"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Depois do Calcitrin para reforçar os ossos, que acaba a dar cabo dos intestinos, coração e rins; do Viva Melhor, o livrinho que dispensa o psicólogo e ainda oferece uma embalagem de Ómega Gold, que é bom para o cérebro, o coração e ainda previne processos inflamatórios; e de se fazer de mouco para vender aparelhos da Acústica Médica, Manuel Luís Goucha apela ao voto na AD, depois de ter lavado a imagem a um neo nazi condenado. Manuel Luís Oliveira de Figueira Goucha.
"Como profissional mais não farei que usar a verdade com que me cumpro como ser humano, contra o preconceito. Sempre entendi este como ignaro e covarde. É algo que nos seca e menoriza. Estimulante e grandioso será antes procurar entender o que nos distingue, uns dos outros, e saber viver com as diferenças, respeitando-as. É um trabalho diário, difícil, que exige um profundo autoconhecimento e avaliação de consciência, mas vale pelo arrebatamento de nos sentirmos mais justos. É neste sentido que recuso sempre o insulto, porque, contaminado pela vileza, em nada acrescenta, antes pelo contrário, à discussão e confronto de ideias". Blah-Blah-Blah.
Goucha, um dos maiores normalizadores do fascismo no prime time da televisão generalista, não conhece o poema de Martin Niemöller. Ou conhece, mas a vertigem da guerra de audiências não lhe permite ver que, caso esta gente um dia chegue a ser poder, também o vão buscar a ele, ainda antes de irem buscar os outros.
Dois dias depois de Ricardo Costa, "Jornalista @sic.sapo.pt e @Expresso.sapo.pt Retweets are not endorsements; views are my own" e blah-blah-blah [bio na conta Twitter], ter chamado a atenção para um texto de Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo sobre o tratamento abaixo de cão dos jornalistas na tomada de posse de Jair Boldonaro e, tão importante como o texto, "é lerem os comentários que se seguem", [as caixas de comentários e as redes sociais e o anonimato e a cloaca e o coise, estão a ver?], a TVI convida para o programa da manhã de Luís Goucha o neo-nazi Mário Machado, um criminoso condenado por roubo, coacção agravada, detenção de arma ilegal, danos e ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coacção a uma procuradora da República, homicídio de Alcino Monteiro, o preso em Portugal que mais tempo passou numa prisão de alta segurança, apresentado como o "Nacionalista desde da adolescência, esteve preso por dois anos e meio por escrever um texto na internet a apelar à mobilização dos nacionalistas".
Voltando ao início do post, as caixas de comentários e as redes sociais e o anonimato e a cloaca e o coise e blah-blah-blah, estão a ver [o papel do jornalismo]?