"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Obrigado pelo prazer da escrita, obrigado pelo prazer da leitura, obrigado pelas citações, obrigado pela medalha, obrigado por tudo que neste momento a minha vontade é gritar "Morreu o Pina, Foda-se!!!".
A maior parte dos "partidos irmãos" que sobraram da família ideológica do PCP depois do desmoronamento da URSS e do Bloco de Leste é daquele tipo de parentes que as famílias comuns se recusam a receber em casa e de quem nem querem ouvir falar.
O Partido Comunista da China era, em vida da URSS, um parente de quem o PCP activamente se envergonhava. Mas família é família e os laços de sangue acabam por falar mais forte, sobretudo em situações de orfandade. O PCP tem feito tudo para preservar as relações "fraternais" com o PCC, esticando além dos limites do tolerável o conceito de "assuntos internos" (para não falar do de "construção do socialismo") e apoiando acriticamente na China o capitalismo selvagem e sem regras que condena em Portugal.
Pensar-se-ia que os rasgados elogios agora feitos pelo vice-primeiro-ministro, Li Keqiang e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, à política de austeridade em Portugal e ao "exemplar cumprimento" pelo governo português daquilo que o PCP justificadamente chama "pacto de agressão" merecessem algum comentário, mesmo que tímido, do PCP.
Não mereceram. Nem isso nem as relações bilaterais recentemente formalizadas entre PCC e CDS/PP. Trata-se de relações mais saudáveis e transparentes do que as fundadas numa oportunística consanguinidade ideológica. Ao menos CDS e PCC defendem a mesma coisa, independentemente das latitudes.
Manuel António Pina, de quem sou cliente habitual mas a quem não tenho o prazer de conhecer, entrevistado por Carlos Vaz Marques, clientela recíproca no Twitter e de quem já tive o prazer de levar um puxão de orelhas por causa de um erro ortográfico, na revista Ler de Janeiro de 2012:
Leio sempre o Manuel António Pina. Todos os dias. E quando por alguma razão não aparece sinto falta dele. Não sabia era que também era lido pelo Manuel António Pina.
Para o cronista, um cigano recusar e condenar comportamentos desviantes na sua etnia, como o sejam a mendicidade profissional e o roubo, é racismo "ódio de si" ou "autoproscrição". E não estamos a falar de um cigano “qualquer”, mas de um cigano que conseguiu quebrar barreiras e preconceitos e ser eleito, em eleições livres e democráticas, presidente de uma Câmara Municipal, por eleitores maioritariamente não ciganos, ou brancos ou gadjós, como eles dizem - eles os ciganos.
Ao cronista não ocorre que, racismo e preconceito, é a ideia formatada de que todos os ciganos, devem (deviam) defender os “seus”, independentemente do seu desempenho na sociedade, fossem eles prémios Nobel ou serial killers. É a velha lenda salazarenta e que, felizmente, já deixou de ser verdade, de que quando há um qualquer problema com um cigano, numa questão de segundos surgem logo centenas, vindos não se sabe de onde, em defesa dos seus.
«A virtude fundamental dos conhecimentos colados com cuspo é que, contrariamente aos conhecimentos colados com cola-tudo, se despegam com facilidade logo que melhor razão os afronta. Quero mesmo supor que boa parte da infelicidade da humanidade resulta de convicções inamovivelmente fixadas com colas persistentes e invulneráveis à razão e à mudança (como as da Igreja Católica sobre as mulheres). Olhar desapaixonadamente em volta e pensar, em vez de nos limitarmos a repetir o que outros pensaram, não dói tanto quanto se diz. E tem uma vantagem não negligenciável: não nos deixa cair na tentação de nos tornarmos sacerdotes disto ou daquilo.»
Há guerras menos capazes de chocar os corações sensíveis que outras. Enquanto umas fazem manchetes e aberturas de telejornais, suscitam reportagens, debates acalorados, manifestações de rua, abaixo-assinados, t-shirts, das outras os jornais falam, quando falam, de ano a ano, em duas ou três linhas enfastiadas como quem assina o ponto. Milhões (milhões!) de mortos e de refugiados, violações em massa, recrutamento de crianças, tortura, execuções extrajudiciais, crimes de guerra e crimes contra a humanidade na República Democrática do Congo, no Darfur ou no Chade não chegam, por exemplo, para o Bloco de Esquerda (BE) propor e fazer aprovar a geminação de Lisboa com, além de Gaza, Bukavu, Nyala ou N'Djamena. É certo que se trata de pretos e que ninguém por aqueles lados está imbuído da missão divina de varrer os judeus da face da Terra, mas se o BE se meter no avião, de máquina fotográfica a tiracolo, e voar para o meio desses distantes conflitos há-de decerto descobrir por lá armas israelitas ou alguma versão da "Torah" em bantu, em sara ou em shuwa. O Mal está, como se sabe, em toda a parte.»
«A Comissão de Direitos Humanos da ONU condena "firmemente" a agressão israelita em Gaza e exige "a retirada das forças israelitas". A resolução cita 16 vezes Israel e as agressões israelitas contra os direitos humanos do povo palestiniano. Quanto ao Hamas, é como se não existisse; mesmo os "rockets" sobre civis israelitas, citados timidamente uma vez, não têm autor. A sessão foi convocada por Cuba, em nome do Movimento dos Não-Alinhados; Egipto, em nome do Grupo Árabe e Africano; e Paquistão, em nome da Conferência Islâmica, tudo gente respeitadora dos direitos humanos.
O Canadá votou contra e, entre outros, abstiveram-se os países da UE, o Japão e a Suíça. A resolução acabou, no entanto, por ser aprovada com os votos dos proponentes e outros países justificadamente conhecidos pelo "firme" respeito que dedicam aos direitos humanos, como Angola, China, Arábia Saudita, Rússia, Indonésia, Jordânia, Gabão ou Azerbeijão. A Human Rights Watch já criticou a decisão, dizendo que, ao focar apenas Israel, a Comissão "destrói a sua credibilidade". É o que acontece quando é o ladrão quem guarda a vinha.»
Apanhando a boleia, quero deixar aqui bem explicito que, paredes meias com o meu local de trabalho existe uma dependência do BPN à qual me dirijo amiúde, quer para levantar dinheiro naquela máquina que está instalada na parede, vulgo Multibanco, quer para pagar algumas contas ou carregar o telemóvel, também através da machina.
Para que não restem dúvidas: EU TAMBÉM NÃO TENHO NADA A VER COM O BPN!
Adenda: Penso que a “associação” Coito & Tranquada define na perfeição não só o BPN mas também o BPP:
Coito – no antes, enquanto durou o regabofe para os depositantes a quem era exigido no mínimo um milhão de euros.
Tranquada – no depois, nos milhões que vão ser sacados ao contribuinte para salvar as fortunas da Sagrada Família.
“O que acontece é que o casamento homossexual não consta infelizmente do programa eleitoral do partido (como constavam, por exemplo, as alterações à lei do divórcio, o aumento do IVA ou a ratificação parlamentar do Tratado europeu). É certo que a Constituição proíbe qualquer forma de discriminação baseada na orientação sexual, mas a Constituição também não consta do programa eleitoral do PS.”