"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ver na televisão do militante n.º 1, SIC Notícias, aquele que em tempos chegou a ser considerado o ideólogo da nova direita, o que quer que essa treta possa significar, conjugar novidade e modernidade com direita, dizer que o ataque das hordas de hooligans alucinados de Bolsonaro à casa da democracia em Brasília era mau para a direita brasileira, que ia afastar irremediavelmente eleitorado, que não ia recuperar tão cedo, uma desgraça. A esperança da direita brasileira personificada num fascista que não tem pejo em elogiar os torturadores da ditadura militar, negacionista da pandemia, homofóbico, misógino, racista, com uma base de apoio de terraplanistas, gente que de Bíblia na mão implora a intervenção de extra-terrestres como forma de salvar o Brasil do comunismo, que reza em círculo virada para um pneu que arde no meio, pessoas que foram esquecidas por Deus quando distribuiu a inteligência pela humanidade, seguidores e crentes acéfalos das redes WhatsApp e Telegram propagadoras de fake news e teorias da conspiração a cargo dos filhos do capitão. A nova direita portuguesa e a esperança da direita brasileira é o vale tudo Bolsonaro por ter Paulo Guedes na Economia, aquele que se propunha levar a cabo no Brasil as "reformas" que Pinochet fez no Chile, os fins justificam os meios. Infelizmente isto é para levar a sério.
Miguel Relvas, da velha liderança do ar pesado e bafiento, sai a terreiro logo no day after a pedir nova liderança e ar fresco para o partido. Podia ser um piada do Imprensa Falsa mas não é. Isto foi de manhã, que à hora do jantar, Miguel Morgado, do mesma agremiação de Miguel Relvas, do circo de sombras por detrás de Passos Coelho, apareceu na televisão do militante n.º 1 aka SIC Notícias a pedir ar fresco e nova liderança para o partido, que ele vai fazer a parte que lhe compete, não sabe nem deixa de saber se é candidato, vai apresentar uma moção e coise, ele que até já meteu mãos à obra e inventou o "cinco para as sete" que só não congrega a direita toda porque o André Ventura se recusou a participar e isso é lá com ele. Não foi ele, Miguel Morgado, quem espantou o fascista Ventura, foi o fascista Ventura que não quis nada com ele. Temos [têm] pena. O André Ventura, esse mesmo, que à noitinha no Prós e Contras na televisão pública teve exactamente o mesmo discurso que o senhor novel deputado eleito pelo Iniciativa Liberal, corrupção, compadrio, sector privado, blah-blah-blah, direito de escolher a escola, saúde privada para todos e que quando Mariana Mortágua falou em "fraude liberal", do Estado a pagar a privados, provocou a mesma reacção nos três, que o João Almeida do CDS também lá estava. E novidades?
Um regime cujo sistema de saúde cuida e trata até à idade adulta de alguém cujo objectivo último na vida é desmontar o sistema por que foi cuidado e tratado e distribui-lo por aqueles prosperam à sua sombra enquanto clamam contra o regime que proporcionou tal sistema de saúde só pode ser um "regime podre".
Um regime cujo sistema de educação atribui competências e forma até à idade adulta, e até ao fim da vida se preciso for, alguém cujo objectivo último na vida é desmontar o sistema pelo qual foi formado e distribui-lo por aqueles que prosperam à sua sombra enquanto clamam contra o regime que proporcionou tal sistema de educação só pode ser um "regime podre".
Um regime que dá emprego, paga salário, e permite qualidade de vida acima da média, a alguém cujo objectivo último na vida é desmontar o sistema que lhe dá emprego e dinheiro para pagar as contas no final do mês, e distribui-lo por aqueles prosperam à sua sombra enquanto clamam contra o regime que proporcionou tal sistema de emprego e de remuneração só pode ser um "regime podre".
Tem razão Miguel Morgado, um regime que cria Miguéis Morgados, derivados, e ilhas adjacentes, só pode ser um "regime podre".
Ideólogo de Pedro Passos Coelho no Governo da troika do viver acima das possibilidades, da austeridade regeneradora e purificadora, da teoria económica que só funciona em ditadura ou com governos autoritários:
Miguel Morgado, apologista de teoria económica que só funciona em ditadura, vê a sua entrevista ao Público elogiada no Jornal de Noticias na coluna de opinião semanal do fascista, e assumidamente salazarista, João Gonçalves, mais conhecido por "A Arrastadeira do Relvas". É o novo PSD que, sem coragem para se organizar politicamente de raiz e apresentar-se a votos dizendo ao que ia, escondido na mentira tomou o partido por dentro com Passos Coelho como testa de ferro.
Ver Miguel Morgado, um dos ideólogos do "social-democrata, sempre!" Pedro Passos Coelho, no debate parlamentar ao Orçamento do Estado para 2016, "muito bem! muito bem!", sentado ao lado de Marco António, de Gaia, diz muito da espinha dorsal dos nossos liberais de pacotilha.