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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Eleições na Sérvia

por josé simões, em 23.01.07

Em todo o mundo civilizado ou que seja regido pelas leis da democracia, quem ganha eleições forma Governo. É para isso mesmo que servem as eleições.

 

Se ganhar com maioria absoluta a tarefa é-lhe mais facilitada, se a maioria for simples a formação de Governo nem por isso deixa de ser um atributo consignado; ou arrisca a ir à luta sozinho, ou embarca na chamada politica de alianças.

Foi assim com a primeira maioria de Cavaco Silva, para o primeiro caso, ou do Governo Guterres “queijo Limiano” no segundo; e quer para um caso como para o outro, em quase todos os governos italianos do pós-guerra.

 

Em todo o mundo civilizado ou regido pelas leis da democracia, com uma excepção: a Sérvia, depois de também outra excepção que havido sido a Áustria de Heidder.

 

O ultra nacionalista Partido radical (SRS) de Tomislav Nikolic ganhou as eleições sérvias elegendo 81 deputados em 250 possíveis, ficando o chamado bloco pró-europeu onde se incluem o Partido Democrata (DS), o Partido Democrata da Sérvia (DSS), o G17 (aliança de forças liberais) e os liberais-democratas do PLD com respectivamente 65, 47, 19 e 15 deputados, por terem ido a votos separados; cada um por si.

 

Que faz a União Europeia?

Entra em pânico – como já havia acontecido na passada semana com a entrada da extrema-direita no Parlamento Europeu – e ignorando as mais elementares regras da democracia apela aos partidos pró-europeus (o que quer que isso signifique) para se entenderem e formarem um Governo!

 

“Dois terços do novo Parlamento serão atribuídos às forças democráticas e essa deverá ser a base do governo que irá conduzir o país ao caminho da Europa”

Frank-Walter Steinmeier, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.

 

E quem ganhou as eleições, pelo voto popular expresso nas urnas, não é para aqui tido nem achado.

 

Na próxima sexta-feira, será apresentada em Viena pelo enviado especial das Nações Unidas para o Kosovo,  Martti Ahtisaari, a proposta de estatuto para a região.

 

Por este prisma é que deve ser visto o nervosismo instalado na União Europeia com os resultados destas eleições.

A UE e os Estados Unidos apesar das boas intenções – e de boas intenções está o Inferno cheio – que levaram à intervenção militar no Kosovo, continuam a meter o pé na poça, ao ignorar as questões politico-culturais e religiosas que são a génese do conflito. Quer na região, quer em toda a ex-Jugoslávia.

 

Outro dos princípios regentes da UE: As questões politico-culturais e religiosas valem muito das fronteiras da União para cá; das fronteiras para lá, valem o que valem. E é também por este prisma que deve ser vista a vitória eleitoral dos ultra nacionalistas.

 

Depois queixem-se.