Nascer para sofrer
A verdade é que aqueles que sobreviveram ao terramoto em Marrocos e às cheias bíblicas na Líbia mais cedo ou mais tarde vão acabar por morrer no Mediterrâneo na demanda pela promised land na Europa.
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A verdade é que aqueles que sobreviveram ao terramoto em Marrocos e às cheias bíblicas na Líbia mais cedo ou mais tarde vão acabar por morrer no Mediterrâneo na demanda pela promised land na Europa.
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Pelas reportagens das televisões vemos as pessoas nas ruas de Marrocos no meio da aflição, da dor, do desespero, com Insha'Allah na boca e não com o Allahu Akbar que se ouve noutras partes. Isto vale o que vale mas vale muito.
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A Morocco team supporter watches the World Cup group F soccer match between Morocco and Croatia, at the Al Bayt Stadium in Al Khor, Qatar, Wednesday, Nov. 23, 2022. AP Photo/ Thanassis Stavrakis
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O islamofascismo do Hamas precisa de Netanyahu assim como o fascista Netanyahu precisa do Hamas.
Maomé VI, Marrocos, precisa de Espanha, da União Europeia, assim como Pedro Sánchez, a Espanha, a União Europeia precisam de Marrocos.
E no meio, o que é que fica?
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Só quem já fez a travessia de barco Ceuta - Algeciras a circular livremente na fila de embarque reservada a cidadãos da União Europeia enquanto vai observando na fila ao lado os marroquinos que são tratados abaixo de cão pela Guardia Civil, encostados à parede, cassetete no pescoço, papéis observados à lupa, inquéritos minuciosos, implicações aleatórias só porque não se gosta da cara, é que percebe.
Só quem já fez de carro Perpignan - Málaga no primeiro dia de Agosto a ultrapassar uma caravana ininterrupta de milhares de carros comprados em 4.ª ou 5.ª mão aos franceses pelos marroquinos em migração de férias, com as viaturas apinhadas de família, mais os móveis e electrodomésticos que se levam para a terra em todo o espaço livre e numa construção em altura a desafiar a lei da gravidade, encimada pelo pneu sobresselente porque até esse espaço é necessário para armazenar os brindes do sucesso do seu trabalho em França que se levam aos parentes, é que percebe.
Só quem já viu as dezenas, arrisco centenas, da migração no primeiro dia de férias dos 40 e poucos graus de Agosto, parados na beira duma estrada espanhola porque o motor dos carros comprados no limite do abate deu o berro, à espera da assistência em viagem que nunca vai chegar porque é um marroquino ou porque o seguro não cobre e mesmo que cubra nunca vai aparecer porque é um marroquino, é que percebe.
Só quem já esteve numa área de serviço da Sierra Nevada numa fila com mais de 50 marroquinos à frente para pagar combustível e, sem dizer nada nem reclamar, vê o espanhol abrir uma caixa registadora, fazer sinal, passar à frente de toda a gente, pagar e a caixa fechar logo de seguida porque é uma caixa especial para europeus, inventou ele naquele momento condoído pela minha espera, é que percebe.
É a diferença entre ser português do sul e marroquino, na hierarquia de entre ser europeu do sul e europeu do norte da Europa, e por muita piada que tenham as piadas do regionalismo-futeboleiro.
Nem é preciso ir a Marrocos para perceber,
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“Uma terra que emana leite e mel”, Êxodo, 3:8, Capítulo I
Mundial 2018: Portugal defronta Espanha, Irão e Marrocos no Grupo B
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E não é nenhum filme pós-apocalipse ou zombie survival ou sequer um 4.º Mad Max. Aqui.
A "terra do leite e do mel", fortaleza, vista da parte de trás do Monte Hacho pelos olhos dos artistas de rua. Clicar na imagem para detalhes.
[Via]
Enquanto o ministro Luís Amado finge andar ocupado com as soluções de governabilidade e com a Junta de Salvação Nacional (quantas vidas humanas vale a dívida pública portuguesa?), enquanto Catherine Ashton anda em parte incerta a fingir que é Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros, do outro lado do estreito de Gibraltar:
"Los desaparecidos de El Aaiún ya están muertos"
"Los activistas relatan "palizas y secuestros" a miles de saharauis"
Evocam-se amanhã os 70 anos do Gueto de Varsóvia e vão aparecer todos em todas as capitais europeias e em Bruxelas, todos muito prenhes de solenidade e todos cheios de memória.
«Nasce a primeira revista homossexual do mundo árabe»
Mithly online
Como no 7º mandamento-adapatado na Manor Farm de George Orwell que estipulava que «Todos os animais são iguais mas alguns são mais que outros», no que concerne ao activismo político também há um mandamento-adaptado no "eixo" Hotel Vitória – Soeiro Pereira Gomes: «Nem todos os activistas são iguais».
(Imagem ‘The Power of Publicity’, 2008, de Zhao Bo)
A semana passada tinha sido o Le Monde, esta semana é o El País:
«Marruecos veta a EL PAÍS por "atentar contra la institución monárquica"»
(A história completa e detalhada em espanhol)