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Da terra de Churchill, Berlim 1933 em Portugal 2010.
(Leitura aconselhada)
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Da terra de Churchill, Berlim 1933 em Portugal 2010.
(Leitura aconselhada)
“Há uma preocupação nacional com aquilo que os estrangeiros dizem de nós. Não deve haver outro povo que dê tamanho valor à opinião dos ‘gringos’. Será, talvez um resquício da antiquíssima grandeza do País, dos tempos das navegações e do império comercial. Já lá vão séculos. E, findo o esplendor, ficou apenas a vaidade de meter, aos de fora, respeito e admiração. Por isso os turistas dizem que os portugueses são ‘gentis’, não sonhando sequer como, entre nativos, as coisas não se passam assim. É a necessidade de impressionar forasteiros para que não falem mal de nós. Porque para dizer mal de nós, estamos cá nós. Ontem, ouvi, na rua, uma senhora a dizer que não aguentava “as notícias sobre a menina inglesa”, pelo dó que lhe causavam, e acrescentar que só via “as notícias dadas pelos ingleses” para ver “o que eles dizem de nós”. Alguém que explique isto, por favor.
Leonor Pinhão no Correio da Manhã, hoje.
Por mais que me esforce, só consigo encontrar uma palavra para definir o folhetim “Madeleine” – asco! Assim. Com ponto de exclamação e tudo.
Madeleine de 3 anos, que foi raptada enquanto os papás se enfrascavam em cerveja num restaurante algarvio, deixando-a, e aos irmãos mais novos, entregues a si próprios no apartamento, apesar de o pack de viagem incluir baby-siter. País do terceiro-mundo onde uma pessoa já não pode beber umas “pints” descansado da vida, sem que surja um perigoso pedófilo em cada esquina! A ser nos Estados Unidos e outro galo cantaria! No mínimo, já lhes teria sido retirada a tutela dos outros dois filhos.
E que dizer da incompetência da polícia portuguesa que não embarca em folhetins investigação-estectáculo-para-as-primeiras-páginas-dos-tablóides, tão ao gosto da imprensa inglesa?
E da falta de profissionalismo das autoridades que em casos semelhantes, mas com crianças portuguesas, deixa passar 48 horas até iniciar as investigações, e que neste caso concreto, meteram mãos à obra logo meia hora após o sucedido? Meia hora! Tanto tempo para começar a agir! E além disso nem se dignaram fechar as fronteiras!!!
E o que tem o ministro das polícias a dizer sobre a vinda de congéneres de Inglaterra, para ajudarem a Judiciária a deslindar este caso na sua (deles) província de AllGarve? Se isto não é subserviência, eu vou ali e já venho!
“Envolveríamos os mesmos meios qualquer que fosse a nacionalidade da criança”, afirmou sem se rir, o inspector-chefe da PJ. Viu-se em Setembro de 2004 aquando do desaparecimento de Joana, também no Algarve, e, à época, sem dois ll’s a seguir ao A.
E que dizer das televisões nacionais – com a filha da Fátinha Felgueiras em grande destaque na RTP1, o canal público – que montaram tenda à porta do local do crime e, de microfone na mão, conseguem encher directos de 15 minutos nas aberturas dos telejornais, sem dizerem absolutamente nada?! Qual eleições em França! Qual eleições na Madeira! Qual eleições em Timor! Qual crise na Câmara de Lisboa! Isso são fait-divers comparado com a importância do rapto da cidadã britânica!
Até Cristiano Ronaldo vem fazer um apelo, na esperança talvez, de o raptor ser um adepto do Manchester United ou da Selecção portuguesa e se condoa… Só faltou oferecer um bilhete para a final da Taça em Wembley, ou para o próximo jogo da equipe das quinas, em troca da petiz!
Keil do Amaral, para os que não sabem, foi aquele sujeito que escreveu A Portuguesa – aquela canção que nós costumamos cantar quando há jogos da selecção, mais conhecida por Hino Nacional – como reacção ao Ultimatum Britânico, deve estar neste momento a dar voltas na campa!