"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vibravam todos, nos blogues, Twitter e Facebook, com as proezas do Tea Party nos States, foram todos captados como técnicos e especialistas para os gabinetes dos ministros e secretários de Estado do governo da troika, saíram alguns para o Ilusão Liberal, continuam outros na minagem e tomada de poder no partido a partir de dentro. O percurso é a papel químico.
«Textos falam da imposição de uma "ideologia de género" como "modelo de pensamento único", de "disforia de género associada a várias patologias psiquiátricas", de "senhoras, alegadamente tiranizadas, que nunca se queixavam" e do "direito à resistência" face à transformação do aborto e da eutanásia em direitos"»
O padreco com quem Marcelo fazia panelinha para abafar o nome dos padrecos que abafavam os menores vai ter nome numa ponte. A seguir recebe uma medalha no Dia da Raça. Todos os povos têm as merdas que merecem ter.
Nem no tempo da promiscuidade entre poderes em que o Rei era nomeado com a bênção do Papa tínhamos um chefe de Estado todos os dias a comentar coisas da Igreja e nos dias a seguir a explicar o que disse nas vésperas.
A matilha que vai ladrar e rosnar à mãe da "pequena Jessica" no dia do funeral ou aos pais da "pequena Maddie" na saída do edifício da Judiciária em Faro é a manada de arganel no nariz que faz o sinal da cruz e pontua as frases com "se Deus quiser" quando Manuel Clemente afiança que equívoco no cu dos outros para ele é refresco. Pequeninos, sem aspas e em maiúsculas.
Manuel Clemente, o cardeal-patriarca que tem dificuldade em acreditar que o filho de um casal homossexual apreenda o valor da complementaridade entre sexos, suspendeu Duarte Empis de Andrade e Sousa, do clero com nome de nobreza, das actividades pastorais, e interditou-o de estar sozinho em qualquer contacto com jovens, depois das famílias dos alunos do colégio de S. Tomás, em Lisboa, terem descoberto imagens e vídeos obscenos nos telemóveis dos infantes, num grupo de WatsApp que o padre mantinha com os estudantes. O mesmo sacerdote que acolheu na sua paróquia sessões de "terapia de conversão” para pessoas homossexuais, conduzidas por Maria José Vilaça, a psicóloga que na figura de presidente da Associação dos Psicólogos Católicos comparou a homossexualidade à toxicodependência na revista Família Cristã, e que hoje anda pelo movimento "Deixem As Crianças Em Paz". Ainda se fossem aulas de Educação para a Cidadania podíamos ter um sobressalto cívico e moral, contra o totalitarismo estatal, da parte dos donos das crianças que querem que se deixe as crianças em paz. Do Senhor.
Um gajo que teve mais-valias em acções não cotadas em bolsa, se esquece do sítio onde guardou a escritura da casa e que, enquanto governante, criou um inner circle que vai desde banqueiros corruptos a suspeitos de assassinato, junta-se em abaixo assinado contra aulas de Educação para a Cidadania a um gajo que fundou empresa única e especificamente para sacar dinheiro dos fundos comunistários, não se lembra do ordenado que recebia nem que era obrigatório descontar para a segurança social. Pelo meio recebem a assinatura solidária de um gajo que não declara ao fisco o dinheiro entrado em caixa [esmolas e donativos] nem paga IMI dos prédios de que é proprietário. Estas coisas não se inventam.
O curioso é a padralhada não conceber [curioso também o termo "conceber", neste contexto] que na origem do divórcio e do recasamento [gloup] possa estar o desempenho sexual do parceiro/a. E isto por si só é todo um programa.
Manuel, Dom e Clemente, diz que um paneleiro não pode ser padre. Não é isto que Manuel, Dom e Clemente, diz mas é isto que pensa quando diz que "é completamente desaconselhável aceitar homossexuais no sacerdócio" porque o problema para o sacerdócio não é o impulso sexual, inato às espécies, mas a orientação sexual da espécie e, como vivemos num país livre numa democracia liberal, todo e qualquer matarruano pode dizer o que muito bem lhe aprouver e pode ser padre também e ter tempo de antena e tudo.
Manuel, Dom e Clemente, diz que um padre pai pode continuar a ser pai e padre desde que não coise e tal mais nenhuma vez com a fêmea mãe da criança, que o que está feito está feito e o pai pode continuar a ser padre e o padre pode continuar a ser pai e que a mãe serve para abrir as pernas e satisfazer e depois parir e depois criar e educar, em família monoparental, censurável e condenável aos olhos da igreja de Manuel, Dom e Clemente, excepto se o pai for padre ou se o padre for o pai.
"Baixar o desemprego é bom. Diminuir a tensão social, a crispação, é bom. Haver resultados -- uns são de agora, outros foram preparados antes -- no campo do ensino, é bom. Haver ótimas perspetivas para atividades como o turismo, é bom. Há aqui coisas boas, há alguns sinais de recuperação económica"
Com o apoio da nobreza e com a bênção do clero, está prestes a rebentar uma espécie de guerra da Jugoslávia nessa espécie de “país”, esse (E)estado de excepção permanente, da justiça às leis do trabalho e com passagem pelo futebol e às vezes tudo misturado, que dá pelo nome de “Norte”.