"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O keffiyeh, na "rua ocidental" símbolo da luta contra o capitalismo global e contra o imperialismo 'amaricano', canabilizado e comercializado pelo sistema que visa combater. Faz tanto sentido usar um keffiyeh como uma t-shirt do Che ou beber uma Coca-Cola. O homem que passou uma vida inteira ao largo da política explica.
"Toca aí o Marco Paulo", a minha mãe com o vinil do "Dois Amores" na mão. Aquele cabelo medonho naquele sorriso de carneiro mal morto. Eu que tinha acabo de ouvir o Fun House dos Stooges ou o Sandinista! dos Clash no meu prato Thorens... Dar de frosques rapidamente.
"Eu tenho dois tractores
De jantes especiais
Mas não tenho a certeza
De qual eu gosto mais"
Pelas ruas do Bairro Alto a caminho do falecido 3 Pastorinhos. O que a gente se divertia.
"Sempre que brilha o sol naquela praia
Sinto o teu corpo a vibrar dentro de mim
O teu respirar, o teu rosto
O cabelo, os teus beijos
Estremeço
Oh-oh-oh"
Está aqui tudo, só não percebeu quem não quis. Mais gay que isto se calhar só o Dunas dos GNR. Bom tema para karaoke, by the way.
"Não morro sem ver este gajo ao vivo". E vi uma coisa assaz surpreendente, muitos anos mais tarde. Mandou calar uma plateia com mais de 5000 pessoas. E calaram-se. "Silêncio, se faz favor. Nós temos de ouvir as pessoas. Temos de falar uns com os outros. Perceber o que o nosso semelhante tem para dizer. Está aqui uma senhora". E ajoelhou-se para ouvir uma velhota que se tinha encostado ao palco para lhe dizer qualquer coisa. Não se ouvia um pio no recinto de espectáculos da Feira de Santiago em Setúbal. Só o respirar, como na cantiga. O verdadeiro artista era o Marco Paulo.