"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Uma socióloga, por Oxford, Filosofia e História, por Lisboa, ainda antes do "eduquês" [já não sei se é curriculum se é cadastro] que depois de ler 7 – sete – 7 diários escreve um livro e apresenta conclusões, como se de estudos científicos se tratassem, com direito a primeiras páginas e a abertura de telejornais na imprensa de referência, e na outra, que, pelo caminho que as coisas levam, não é menos de referência que a de reverência, perdão, de referência.
Eu também já pensei escrever um livro mas o Charles Duchaussois antecipou-se-me com o Viagem ao Mundo da Droga.
Enquanto Cavaco Silva, para ficar de bem com Deus e com o Diabo, finge não perceber o que é que na realidade se está a passar, que as "reformas", muito mais que económicas e estruturais, são políticas e ideológicas, Maria Filomena Mónica em entrevista ao i, e num raro momento de lucidez, põe o dedo na ferida: «Quem é muito pobre não pode lutar pelos direitos, só luta pela sobrevivência». Elementar. Foi por isso que, entre outras, a Filosofia nasceu na Grécia antiga – o trabalho escravo libertou o cidadão para outros ócios. Na ausência e quase impossibilidade do recurso à escravatura há que contornar o obstáculo, pelo embaratecimento do custo do trabalho, até ao limiar da sobrevivência. Mantém o povo ocupado com a barriga e liberta a elite para outros ócios. Com um bocado de sorte, e fé em Deus, pode ser que daí nasça Filosofia.