"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Salazar que não se ria e nem consta que alguma vez tenha ido ao circo, também não era muito dado a estas coisas do debate de ideias e do Parlamento. E o palhaço rico disse, com ar sisudo como convém, que votou Salazar nas únicas eleições em que este foi candidato.
Post-Scriprum: Salazar também tinha o estatuto de inimputável e assim morreu sem prestar contas à Justiça e ao povo português.
“a esquerda radical e utópica”. Quem assim fala disse que votou em Salazar como o maior português de sempre, nas únicas eleições ganhas pelo senhor professor de Coimbra, que também era muito “meu Deus!”. Logo deve pertencer à “direita moderada e científica”…
Eu, que definitivamente sou grande nabo, porque casei com uma mulher de “más famílias”, sem dinheiro que se veja nem imóveis aqui e acolá, com um nome curto, e pobre e mal-agradecida que nem sequer o apelido do marido adoptou, quanto mais dois; como ia a dizer, gostava de passar assim a esvoaçar, qual papoila saltitante, sobre os problemas que afectam o comum dos desgraçados mortais; gostava de viver nesta redoma:
“hoje é mais barato dar um salto às Caraíbas ou a uma praia do Nordeste brasileiro e alojar-se num hotel ou num resort TI ( ou seja, com tudo incluído) do que partir com as trouxas às costas para o Algarve e passar as férias em filas de supermercados, em lutas por uma "bica" ou uma bola-de-berlim (quase sempre velha), cozinhar em minicozinhas sem apetrechos e gastar horas a fazer sanduíches para crianças e adolescentes recalcitrantes”
À parte a senhora ter votado em Salazar nos Grandes Portugueses, à parte a senhora ser ou não ser fascista, e à parte também de esta ser a máxima de Salazar, vamos só ao “Deus, Pátria, Família”, na óptica do conceito.
Qual é que é o problema da esquerda com esta trilogia?
Deus: acredita quem quer, cada um tem o seu. Eu, graças a Deus sou agnóstico. Ressalvando os fundamentalismos, nunca veio mal ao mundo por se acreditar em Deus.
Pátria: é aquele pedaço de terra onde nascemos e possivelmente os nossos avós e os avós dos nossos avós; onde aprendemos a dar os primeiros passos e a dizer as primeiras palavras e que nos faz, por exemplo, ficar com pele de galinha quando vemos a selecção de rugby cantar A Portuguesa, ou quando nos salta a tampa com as declarações iberistas de Saramago ou do ministro Mário Lino.
Família: esta é básica e aprende-se na escola. É o núcleo base e central da coesão das estruturas sociais, e antes de o ser, foi ela própria a estrutura que potenciou a evolução do Homem desde os primórdios até à actualidade. Valia-nos uma grande coisa o aumento da massa cerebral e a libertação do polegar se não fossemos um animal social numa estrutura familiar.
Só conheço dois tipos de esquerda com problemas em relação ao “Deus, Pátria, Família”: a esquerda da “Religião é o ópio do povo”e do “Internacionalismo Proletário” e que não era mais que o Neo-Colonialismo e Imperialismo Soviético; o papel da família foi sabiamente (?) ocupado pelo o “Partido é a vanguarda da Classe Operária”. A outra é aquela esquerda que fica um bocadinho mais à esquerda, fora do sistema ou o “destrói o sistema” como gostam de grafitar nas paredes. São os Okupas, os novos Eco Terroristas, os militantes Anti-Globalização e outros libertários; incoerentes com os princípios que defendem: as comunas que habitam as casas ocupadas são o quê, e como se organizam e funcionam, se não como uma família?
Ramalho Eanes, António Guterres ou Cavaco Silva, são algumas de entre várias personalidades insuspeitas de salazarismos, fascismos ou outros ismos, que acreditam em Deus, na Pátria e na Família – a Mário Soares “falta-lhe” Deus para entrar no clube –, e que ocupam ou ocuparam altos cargos na hierarquia do Estado, eleitos pelo voto popular. Já pensaram que talvez mesmo por isso, por acreditarem no que acreditam?..
Sobre a recente polémica “chinesa” em torno das suas declarações para a reestruturação e revitalização da Baixa / Chiado, Maria José Nogueira Pinto pergunta hoje no Diário de Notícias: «E, a propósito alguém já perguntou aos comerciantes chineses o que pensam de uma chinatown?» (Ler mais aqui). Eu não perguntei, mas fui saber e encontrei isto:
“O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Chineses em Portugal não vê a proposta da antiga vereadora com maus olhos.
Ouvido pela TSF, Choi Man Hin, desvaloriza a polémica e lembra que em todas as grandes capitais existe uma Chinatown e por isso até pode ser bom.
«Não é uma discriminação, até pode ser bom, tudo depende da forma como se realizará o projecto», defende.
O Presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Chineses em Portugal diz que depende do local, considerando que uma eventual Chinatown não poderia ficar longe do centro de Lisboa.”
De chineses não percebo nada; nem sequer sei comer com os pauzinhos!
As únicas vezes que entrei numa loja de chineses – à excepção dos restaurantes – foi para comprar uma chave de fenda (que ainda existe), muito mais barata que nas outras lojas, e uma embalagem com 6 rolos de fita-cola, pelo preço que me custaria um só rolo na Papelaria Fernandes…
Talvez por não perceber nada de chineses, há uma coisa que me faz particular confusão.
Com raríssimas excepções, todos os imigrantes quando chegam aos países de destino vão para trabalhar nas profissões mais desqualificadas, mais mal-pagas e que na generalidade são socialmente consideradas baixas. O exemplo dos portugueses nos anos 60/ 70 em França, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, etc. e, mais recentemente toda a vaga de imigração recebida por Portugal, primeiro com origem nos PALOP, depois os provenientes dos países do leste da Europa, – apesar de nesta vaga se encontrarem pessoas anormalmente bem qualificadas para o estereotipo do imigrante –, e mais recentemente, os brasileiros.
Como é que um povo miserável; entenda-se: que vive mal, com baixíssimo poder de compra e quase nula qualidade de vida no país de origem, situado literalmente no outro lado do planeta, imigra para aqui, para o fim-do-mundo, e ao invés de todos os outros, não vem trabalhar por contra de outrem numa profissão qualquer, nem sequer ocupar as piores vaga disponíveis no mercado de trabalho, mas montar um negócio?
Alguém me sabe explicar isto? A caixa de comentários do blogue está à vossa disposição.
“a ex-militante do CDS nunca deixou de dizer o que pensava em momentos cruciais, mas a verdade é que também nunca disse tudo. Por exemplo: reconhece-se na defesa, protagonizada pelo seu marido, de que Salazar ficava bem no lugar de melhor português de sempre? Não sabemos. Nem perguntamos.”
José Manuel Fernandes, hoje no Público
Graça a deus que não perguntaram! - digo eu. Desde quando é que é vital ou importante a opinião de alguém, sobre as opiniões ou os pontos de vista de um familiar?
O que é que passou / passa pela cabeça do director do Público para escrever uma barbaridade deste tamanho?