com "m-l" e "r" [de Reconstruído] em letras miudinhas a seguir à sigla, temos agora o CDS-PP [ex]. De "já foi", não de abreviatura de exemplo.
Reza a história que nos idos de François 'Papa Doc' Duvalier no Haiti a Milice de Volontaires de la Sécurité Nationale só recebia uma farda e uma arma, mais nada, nem salário, o resto era por conta deles.
E era nestas alturas que Paulo Portas ia buscar mais um adereço, da sua infindável colecção de chapéus, e aparecia pela manhã, na baixa não nos bairros "problemáticos", com o Correio da Manha [sem til] debaixo do braço a clamar contra o encerramento das esquadras de polícia e a desafiar o Governo a mostrar os dados sobre a criminalidade, e à tarde a reunir com os sindicatos de polícia, preocupado com as condições de trabalho e com a dignidade das forças de segurança.