"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Outro argumento válido, e actual, seria o de escrever que a Marta teve quase tantos namorados quantos os portugueses abrangidos pelo programa dos retornados da emigração do Governo Adjunto, a cargo do Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto, e ainda as inumeras possiblidades de tocadilhos manhosos-brejeiros-machistas com o nome da prova de vida de Pedro Lomba.
Adenda: Vou escrever uma carta ao director [old style] a contar da vez que fui com a Marta num elevador [fui mesmo, não é treta].
Mais ponto menos vírgula, na SIC, diálogo entre Alberto João Jardim e uma transeunte numa rua numa qualquer localidade na Madeira: "Isso [tatuagem] fica-te mal rapariga, assim os rapazes não te querem". "Já sou casada". "Então tens autorização do teu marido".
"tens autorização do teu marido". "tens autorização do teu marido". "tens autorização do teu marido". "tens autorização do teu marido"
Como dizem os nossos vizinhos de bombordo e condóminos de Saramago “da mãe é de certeza filha”. Mas o timoneiro da Jangada não vai tão longe ao ponto de dizer usem o nome da mãe. Por mais iberista que se seja, um português é um português e um espanhol é outra coisa completamente diferente. E em Portugal diz-se “nasceu no curral é filho do boi”.
Vamos lá chamar os bois pelos nomes. Mau começo para o post. Vamos lá por os pontos nos is:
Quando se diz ou se escreve “a mulher de”, tem um sentido pejorativo; uma desconsideração à pessoa em questão e ao “de”; para o caso “o marido”. “Mulher” é aquela coisa que se tem ali à mão; submissa, sem vontade própria, e à qual se recorre para satisfazer as necessidades. Desde as mais básicas, às outras. Só não usa burka, aqui no Ocidente, porque pareceria mal; mas candidatos (no masculino) não faltam por aí.
(Foto via Ad Lib Studio)
A “esposa de” é alguém com vontade própria, personalidade. Uma entidade autónoma, com quem, por razões que a razão desconhece, e por mútuo acordo, partilhamos o dia-a-dia.
É por isso que Fernanda Tadeué esposa de António Costa. E se chama Fernanda Tadeu; não Fernanda Costa. E aparece na manif dos profs a gritar contra a ministra do Governo de Sócrates.
É por isso que Silda Alice Spitzer é a mulher de Eliot Spitzer. E se chama Silda Alice, com Spitzer no fim. E aparece ao lado do marido, com o ar mais desgraçado do mundo, na conferência de imprensa em que ele resigna ao cargo, depois de ter sido caçado a gastar balúrdios nas “meninas”.
Se tivessem olhado aos pormenores, teriam evitado polémicas parvas; que é só o mínimo que me ocorre para classificar o que poraqui tem acontecido.
(Esta era uma das razões que levava a minha avó, que nasceu no reinado de D. Manuel II, assistiu à implantação da República, aguentou o Estado Novo, e sobreviveu ao 25 de Abril, a passar-se completamente quando ouvia alguém falar na “mulher de”. “Mulheres são as putas!”; dizia.
Li nos jornais, logo pela manhãzinha, que tinham assaltado uma discoteca / bar; das “da moda”. Daquelas onde param as “galinhas” das capas das revistas. Daquelas que pagam à socialite para aparecer na esperança que os / as totós encham a casa, na esperança de também serem fotografados (as). Daquelas que passam música comercial, tipo RFM. Daquelas que quando o dj se estica um bocadinho mais vai invariavelmente parar ao house pimba. À vossa atenção putos, como dos sítios pouco recomendáveis. Adiante.
À hora do almoço vejo no telejornal um dos sócios da baiuca dizer que os bandidos acederam ao cofre porque pressionaram de forma extremamente brutal a única mulher presente durante o assalto. Nas suas palavras, pressionaram “o elo mais fraco”.
“O elo mais fraco”?! E ninguém diz nada? Ninguém se indigna? Ninguém protesta? Sou eu, humilde macho latino que tenho de vir aqui para o blogue teclar contra esta manifestação do mais básico machismo; em directo, via televisão, ainda por cima sendo que o repórter era uma repórter!?
Para o sócio gerente da baiuca-galinheiro que dá pelo nome de BBC, aqui fica uma oferta minha, do fundo do coração.