"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A ponte 25 de Abril, concessionada à Lusoponte e que em 2012 já tinha recebido em rendas do Estado e portagens o dobro do que havia investido na construção da Ponte Vasco da Gama, também concessão sua e com participação accionista da Vinci, a concessionária dos aeroportos que vai encaixar mais uns milhões com o aumento de tráfego, consequência do novo aeroporto do Montijo, precisa de obras orçadas no valor de 18 milhões de euros, pagos pelo erário público que é como quem diz pagas com o dinheiro dos impostos dos contribuintes que é como quem diz pagas com o dinheiro de todos os cidadãos que todos os dias pagam portagem para atravessar o Tejo e que se reflectem nos lucros da Lusoponte. Não há dinheiro para nada, nem para saúde, nem para educação, nem para pensões e reformas e ainda vamos de ter de aumentar a idade para a reforma por causa da sustentabilidade da Segurança Social.
Ninguém é demitido, ninguém se demite, não há vergonha nenhuma, e há 4, 4 milhões de euros do contribuinte português, vezes xis meses, na conta bancária da Lusoponte.
Ferreira do Amaral ministro das Obras Públicas assina o contrato de concessão das pontes sobre o Tejo à Lusoponte. Para os mais esquecidos, era primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
Acontece uma reviravolta impensável e, o aeroporto que era para ser na Ota, afinal vai ser em Canha. Diz-se e escreve-se por todo o lado que Cavaco Silva Presidente teve um papel determinante na relocalização do aeroporto. Quiçá para fazer o jeito ao amigo Ferreira do Amaral, agora à frente dos destinos da Lusoponte; não?
Com 12 anos de intermezzo nesta ópera, os mesmos actores, se bem que um – Ferreira do Amaral – tenha passado a figurante.
Concordo com o que escreve Paulo Gorjão. Mas convém também não exagerar!