"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ernst Thälmann, dirigente do Partido Comunista Alemão [KPD], fiel a Estaline, assassinado em 1944 em Buchenwald por ordem directa de Hitler.
Quando o inimigo era a social-democracia, rebaptizada social-fascismo por ordem de Moscovo, valeu tudo, até aliança com os nazis do NSDAP para piquetes de greve na Berliner Verkehrsgesellschaft, empresa de transportes de Berlim. Agora, quando o fascismo está aí outra vez em força e é cada vez mais urgente uma unidade e convergência entre forças democráticas e progressistas, há quem faça depender a participação numa manifestação anti-racista, no mesmo dia dia em que os fascistas organizam um desfile "contra a imigração", do suposto apoio à NATO, a força militar mais multicultural, multiétnica e multinacional da história, e um alegado silenciamento sobre as acções de Israel na Palestina. "Política unitária não é isto", política unitária é deixar o cérebro em casa e obedecer aos ditames do Comité Central.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas a tradição ainda é o que era.
Egyptian protesters shout anti-Israel slogans during a demonstration to show solidarity with Palestinians, in front of the Journalists Syndicate in Cairo, Egypt, Wednesday, Oct. 18, 2023. AP Photo/ Amr Nabil
O partido da extrema-direita que quer tomar conta da luta nas ruas, "As ruas são da direita desde o aparecimento do Chega", mandou uma embaixada a uma luta de rua convocada pela esquerda, a da Liberdade do Sérgio Godinho, "a paz, o pão, a habitação, saúde, educação", que foi recebida com insultos e apupos pelos manifestantes, há 50 anos nestas lutas, e que sabem que o partido da extrema-direita é dirigido por gente que se dedica ao sector imobiliário de luxo e que, por uma coincidência dos diabos, honi soit qui mal y pense, tinha uma alínea no seu programa, entretanto apagada, que preconizava a venda a privados de todo o sector imobiliário do Estado. Diz que vai fazer queixinha ao Ministério Público, o partido do embuste que toma os outros por parvos.
Não sei de quem foi a ideia, se da central de agit-prop do Governo, se da direcção da polícia, ou se nasceu de "geração espontânea", mas ouvir em todas as televisões, todas, todas sem excepção, repetir, ad nauseam, pelos papagaios de serviço na/ à comunicação social capturada pelo poder político, que houve a preocupação [Da parte de quem? Foi declarado estado de sítio?] de encerrar todos os bares e tascos nas redondezas do Parlamento, porque a subida da escadaria da Assembleia da República, na última manif das polícias, se deveu ao efeito do álcool sobre os paisanos, passar para a opinião pública a ideia de que os polícias em protesto são todos uma cambada de bêbados exaltados, tipo "gordo da GNR" na porta da taberna nos idos do velho de Santa Comba, desvalorizar a revolta e a indignação de profissionais competentes e dedicados, amorfos Lei e Ordem, respeitinho, autoridade e busca-busca Bobby, e que não fora o tintol, o cervejame e a bagaceira, estavam ali uns paz de alma capazes de aceitar cortes de cento e tal euros no ordenado, de trabalhar em condições deploráveis, com material a pedir reforma e em esquadras abaixo de casota de cão, sem perder a fleuma e a bater muitas palminhas no fim ao Governo da Nação, diz mais, muito mais, sobre quem pôs a "notícia" a circular, e dos acéfalos que a repetem, do que propriamente do alvo a que se destina. Um vómito.
A sério?! Miguel Macedo é ministro da Administração Interna deste Governo, desta maioria que, desde o dia da tomada de posse mais não fez do que violar as regras e ultrapassar os limites, desde os sucessivos Orçamentos do Estado até ao contrato social, ignorando que tem por missão fazê-las respeitar e dar o exemplo, ou foi só ali comprar cigarros e chegou agora?
Apesar de à civil não comeram da mesma comida, não levaram pela mesma medida que civis, autores das mesmas façanhas, comeram e levaram, anteriormente, em situações semelhantes, porque:
- A ordem foi dada pelo comandante no terreno e ignorada pelas tropas?
- A ordem foi dada pelo comandante no gabinete, o ministro, e ignorada pelo comandante no terreno?
- O comandante no gabinete não deu a ordem?
Direita no poder e Estado policial é um clássico que vem nos livros, agora conjugado com a Direita que não se preocupa só com os números da Economia e também aprende com as lições da História. Não sabemos é se o filme, que passou em directo e em horário nobre, nas televisões, compensa o resto.
Alô Rodrigo, onde é que estás? Estou aqui na Tapadinha da Ajuda a fazer a reportagem sobre o treino do Atlético… Então vai já para a Assembleia da República, que é mesmo aí ao lado, cobrir a manif dos polícias.
"O que é facto é que acabou por acontecer esta invasão de campo, essa invasão do relvado".
Miguel Macedo acabadinho de chegar de Marte que não sabe o que foi o 25 de Abril de 1974 nem o significado que a data matém 40 anos passados nem nunca ouviu falar em "margem sul" nem em "cintura industrial" nem em "De pé, ó vítimas da fome! De pé, famélicos da terra!" nem percebe nada de simbolismos e para quem "a ponte é uma passagem" e nunca uma ligação.
Miguel Macedo que nem sequer é ministro deste Governo, o tal, o que ressuscitou a luta de classes em Portugal: