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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Sílvio ‘Travis Bickle’ Berlusconi

por josé simões, em 21.09.10

 

 

 

 

 

Retrato do artista enquanto jovem.

 

"You talkin' to me? You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talkin' to? You talkin' to me? Well I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to?"

 

 

 

 

 

 

Noite, Mafias e outras criminalidades (III)

por josé simões, em 31.08.07

 

Como já aqui havia oportunamente sido referido, a solução para a onda de criminalidade que assola a chamada diversão nocturna, com os casos mais ou menos graves que com inusitada regularidade vão fazendo as primeiras páginas dos jornais e as aberturas dos noticiários nas televisões; desde agressões de seguranças a confrontos entre gangs, passando, agora nesta última fase, pelo assassinato de proprietários de casas, não passava por colocar mais Polícia nas ruas – a ladainha preferida da Direita em tudo o que diga respeito ao crime e à violência –, uma vez que a Polícia já lá se encontra, à porta e no interior das próprias discotecas ou bares.
 
Ontem veio o presidente da Associação Sócio-Profissional da PSP, Paulo Rodrigues, dizer com o ar mais cândido do mundo que a associação por si presidida vai pedir à direcção nacional que investigue o eventual envolvimento de polícias neste esquema das seguranças; revelando que a ASPP “tem recebido informações, não só do Porto, mas de vários outros pontos do país, de que haverá vários polícias ligados à segurança privada” (ler mais aqui). Pois. Toda a gente sabia – proprietários, clientes, polícias que fazem as rondas e as patrulhas – excepto a ASPP, vá-se lá saber porquê…
 
Até já andava admirado por esta ladainha ainda não ter sido rezada!
 
As questões que gostava de ver respondidas da parte de Paulo Rodrigues e Ernesto Peixoto Rodrigues são:
. – Acaso os futuros candidatos a agentes da autoridade (PSP, GNR e PJ) não têm o conhecimento prévio das condições de trabalho, das regalias, e das remunerações que vão usufruir nas corporações?
. – Dando de barato que não têm esse conhecimento; é justificável que para tentar compor o salário se recorram a meios que roçam a ilegalidade e a criminalidade? E esta é uma pergunta válida para qualquer cidadão.
 
Aqui a questão passa a ser outra: a da ausência de valores. Entrar num campo onde o único valor que vale é o "vale tudo" - desde que renda euros. De preferência fáceis.

Noite, Mafias e outra criminalidade (II)

por josé simões, em 30.08.07

Pegando ainda no tema da insegurança na noite portuense no particular, mas projectando-o para a generalidade da noite nas grandes urbes em Portugal.
 
Hoje, e segundo o Público «Um elemento próximo da família da Aurélio Palha (…) explicou que a família deseja resguardar-se ao máximo – inclusive de declarações aos órgãos de comunicação social – porque eles próprios também não percebem o que é que levou à morte de Aurélio Palha, nem com quê ou com quem estão a lidar.»
 
A ver se percebo o que a família do “malogrado” (como se usa na imprensa regional) Aurélio Palha não percebe: Em meia-dúzia de anos, de segurança a dono de um império que inclui uma rádio, «deixando em herança um património avultado e alguns carros de topo de gama, como um Ferrari e um Porsche Cayenne.» (Público). Qual é a parte que a família não percebe?
 
«Este interlocutor criticou ainda as leis portuguesas por, na sua opinião, serem favoráveis aos criminosos.» (também no Público). Tem toda a razão o “elemento próximo da família da Aurélio Palha”, como anteriormente aqui havia sido escrito, isto não é um caso de Polícia, é um caso de Finanças, vulgo Fisco.
 
Identifique-se e seja (m) levado (s) a julgamento o (s) responsável / responsáveis pelo assassinato de Aurélio Palha, é o mínimo que se exige; é o caso de Polícia. Investiguem-se todos os Aurélios Palha deste país, e as suas ascensões meteóricas. E, mais importante, sejam criados mecanismos de controlo e prevenção a futuros candidatos a “empresários” da noite; é a parte que cabe ao Fisco.
 
Adenda: Ainda sou do tempo – como no spot publicitário – em que ser “empresário” era sinónimo de criador de emprego e bem-estar para uma comunidade.

Noite, Mafias e outra criminalidade

por josé simões, em 29.08.07

 

E de repente, como que por artes mágicas, todos os partidos do leque parlamentar descobriram a criminalidade associada à noite, e, da esquerda à direita, de um extremo ao outro das bancadas em S. Bento, vêm todos ao terreiro exigir medidas para pôr cobro à situação.
 
Não estranho que à direita, pelas vozes de Agostinho Branquinho (Distrital do PSD/ Porto), Nuno Magalhães (CDS/ PP) ou Luís Filipe Menezes, se venha pedir o reforço das medidas de segurança que passa inevitavelmente por mais polícias na rua – de preferência um polícia para cada perigoso noctívago. É a receita habitual da direita: polícia, muita polícia, quanto mais polícia melhor. Estranho é que a esquerda, habitualmente mais desconfiada nestas coisas de polícias, alinhe pelo mesmo diapasão e, faça suas, as mesmas exigências e reivindicações que a direita-policial (vejam-se as declarações do presidente socialista da Câmara de Matosinhos, do vereador comunista na autarquia do Porto, Rui Sá, e até um “insuspeito” bloquista: Teixeira Lopes).
 
Estou frontalmente contra estas exigências. Repugna-me a ideia de um Estado policial. Não quero viver num País com um polícia em cada esquina como na Roménia de Ceucesco.
 
A solução para este tipo de problemas que começaram a ter mais visibilidade com o caso Mea Culpa em Amarante, não passa por colocar mais polícia na rua; os polícias já lá estão, à porta das discotecas e bares, no interior dos estabelecimentos, onde eles próprios exercem as funções de seguranças, em part-time e horários pós-laborais.
 
A solução para este tipo de problemas – falo com a autoridade adquirida em mais de 20 anos de actividade ligada à noite (dj) –, sejam eles no Porto, Setúbal, Lisboa, ou outra qualquer localidade de Portugal, chama-se Finanças, vulgo Fisco. Investigar como se fazem e desfazem sociedades e fortunas ligadas ao negócio da noite, cujo caso do recém assassinado proprietário da discoteca Chic é exemplar: Em meia-dúzia de anos – literalmente – de segurança a dono de um império que inclui até uma rádio! Depois os seguranças mais os tráficos de drogas vêm por acréscimo; são os chamados fait-divers, apesar de estarem intimamente ligados ao chamado “negócio da noite” e funcionarem em círculo fechado – um leva ao outro, e assim sucessivamente. Da mesma forma que não se começa a construir uma casa pelo telhado, que é parte integrante da casa; não se começa a investigar o negócio da noite pelos seguranças e pelos dillers, malgrado alguns terem sido o embrião dos outros.
 
Pelos vistos o “ÍdoloPaulo Macedo tem “pés-de-barro” e andou a dormir na forma e no conteúdo nalgumas áreas que eram sua responsabilidade.
 
Ao PSD fica-lhe mal, muito mal, vir assacar culpas ao actual executivo pelo clima de insegurança que se vive na noite – e neste particular do Porto –, quando já teve várias oportunidades de pôr ordem na coisa e nunca o fez nos sucessivos governos em que participou, quer sozinho, quer em coligação; uma delas de ouro, por via de um ex-líder e ex-primeiro-Ministro habituée nestas lides e que tinha / tem necessariamente o conhecimento de como as coisas se processam.
 
Mas os bares e as discos das elites são muito mais higiénicas e exclusivas, blindadas ao exterior. E enquanto o azar não bater à porta de um qualquer novo Stones, Bananas ou outro K qualquer, vai tudo ficar na “paz dos deuses”, até que noutra qualquer cidade portuguesa, outro Aurélio Palha por via da sua morte, fornecer mais “palha” para alimentar aos media e a indignação da classe política.