No país do faz de conta
Relação considera que grupo neonazi de Mário Machado não é racista
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Relação considera que grupo neonazi de Mário Machado não é racista
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Por uma daquelas ironias do destino a data em que se assinala a Kristallnacht/ Noite dos Cristais calhou ser a data da prisão do neo-nazi Mário Machado, inicialmente noticiada pelos media como a "detenção de um activista nacionalista" e só corrigida depois da revolta e indignação que gerou nas "redes" por quem tem memória, e é também o dia em que o Presidente da República resolve assinalar o Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo com um apelo a "pontes em vez de trincheiras", ao invés de fazer pedagogia e explicar que a irracionalidade de quem se entrincheira, o discurso do ódio combate-se com todas as forças, contra o risco de o legitimarmos, não há diálogo possível.
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Paulo Ferreira, Prémio Pinóquio do Ano de 2018, lídimo escudeiro da direita radical e competentíssimo no cumprimento da agenda política e ideológica nos media, aparece no Twitter a desculpar o hotel SANA por ter dado asilo à reunião de saudosos do nazi-fascismo, e contra o "pelourinho" onde foi colocado pelas "redes sociais" [sempre boas para os escudeiros da direita radical passarem o spin, depois repetido e amplificado ad nauseam pelos aios de plantão] sem explicar como é que, ou porque é que, a Sábado destacou jornalistas para fazer a cobertura de evento organizado por cidadã anónima, já que só a posteriori se soube ser o nome da mãe de Mário Machado.
Há no entanto um upgrade nesta aparição do Prémio Pinóquio do Ano de 2018 no Twitter: não enveredou pelo whataboutism do "também já lá ouve uma conferência de uma organização de esquerda e a esquerda e o comunismo e o Estaline e o Pol Pot [Mao fica sempre fora da equação, se calhar porque os ex maoistas são os actuais... vocês sabem], e que é o caminho invariavelmente trilhado pela direita radical para desculpar e absolver a extrema-direita que se atreve a dizer em público e em voz alta o que eles só se atrevem a pensar em privado.
[Imagem de autor desconhecido]
"É a manipulação, muito vinculada pelas redes sociais". A juntar às caixas de comentários dos jornais e ao anonimato e a cloaca e o coise e blah-blah-blah. Andaram todos na mesma escola.
[Imagem de autor desconhecido]
Dois dias depois de Ricardo Costa, "Jornalista @sic.sapo.pt e @Expresso.sapo.pt Retweets are not endorsements; views are my own" e blah-blah-blah [bio na conta Twitter], ter chamado a atenção para um texto de Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo sobre o tratamento abaixo de cão dos jornalistas na tomada de posse de Jair Boldonaro e, tão importante como o texto, "é lerem os comentários que se seguem", [as caixas de comentários e as redes sociais e o anonimato e a cloaca e o coise, estão a ver?], a TVI convida para o programa da manhã de Luís Goucha o neo-nazi Mário Machado, um criminoso condenado por roubo, coacção agravada, detenção de arma ilegal, danos e ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coacção a uma procuradora da República, homicídio de Alcino Monteiro, o preso em Portugal que mais tempo passou numa prisão de alta segurança, apresentado como o "Nacionalista desde da adolescência, esteve preso por dois anos e meio por escrever um texto na internet a apelar à mobilização dos nacionalistas".
Voltando ao início do post, as caixas de comentários e as redes sociais e o anonimato e a cloaca e o coise e blah-blah-blah, estão a ver [o papel do jornalismo]?
"Poderia, em liberdade, começar uma limpeza no grupo e expulsar estes criminosos travestidos de nacionalistas", porque há uma diferença entre espancar um emigrante na rua, até o deixar em estado de coma, vai lá para a tua terra; graffitar ou vandalizar uma mesquita, porque o Deus deles não é o mesmo Deus de Abraão; ou até matar um preto ou um cigano, porque um é mais escuro, o outro mais encardido e porque sim e o "tráfico de droga, roubo e extorsão", isso não que são atentados graves à propriedade privada, à integridade da pessoa humana e à estrutura da família.
A direita neoliberal e crente no Deus mercado maquilha os seus pit bulls de caniches, sempre ali à mão para o trabalho sujo nas ruas e pela calada da noite. É assim desde 1921, com a direita do Partido Popular Nacional Alemão a fechar os olhos ao terror das SA nas ruas de Munique. Depois tratamos deles, diziam. Problemático e criminoso para a direita neoliberal são os anarkas-okupas e anti-globalização que não respeitam hierarquias e se recusam obedecer à autoridade do poder político capturado pelo poder económico, crime lesa-mercados, logo lesa-Deus e, ainda por cima não casam, nem sequer pelo registo e dormem homens com homens, mulheres com mulheres, pretos com brancas e brancos com pretas, uma promiscuidade. O amor é uma coisa linda, pelo menos desde Eva e Adolfo.
[A explicação para o título e para a imagem que ilustra o post]
Excluída que parece estar a piedade cristã do “dar a outra face”, resta como prémio de consolação a aprendizagem, a posteriori e por actio in personam, da velha máxima “não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti”. Menos sorte tiveram as suas vítimas, pela ausência de prerrogativa em pedir transferência para longe do agressor.
(Imagem de autor desconhecido)
Na semana em que nos livrámos do 24 Horas, rapidamente outro se posicionou para ocupar um nicho de mercado. Ah e tal, jornalismo de referência…
(Imagem de Matthew Rolston)
«Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia.»
Pacheco Pereira no Abrupto em17 de Setembro de 2007
«Suspeitas de ofensas corporais qualificadas, incluindo um tiro na perna de um membro do grupo motard Hell's Angels, foram o motivo que levou a Polícia Judiciária a deter esta quarta-feira Mário Machado.»
A História está repleta de exemplos de delinquentes e bandidos que saíram directamente do submundo para o activismo político, ou que usaram o activismo político como capa para as actividades fora da Lei.
Mas quem sou eu para dar lições de História a um historiador? Para mais quando ele gosta da vestir a pele que veste.
(Foto de Paul Taggart)