"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os 42 anos de democracia também já têm um tempo e um passado, é o tempo passado da monarquia-republicana dos políticos que lutaram muito contra a ditadura e a opressão, que fizeram muito por Portugal e pelos portugueses, que se esforçaram muito pelo regime democrático e pela consolidação da democracia parlamentar partidária, que deram os melhores anos da vida pelo Estado de direito e por isso devem ser, monetariamente, recompensados e que quando a conversa não lhes interessa sacam do argumento do "populismo" e rematam com o da "demagogia", assim a modos que uma "Lei de Godwin" dos políticos pantomineiros-manhosos.
Vivemos num país livre e numa democracia, pelo menos na forma, e cada um é livre de dizer e de escrever as barbaridades que lhe aprouver e, os mais inteligentes de entre os bárbaros, até o fazem a coberto do chamado "sentido de humor" como precaução e para evitar cair no ridículo, mas há sempre rabos que ficam de fora, não é defeito é feitio, como diz o povo, "é a raça deles", e se não é com vinagre que se apanham moscas podemos sempre seguir-lhes o rasto pelas cagadelas deixadas na superfícies das coisas: 40 anos depois do 25 de Abril a direita herdeira de Salazar e do Estado Novo do Minho a Timor continua ressabiada com a descolonização e com a entrega do Ultramar aos turras e aos comunas: "Ministro da Defesa e do fim do Ultramar", a sério?!
"Adeus Guiné tenho já o dever cumprido, não estou arreprendido, de por ti lutar. Adeus Guiné serás sempre Portugal".
Ou, como escreveu Heinrich Heine, «estes carrascos do pensamento fazem de nós criminosos. Pois o autor […] comete frequentemente infanticídio: mata o próprio filho-pensamento no terror insano da opinião do censor»
A campanha de Manuel Alegre meteu os pés pelas mãos e confundiu tudo: o PS com o Governo e o Governo com o PS, o Governo com a Esquerda e a Esquerda com o Governo, o PS com a Esquerda e a Esquerda com o PS e… as combinações todas que se queiram fazer e sem sequer haver necessidade de meter o Bloco de Esquerda ao barulho. E amanhã é outro dia.
Dizem que Manuel Alegre não presta para nada porque é apoiado pelos trotsquistas do Bloco e pelos maoístas-estalinistas do MRPP e que bom bom é Cavaco Silva que é apoiado pelos oliveiristas-fantasistas-louleiristas do BPN e da SLN.
Quando alinhou ao lado do PSD e do CDS no apoio a Eanes, isso sim, era um partido responsável e com sentido de Estado, apesar dos milhões de mortos de Mao e de Estaline na bandeira:
Numa remix "manhosa" (falha-me o nome) de War, versão Frankie Goes to Hollywood, a voz de Holly Johnson está em repeat até à náusea com "Frankie says… Frankie says… Frankie says… ".
Na remix "manhosa" de War dos tempos que correm a voz em repeat, a aproximar-se vertiginosamente da náusea, é "Alegre says", "Cavaco says".
Seria demasiado pedir que saíssem por uns minutos e tornassem a entrar, para ver a triste figura que fazem, todos de chispes em riste, a apontar quem foi o que pior governou nos últimos 35 anos e quem tem o candidato presidencial mais bonito?
A RTP que tem delegação, produção própria, e jornalistas na Madeira, passa um atestado de incompetência aos profissionais que emprega e envia Luísa ‘aaa…’ Bastos para cobrir as visitas de Cavaco Silva e Manuel Alegre como nos tempos da televisão a preto-e-branco, ou a RTP que tem delegação, produção própria, e jornalistas na Madeira envia Luísa ‘aaa…’Bastos para umas mini férias no Condado Jardinense. Aaa… ainda não percebi aaa… qual.
O Estado é pesado, omnipresente, e não deixa às pessoas espaço para respirar. Às vezes (a maior parte das), a ideia que fica é que os ministros e secretários de Estado quando acordam de manhã olham-se no espelho e, enquanto lavam os dentes, pensam: "qual vai ser o imposto que vou inventar hoje, qual vai ser a taxa que vamos aumentar?" e, há falta de se poder inventar um imposto, aumentar uma taxa (ou ambos), sempre se pode retirar algum benefício ou compensação. E depois sucede que personagens como Valentim Loureiro, Isaltino Morais e outros que tais, ganham eleições apesar dos processos em tribunal, não por falta de informação dos eleitores, mas porque são vistos aos olhos do povo como autênticos heróis que conseguiram enganar o sistema. É o "ele é que é esperto", "ele é que a sabe toda", "a ele ninguém come as papas na careca". É preciso fazer um desenho?
Relacionar o ex-primeiro ministro e futuro Presidente da República Cavaco Silva com o caso BPN via SLN é crime de lesa-pátria, já ilustrar uma notícia sobre a Câmara de Lisboa, e o seu presidente António Costa, com uma fotografia do candidato presidencial Manuel Alegre é jornalismo.
Tentemos no entanto ver isto de uma forma positiva: se a blogger Filipa Martins e o blogue em papel onde escreve tentam conotar a obscenidade, que é mais um dia de tolerância de ponto em cima do dia já concedido, com o único candidato capaz de fazer frente ao candidato do establishmen, na sua conotação mais negativa, é sinal que colhe aceitação na opinião pública a condenação destas jogadas de populismo manhoso, no seguimento da concessão de tolerância de ponto aquando da visita de Joseph Ratzinger e da não concessão por alturas da Cimeira da NATO, o que obrigatoriamente leva à vox populi de “atrás dos tempos vêem tempos e outros tempos hão-de vir”, “há mais marés que marinheiros” e “quem com ferros mata, com ferros morre”. Vale para o blogue, para a blogger e para o presidente camarário.