|| "Memórias do Portugal Futuro"
Ainda sou do tempo em que Mário Soares era o bochechas, um contra-revolucionário que tinha guardado o socialismo dentro duma gaveta numa secretária no Largo do Rato, o amigo dos 'amaricanos' que fazia o que a CIA do Carlucci lhe mandava fazer, que era dar cabo da revolução e do poder popular. E todos os dias, durante o dia todo, lá víamos o bochechas, o secretário-geral do Partido Xuxalista, na televisão e nos jornais a defender a contra-revolução e a reacção e os reaccionários. E todos os dias, durante o dia todo, lá víamos os socialistas verdadeiros e os comunistas e os éme éles na televisão e nos jornais, o dia todo, a defender a revolução e o poder popular e a malhar no bochechas. E todos os dias, durante o dia todo, todo lá víamos os reaccionários e os contra-revolucionários escondidos atrás do bochechas com medo dos comunistas e do poder popular, e a não perder oportunidade de morder [n]a revolução, que mal empregues eram as que caíam no chão. Um Kerensky do caralho, esse bochechas.
E foi por bochechas ter sido o bochechas que os socialistas verdadeiros e os comunistas podem hoje continuar nos jornais nas televisões, e até on-line, todos os dias a malhar no bochechas, o dia todo. E foi por bochechas ter sido o bochechas que os éme éles se mudaram todos para o arco da governação e, com grande "sentido de Estado", pariram uma geração que, mais do que ter medo da memória, quer construir um homem novo. E estas merdas de construções e ocultações nunca deram bons resultados. Mas também para saber isso é preciso ter memória. E o bochechas, já velho com' ó caralho, sabe isso. E sabe disso.
[Na imagem Mário Soares por Rolf Adlercreutz]