"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vibravam todos, nos blogues, Twitter e Facebook, com as proezas do Tea Party nos States, foram todos captados como técnicos e especialistas para os gabinetes dos ministros e secretários de Estado do governo da troika, saíram alguns para o Ilusão Liberal, continuam outros na minagem e tomada de poder no partido a partir de dentro. O percurso é a papel químico.
«Textos falam da imposição de uma "ideologia de género" como "modelo de pensamento único", de "disforia de género associada a várias patologias psiquiátricas", de "senhoras, alegadamente tiranizadas, que nunca se queixavam" e do "direito à resistência" face à transformação do aborto e da eutanásia em direitos"»
Sempre me fez alguma confusão o Rendimento Mínimo Garantido, e depois o Rendimento Social de Inserção. Não porque não ache que as pessoas não devam ter direito a um mínimo de dignidade e condições no seu dia-a-dia, mas porque esta coisa de estar em casa de barriga estendida enquanto eu, e o comum dos portugueses tem de se levantar cedinho para ir trabalhar e fazer pela vidinha, e fazer também pela dos outros, os que recebem o subsídio, tem muito que se lhe diga.
A confusão passou a desconfiança, quando após uma rusga policial ao famigerado Bairro Azul, na Bela Vista em Setúbal, se constatou que, a grande maioria dos detidos por tráfico de droga e crimes violentos, era beneficiário do Rendimento Social de Inserção, os que sobravam, eram vendedores de material contrafeito em feiras e mercados.
E como a vida é cheia de surpresas, vejo Manuel Monteiro e a sua Nova Democracia com banca instalada na Rua Garrett em Lisboa, numa “recolha de assinaturas para uma petição a enviar à Assembleia da República, com o objectivo de levar todos os beneficiários do Rendimento Social de Inserção aptos para o trabalho a prestarem serviço comunitário.”
Deixo aqui um apelo a Manuel Monteiro: Venha amanhã a Setúbal que eu sou o primeiro a assinar.
O que seria escrito na comunicação social e o que é que seria dito por esses blogues fora se, um partido com a dimensão de por exemplo o PSOUS, pela pessoa dos cromos Carmelinda Pereira e Aires Rodrigues viesse organizar os Estados Gerais da Esquerda?
A mesma comunicação social e os fazedores de opinião que criaram o PRD de Eanes, tentam, de há uns anos a esta parte criar um partido novo à direita, e há falta de melhor deitam mão daquele senhor que quando tinha 18 anos era já mais velho que o avô; Manuel Monteiro e a sua eleitoralmente todo poderosa Nova Democracia-0, 7%.
Ridículo!
Ainda se poderia alegar a respeitabilidade e o ar clean de Manuel Monteiro; no fim de contas o homem usa gravata, cabelinho cortado a meia orelha e a inevitável camisa riscada de colarinho branco tão em moda na direita (a propósito: haverá alguma explicação científica para todos os CDS, PP’s e afins serem iguaizinhos uns aos outros, tipo Xerox?), por contraste com o barbudo Aires Rodrigues e a mal vestida Camelinda Pereira; porque nisto do faz-de-conta da política portuguesa o aspecto conta muito…
Mas perante um painel de tão ilustres oradores onde se destacavam um músico que se dedicou a mandar foder o então Primeiro-ministro Cavaco Silva, um empresário – o que quer que isso signifique – ideólogo hooligan do FC Porto e, um ex-tudo que nunca levou nenhum cargo até ao fim para o qual tenha sido eleito ou não, Pedro Santana Lopes, como cabeça de cartaz – equivale à apresentação pelo Benfica, de Derlei como o grande reforço para o ataque da equipe… francamente!
A culpa não é de Manuel Monteiro, afinal de contas o homem só anda a tentar fazer pela vidinha e com isso padecendo do mesmo mal do seu criador, Paulo Portas: que se fale dele; a culpa é de quem lhe dá tempo de antena extra ao legalmente consignado por Lei.
Após um domingo de intenso e frutífero debate ideológico, as conclusões pela boca de alguns dos insignes participantes, que se aplicam também, com virgulas e tudo, ao PP:
«Há incompreensões e rupturas, pessoais e políticas, que são dificilmente ultrapassáveis.»
«Dentro do PPD/ PSD existem reacções insanáveis entre as pessoas e sobre a maneira de ver a sociedade portuguesa.»
Pedro Santana Lopes
O sublinhado é meu. Não sei se conscientemente ou se lhe fugiu a boca para a verdade, Santana Lopes colocou o dedo na ferida.
Num debate que deveria ser sobre os caminhos e o futuro da Direita em Portugal, tivemos ainda a oportunidade de ouvir Pedro Abrunhosa fazer a apologia de Zapatero:
“O grande líder da esquerda em Portugal.”
Confusos?!
Prosseguindo com o seu “brilhante” raciocínio, refere como exemplo a retirada das tropas espanholas do Iraque como:
«A tomada de posições corajosas na política externa.»
Mais uma vez, senhores jornalistas, onde é que estavam ontem? Como sempre de microfone estendido feitos basbaques. E a pergunta que se impunha, logo na ponta da língua?: - Negociar e ceder às pressões e chantagens de uma organização terrorista como o é a ETA, também é sinónimo de «tomada de posições corajosas»?
O senhor Abrunhosa sente-se liderado do lado de cá da fronteira por alguém com este calibre, do lado de lá?
Post-Scriptum: O que fazia Francisco Sarsfied Cabral no meio daquela nave de loucos?