"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E o Paixão, com paixão, mais uns pós de perlimpimpim e palavrinhas mágicas que não "fachavor", mexe o caldeirão com o cajado da arte de comunicar que o plástico que as pessoas vêem é afinal é uma pedra preciosa, e o pagode, em menos do Diabo esfregar um olho, esquece-se da never ending story de trapalhadas atrás de trapalhadas, trafulhices atrás de trafulhices, intenções e promessas atrás de intenções e promessas, antes prometidas, nunca concretizadas e novamente recuperadas, que tem sido a imagem de marca desta maioria absoluta, o PS arruma com a concorrência nas próximas legislativas, e o Parlamento é outra vez todo dele. Misturar crendice com governação não é grande fórmula mágica quanto mais científica.
Antes de haver Iniciativa Liberal havia blogues, que foi onde eles se conheceram todos antes de fundarem a colectividade, e nos idos dos blogues, os agora ilusionistas liberais, vilipendiavam o Partido Comunista por apresentar uma moção de censura no Parlamento por dá cá aquela palha, ainda para mais se o Governo era de maioria absoluta.
E antes de haver blogues havia o Partido Comunista, o tal das moções de censura por dá cá aquela palha, o Partido Comunista que agora, pela voz de Paulo 'operário' Raimundo, diz fazer zero sentido apresentar uma moção de censura a um Governo com maioria absoluta no Parlamento.
Deve ser a isto que estes artistas de variedades chamam coerência.
Marcelo Rebelo de Sousa, que conspirou e tomou partido para mudar a liderança do PSD e que já tinha o Parlamento dissolvido na cabeça ainda antes do chumbo do Orçamento de Estado, vê-se relegado para o papel de rainha de Inglaterra, uma tortura para o intriguista-mor da Nação, que saltita de telejornal em telejornal a cada 10 minutos para falar de tudo e mais um par de botas, sem capacidade de influenciar a governação de um António Costa sem a desculpa dos parceiros de "geringonça" que lhe tolhiam os movimentos.
O problema de António Costa com a não obtenção da maioria absoluta que jura a pés juntos não querer é "um PS fraco e um Podemos forte" que foi precisamente o que permitiu a António Costa ser primeiro-ministro.
Dizia na televisão um habitante do concelho de Mação que o fogo deste ano seguiu exactamente o mesmo trajecto seguido pelo fogo de 2017. Não é muito difícil prever qual vai ser o sentido do fogo no ano de 2021. E é assim de há vinte e tal anos a esta parte, desde que inventaram o "petróleo verde", que ia tirar as pessoas da miséria, sem nunca ninguém ter informado as pessoas que as pessoas que sairiam da miséria eram outras pessoas e que davam pelo nome de accionistas e proprietários das celuloses, enquanto o dinheiro dos nossos impostos anda em bolandas todos os verões para resgatar pessoas e bens vítimas do petróleo verde já que a bio-diversidade e o ambiente caminham irreversivelmente para a desertificação, a seguir à desertificação humana às mãos das más escolhas políticas.
Daí o interessante da sondagem saída hoje no Jornal de Notícias, um dia depois depois do presidente da Câmara de Mação ter vindo apontar o dedo ao Estado, ler "o Governo", pelo incêndio, o tal que faz exactamente o mesmo trajecto todos os anos em que há incêndios, e no dia em que o presidente da Câmara de Vila de Rei aparece a repetir o mesmo missal, o falhanço do Estado, ler "do Governo".É que daqui até às eleições de Outubro ainda há muito Verão pela frente e muita campanha suja para fazer com préstimo impagável das televisões, todas no terreno sedentas de sangue e de miséria alheia.
[E os piscares de olho, mais ou menos argumentados, andam aqui - Francisco Assis em entrevista à Renascença, mais ou menos descarados, andam ali - Gabriela Canavilhas na SIC Notícias, minuto 08:35]