"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Circula por aí um clip onde Maria João Avillez, alegada jornalista, questiona Ricardo Costa sobre a oficialidade [veracidade] dos números apresentados pela polícia que deitam por terra a teoria da direita, cada vez mais radical, da insegurança pela percepção, "um relatório estranhíssimo". E a senhora por lá vai continuar, em horário nobre, a deturpar realidades e a truncar informação, como diria o outro, a torcer a estatística até que ela diga o que a dona Maria João quer que seja dito. E não, isto não tem nada a ver com liberdade de expressão. E não, isto não tem nada a ver com cancelamento. Isto tem a ver com sanidade e rigor, porque a seguir vamos ter, também em horário nobre, um chalupa anti-vacinas, um terraplanista, ou um criacionista, a questionarem todo edifício cientifico que nos trouxe até ao séc. XXI, o retrocesso civilizacional pela casa dentro desde a caixa da televisão. Por coincidência, e só por coincidência, todos na órbita da direita política.
O interessante nesta coisa de ter ou não ter carteira de jornalista é o nunca admitirem o "erro", não assumirem que foi essa a opção, por alguém ainda mais domesticado que os domesticados do costume, para evitar embaraços, não. É sempre porque "o outro há tempos", "a entrevista do não sei quantos naquela data", "um que anda aí no activo apesar de não ter carteira", desconhecendo [?] a diferença entre não ter carteira e ter a carteira desactualizada, aliás previsto. Dá jeito. A ideia é se outros fizeram e nós à época criticámos, não vamos agora corrigir e fazer melhor, vamos fazer igual, e ainda pior, porque podemos e estamos no nosso direito. E calhou a ser jornalismo porque este princípio vale para todas as áreas da vida. Nunca saímos daqui.
A três dias da entrega do orçamento do Estado para 2025 no Parlamento, a televisão do militante n.º 1 - SIC, mete Maria João Avillez a entrevistar Luís Montenegro. Maria João Avillez a entrevistar Luís Montenegro. Isto depois de uma semana inteira de pressões sobre Pedro Nuno Santos, desde o presidente do Supremo ao cardeal de Lisboa, passando pelo presidente dos patrões e outros bonzos avulso, um tempo de antena de bandeja. Honi soit qui mal y pense, isto não é o Pedro Tadeu a entrevistar o Paulo Raimundo, nem pouco mais ou menos.
Ontem Luís Marques Mendes na homilia semanal sem contraditório, também na televisão do militante n.º 1, por mais que uma vez sublinhou a histórica vitória que foi um Governo de minoria absoluta ter conseguido juntar na concertação social as assinaturas da CIP e da UGT. Onde é que já se viu? A UGT, essa grande central sindical com ligação ao mundo do trabalho, não é cá como os fantoches da CGTP, assinar por baixo o que a CIP lhe diz para assinar. Inédito.
A gente liga a televisão e dá com painéis plurais de aventesmas, todos os dias do ano, a todas as horas do dia, em todas as televisões, com raciocínios dignos do cérebro de uma ervilha, se as ervilhas tivessem cérebro, com um "vamos à análise com o/ a", e a análise é a esquerda ser pior que o "Deus me livre", que os males de que padece este país se devem aos quase 50 anos de socialismo, que a solução está à direita do Parlamento, que a direita é que são uns senhores que sim senhor, incluindo o Chaga que é um partido do "quadro democrático", um upgrade do "sentido de Estado" que se aplicava ao CDS, uns rapazitos que sim senhor, e que entretanto foi morto e enterrado por Rui Rio e agora ressuscitado por Luís Montenegro, e a gente fica a pensar "como é que a direita não ganha sempre as eleições, não tem sempre maiorias parlamentares, como é que a direita não governa ininterruptamente desde que Mário Soares meteu o Freitas do Amaral a ministro, depois deste empenho todo analista-comentadeiro pago a peso de ouro?" ou, como se excreve nas redes, WTF?!
O candidato independente das perguntas combinadas e os paineleiros independentes escolhidos para desempenharem o papel de comentadeiros independentes à entrevista isenta.
Eduardo Catroga que ainda não disse que a foto do Blackberry é photoshopada, depois de ter dito que o PSD não teve nada a ver com o memorando de entendimento com a troika, diz que Vítor 'colossal' Gaspar não contribuiu em nada para as reuniões que o PSD teve com a troika, nem tampouco para a elaboração do programa económico do partido que, 'há liaz', era o memorando da troika que o PSD assinou/ não assinou [riscar o que não interessar]. . "Fui eu quem lhe pediu a opinião mas entrou-me por um ouvido a 100 e saiu-me pelo outro a 200". Qual é o som que um "pintelho" faz ao cair no chão, cuspido da boca de um trampolineiro?
Vítor Gaspar é a anedota do fulano que cai do 25.º andar e, à medida que durante a queda vai passando pelas janelas dos andares de baixo, os vizinhos vão-lhe gritando "até agora tudo bem!". De erro em erro até ao fracasso total:
É muito tempo e estamos todos muito descontentes e há toda esta clientela político-partidária que anda por aí “ó tio ó tio ’que é que vai ser da nossa vidinha que agora estão lá os “outros” e nós andamos aqui à nora” e lá que dava um jeitaço estar no Governo dava mas as sondagens são madrastas e essa coisa que eu disse do Bloco Central não a disse foi uma deturpação ou vá lá uma má interpretação das minhas palavras.