"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Independentemente da baralhação, involuntária ou propositada, do médico que diz que nem por 500 €/ hora trabalhava na noite de Natal, da ministra que revela que não se consegue resolver o problema da falta de médicos por alturas das Festas quando são pedidos 500/ € hora, e do jornalista que publica que o Estado paga 500 €/ hora aos médicos, o que a senhora ministra devia explicar é a razão ou as razões para as contratações de médicos serem no valor de 39 €/ hora a entregar a uma empresa de trabalho temporário que fica com a parte de leão, sem se chatear nada nem sequer ter passado seis anos a estudar medicina, e não o hospital a contratar o médico directamente por esse valor. Entre este procedimento e os procedimentos nos idos do Governo da direita radical não há aqui grande diferença.
Como é por todos sabido um verdadeiro católico, temente a Deus, crente em Nosso Senhor Jesus Cristo e obediente ao Santo Padre e à Santa Madre Igreja, só "lá vai" para fazer filhos.
O que os meritíssimos juízes do Supremo Tribunal Administrativo nos estão a dizer é que 50 anos e já passou o prazo, fechou a fábrica. Temos pena. E temos Fátima todos os anos duas vezes por ano, e o casal debaixo dos lençóis, e o pudor de ver o cônjuge nu, e o prazer vedado à mulher, e o prazer é fora de casa. Mantêm-te no teu lugar. Cala-te!
Pare os meritíssimos juízes do Supremo Tribunal Administrativo o poema do “Truca-Truca” que Natália Correia dedicou em 1982 ao deputado do CDS, João Morgado, durante o primeiro debate parlamentar sobre a interrupção voluntária da gravidez após ter afirmado que "o acto sexual é para fazer filhos".
Já que o coito – diz Morgado – tem como fim cristalino, preciso e imaculado fazer menina ou menino; e cada vez que o varão sexual petisco manduca, temos na procriação prova de que houve truca-truca. Sendo pai só de um rebento, lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou – parca ração! - uma vez. E se a função faz o órgão – diz o ditado – consumada essa excepção, ficou capado o Morgado.
A seguir vai vir um Mira Amaral qualquer, representante de alguém com muito muito muito muito muito dinheiro para investir, e que vai fazer um favor ao Governo por ficar com um edifício velho mesmo no coração de Lisboa, abaixo do preço de mercado e como tal merecedor de uns incentivos quaisquer, acondicionados numa rubrica do Orçamento do Estado, ou a coberto de um fundo qualquer consignado e consagrado no QREN. New lyrics old songs.