"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Deputados PSD e CDS, ex-Governo que em 4 anos andou a ajustar contas com o 25 de Abril e com 40 anos de democracia, a falar em "governação ideológica" e em ajuste de contas da esquerda com Cavaco Silva e como seu ex-Governo de iniciativa presidencial.
Um dia como outro qualquer e aquela típica imagem de Cavaco Silva a falar e a falar com os braços e os movimentos a não conjugarem nem tampouco ritmarem com o que lhe sai da boca. Um boneco grotesco.
Curiosamente o partido que não precisava de programa de Governo porque o programa da troika era O Programa, o que tinha sido essencialmente influenciado pelo partido nas negociações com a troika, Catroga dixit, um rascunho que era mesmo preciso surpreender e ir mais além do acordado, no que tocava a cortes nas funções sociais do Estado, na redução dos custos do trabalho e na retirada de direitos e garantias, naquela parte que tocava ao financiamento do ensino privado «and reducing and rationalising transfers to private schools in association» nunca houve memorando a cumprir por causa da nossa imagem, nunca houve imposição dos credores nem mãos atadas no protectorado, antes pelo contrário.
Passar a vida, anos, 42 mais precisamente, com a boca cheia de família e o dedo em riste apontado aos outros, aos que não respeitam o "núcleo central da sociedade", além de Deus e da autoridade.
A Terra continua a girar à roda do Sol, os raivosos ficaram ainda mais raivosos enquanto apregoam o amor pelo próximo e a vida continua para quem a tinha em modo "pausa".
Agora que, pela primeira vez em democracia, há uma efectiva maioria de esquerda no Parlamento que suporta o XXI Governo constitucional onde, na tomada de posse, também pela primeira vez em democracia, as pessoas foram chamadas pelos seus próprios nomes sem o barão e o visconde a anteceder, era de bom tom encontrar uma norma regimental, ou um compromisso à semelhança do que excluiu autismo e autista do léxico parlamentar, que proibisse o senhor deputado de ser o senhor doutor, o senhor engenheiro, o senhor arquitecto, o senhor professor ou o senhor professor doutor e onde o primeiro-ministro fosse o primeiro-ministro, o ministro fosse o ministro, o secretário de Estado fosse o secretário de Estado e não o cão a quem fizeram barão.
Nem o crédito fiscal é para cumprir nem a sobretaxa de IRS dura até 2019 nem os mencheviques são de confiança nem se pode confiar nos bolcheviques e até as fotografias já são a cores.
Por motivos que não cabem aqui neste espaço este último mês passei-o em casa a ver televisão, sobretudo a ver a televisão do militante n.º 1 – a SIC Notícias, principalmente o Opinião Pública, com os convidados do pensamento único dominante com lugar cativo, com as entrevistas e directos de rua, nunca mas nunca a sul do Tejo e com raríssimas excepções a partir do litoral urbano, com as entrevistas e directos dos/ nos institutos superiores de educação, politécnicos e universidades para dar uma caução de credibilidade erudita, como refere o leitor na caixa de comentários:
«A este propósito, é de referir as entrevistas de rua que se vão fazendo sobre a política nacional. Nomeadamente a estudantes do ensino superior de áreas diversas.
E aqui o que custa é ouvi-los falar de "tradição" em vez de constituição, de governos ilegítimos (este do PS) e do governo escolhido pela maioria do povo – o da PaF.
Dói ouvir estas opiniões de estudantes universitários. Mas dói mesmo.
Que professores têm? O que lhes foi ensinado? Onde está a curiosidade e o contraditório próprio destas idades?
São tão velhos e doentiamente mais conservadores do que os pais.
O que fizeram ao ensino universitário? E aos ciclos anteriores?
A formatação deu resultados. Os exames também. A ênfase nas disciplinas estruturantes deu nisto. Os resultados quantitativos são o fim de tudo. O pensar não conta. Conta o empinanço e a sebenta.»
A direita a subir, a esquerda a subir e os inquiridos a dizerem "que Costa devia ter negociado à direita". A União Nacional 41 anos depois. Pedagogia precisa-se. E de noções básicas de democracia também. Educação.
António Costa e o sistema parlamentar constitucional português na "Máquina da Verdade" nas tardes da Fátima Lopes pela mão de Marco António. "Roubou o Governo ao Pedro e ao Paulo?"
"O Governo ilegítimo". "Os partidos derrotados nas eleições". "Os partidos minoritários". "O Governo socialista-comunista". "Uma solução cozinhada". "Uma golpada". "Fazer a vontade ao PCP". "Desvirtuar o resultado das eleições". "Experimentalismos partidários". "Golden share do PCP e do Bloco". "Destruição da concertação social".
"Foi por vontade de Deus, Que eu vivo nesta ansiedade. Que todos os ais são meus, Que é toda minha a saudade"
O senhor 0,14% nas ilhas adjacentes da Madeira, escondido na Metrópole em coligação.
"Assunção Cristas, ontem, era ministra da Agricultura e hoje é deputada da oposição, eu ontem era vice-primeiro-ministro e hoje sou deputado da oposição, e há só uma coisa que sabemos: não foi pela vontade do povo que isso aconteceu"