"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Passos Coelho chamou para o cargo [governador do Banco de Portugal] Carlos Costa, um homem com um passado profissional longo e credível e um distanciamento da política notório [...]".
Não há dinheiro para nada, nem para a saúde, nem para a educação, nem para pensões e reformas, nem para aumentar apoios sociais, nem para diminuir a idade da reforma, nem para o investimento público.
"Instituição pode receber uma verba superior ao previsto no OE 2020" mas devemos todos ficar muito contentes e até aplaudir de pé já "que permite concluir limpeza do banco abaixo do valor máximo de 3,89 mil milhões acordado e muito antes do prazo final". Inimagináveis milhões de euros do contribuinte depois ainda poupámos dinheiro. Viva!
Onde é que pára o PS de esquerda que levou os anos da troika, que foram os anos do "poucochinho" Tó Zé Seguro, um quase cúmplice, a gritar que a austeridade estava a matar a Europa e a aprofundar o fosso, não só entre o norte e o sul, mas entre os mais ricos e os mais pobres dentro de cada país, enquanto fomentava o racismo e a xenofobia e era a responsável pelo ressurgimento dos fascismos no continente depois da II Guerra?
"Orçamento do Estado só deverá prever um aumento de um por cento para a Administração Interna. Cabrita exige 5% para fazer face às reivindicações sindicais e esvaziar o Movimento Zero."
"O The Wall Street Journal escreve esta quarta-feira que Mário Centeno é um dos nomes apontados para substituir Lagarde na liderança do Fundo Monetário Internacional"
Paulo Macedo, que é principescamente pago pelo contribuinte para fazer bem feito o trabalho para o qual é pago, vai receber um prémio de gestão por ter aplicado taxas e taxinhas a pensionistas, reformados, e funcionários públicos em todas as operações bancárias existentes na Caixa Geral de Depósitos e em todas as que no futuro vierem a ser inventadas, e por ter metido os depositantes a pagar ao banco para usar as suas economias, mal habituados que estavam a receber juros por emprestarem dinheiro à Caixa, vulgo depósitos. Muito bem.
A propósito da injecção de [mais] um milhão e cem mil euros no Novo Banco, saídos do Fundo de Resolução Bancária, por interposta pessoa o Estado, e que não é um só euro do dinheiro que o contribuinte vai recuperar no prazo de 30 anos, um exercício interessante de fazer seria recuperar agora o que dirigentes, deputados, comentadeiros e paineleiros diversos em rádios, jornais e televisões, blogues e mais as brigadas de plantão às "redes", disseram quando Pedro Passos Coelho afiançou que o dinheiro emprestado ao Fundo estava a render.
Depois, se houver uma crise como a do subprime, ou outra, uma guerra, com o imbecil que está instalado na Casa Branca nunca se sabe, se o preço do petróleo vier por aí acima, se o próximo ocupante do Banco Central Europeu for um alemão fundamentalista, e isto der para o torto, dá de certeza, e apanharmos com o terceiro resgate numa década, o ministro das Finanças vai explicar aos portugueses, aqueles que não trabalhadores da Administração Pública, do sector privado, que não são aumentados há quase uma década, nalguns casos até há mais tempo, porque é que não havendo dinheiro para nada, nem para a saúde, nem para a educação, nem para as polícias e os militares, nem para a justiça, andou a distribuir dinheiro a rodos ao invés de manter o défice perto do zero por forma a reduzir os juros da dívida e permitir o investimento público.
A propósito do post "E se fossem gozar com quem vos talhou as orelhas?" diz-me o João Galamba no Twitter que "O retorno é sobre o investimento no banco que é do Estado, não nos bancos que não são". Pois bem, que seja. E então já que não há retorno do dinheiro do contribuinte, enterrado a fundo perdido num banco privado propriedade de um fundo abutre a quem o Estado pagou para ficar com o banco, porque é que não ficámos, nós, o Estado, o contribuinte, com ele como pretendiam Bloco de Esquerda e PCP? Se era para ter prejuízo era preferível ficar com o banco do que pagar para o vender, certo? Ou nem por isso quando o medo e o respeitinho é muito bonito é condição para não invocar o interesse nacional e bater o pé a Bruxelas.
Se "O retorno é sobre o investimento no banco que é do Estado, não nos bancos que não são", ler a Caixa Geral de Depósitos, e uma vez que o dinheiro não se evapora de dentro dos cofres dos bancos, por que razão ou razões, o Estado, o dinheiro dos contribuintes, nós todos, os accionistas do banco do Estado, os tais que segundo o ministro Mário Centeno vão investir na mira do retorno, não podemos saber para onde é que foi o dinheiro que estava na Caixa e deixou de estar, para os bolsos de quem, e quem é que autorizou que o dinheiro passasse de um lado para o outro?
Corriam os últimos dias do Governo da direita radical e Pedro Passos Coelho, também conhecido por "o pantomineiro do pin", veio com a habitual falinha mansa em tom de barítono, avisar os portugueses que "Quanto mais tempo demorar a vender o Novo Banco, mais juros recebe o Estado", gerando grande sururu e grande clamor de indignação em tudo o que não era apóstolo ou escudeiro do futuro esperador do mafarrico. E o Novo Banco lá levou o tempo que levou a vender, com o ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro a governar a vidinha no regaço do Banco de Portugal, eos juros recebidos pelo Estado foram o que se viu e são o que são, pela parte que me toca, 1700 € desembolsados para o buraco geral, passo.
Ontem veio o ministro Mário Centeno, também conhecido como o Ró - náldo [com dois acentos, como dizem na televisão] das Finanças, avisar keep calm anda carry on que o dinheiro dos contribuintes, enterrado pelo Estado na limpeza de negócio do fundo abutre Lone Star, não é dinheiro atirado fora mas investimento público com retorno garantido, sem que, salvo raríssimas excepções, se levantasse um coro de protesto como nos idos do Governo PSD/ CDS.
Continuemos assim, com indignações e revoltas direccionadas consoante o lado de que sopra o vento, que vamos longe.
"Na sequência da publicação nos órgãos de comunicação social de notícias" o Departamento de Investigação e Ação Penal ordenou a instauração de processo-crime para depois os órgãos de comunicação social fazerem notícias sobre o processo-crime instaurado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal. Entretanto os jornais venderam, os telejornais tiveram picos de audiência, os cafés venderam mais ao balcão das conversas, o nome do ministro andou pela lama, o nome de Portugal andou pela lama e amanhã os órgãos de comunicação social vão publicar mais notícias sobre quem lhes der na real gana, sobre aquele que achem mais feio, que vão ser a ignição para o DIAP instaurar um processo-crime que vai fazer grandes primeiras páginas e grandes directos e espaços de análise nas televisões. E dura, dura, dura. E ninguém é responsabilizado. E ninguém é punido.
Diz a direita radical que Joana Marques Vidal foi a melhor Procuradora-geral da República de todos os tempos.
O ministro das Finanças que tirou Portugal do lixo das agências com o défice mais baixo da democracia promovido à presidência do Eurogrupo é afinal um badameco que se deixa corromper e que mete cunhas por dois bilhetes de futebol no camarote presidencial do estádio da Luz. Isto é para levar a sério?
Mário Centeno é do Benfica e o filho de Mário Centeno também. Mário Centeno gosta de ir à bola com o filho, como todos os pais que gostam de espectáculos desportivos sejam adeptos de que clube forem. Mas Mário Centeno como ministro das Finanças não pode ir à bola com o filho como ia o Mário Centeno anónimo, para a bancada. É que, apesar de vivermos em Portugal do fim do mundo onde não se passa nada, o tempo de Jorge Sampaio a ir a pé de casa para o trabalho é um tempo que já lá vai. E quem não percebe esta coisa simples, de um ministro das Finanças na bancada do estádio, não percebe nada. Os que não querem perceber é outra história. E Mário Centeno é o ministro da inversão das políticas da direita radical, de todas as metas cumpridas, da saída do lixo das agências e da presidência do Eurogrupo. O Mário Sem Tino, como lhe chamava a direita radical nas "redes" para o desacreditar e enxovalhar, e que fez Passos Coelho chorar a rir na primeira prestação enquanto ministro no Parlamento. Deram com os burrinhos na água e, como não conseguem arranjar nada por onde pegar, soltaram os porcos na chafurda.