"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Alegar que alguém com salários entre o miserável e o remediado, mais as contas e a renda da casa para pagar, faz greve, que alguém se dá ao luxo de perder um dia de trabalho, sem razão para isso e só porque o PCP ou o PS lhes mandaram parar, é só passar [mais] um atestado de estupidez aos portugueses, depois do país estar melhor na saúde e na educação "do que há um ano atrás" [como se houvesse há um ano à frente ou há um ano ao lado].
"Vai fazer greve geral? Não. Não?! Não, se o problema deste país são os ciganos e os imigrantes porque é que vão perder tempo e desperdiçar energias com pacotes laborais?"
Para quem não percebe o papel que cabe ao partido da taberna na conjuntura política.
Luís Montenegro, a trabalhar, vem dizer-nos que a saúde, o melhor negócio que pode haver, só ultrapassado pelo das armas, a saúde privada só se salva se o SNS "não mandar tantos utentes para lá". No país do salário mínimo de 870€, e do médio bruto a rondar os 1700€, o negócio da saúde sobrevive e lucra sem os doentes da perda de competências da saúde pública para a privada e respectiva transferência de verbas e subsídios. É disto que o povo gosta, de gajos que fazem malabarismos com as palavras de sorriso na boca.
São fascistas, pensam como fascistas, agem como fascistas, mas não se lhes pode chamar fascistas que levam a mal. E até ficam ofendidos. É o passo que lhes falta dar. "Eu sou um democrata", foi assim que o taberneiro começou a arenga antes de invocar 3 Salazares frente ao pé de microfone em mais uma "entrevista exclusiva". A undécima numa semana, todas "exclusivas". E depois há os outros, os que incorporam o discurso. E a estética. Montenegro com oito bandeiras das quinas como alas onde até poucas horas antes havia apenas duas, uma nacional e outra da União. Confortável com a festa do partido da taberna. "A devolver a ordem". Se calhar cantando e rindo e com um cinto com fivela S a segurar as calças. Poucas horas passadas de ter sido aplaudido no Parlamento por associar ditadura e corrupção como resposta ao democrata que o taberneiro é. É o processo de normalização em curso.
Montenegro foi à China vender coisas, desde que Passos Coelho vendeu a EDP e a REN ao Partido Comunista Chinês somos bons a vender coisas ao Império do Meio, lá mais para a frente haveremos de saber o que foi vendido, desta vez com o nome de "investimento". E Montenegro, como nunca foi tido nem achado nas negociações para a paz na Ucrânia, aproveitou para se pôr em bicos de pés e "desafiar Xi a pressionar a Rússia. "Eu-ue [é assim que ele diz] creio que o apelo, vindo de um país amigo, não cairá em saco roto", enfatizou. Pela foto no Renmin Ribao - Diário do Povo, o sorriso de deslumbramento parolo do rural versus o ar de enfado do imperador, agora é que a China se vai chegar à frente.
Luís Montenegro não tira a gravata preta do pescoço desde o dia em que foi beber imperiais com Marcelo no Algarve, com a imprensa devidamente avisada, estava metade do país a arder. Se calhar vale pelos mortos Serviço Nacional de Saúde, que "está melhor que no tempo do Costa".
Não querem aproveitamento político disto os gajos que se estão a aproveitar politicamente disto e que sem pudor se aproveitam politicamente de tudo desde que lhes dê jeito. Tempo houve em que um desonesto chamado Carlos Moedas pediu a demissão de Fernando Medina, presidente da câmara de Lisboa, por causa de uma lista com nomes ucranianos na embaixada russa. Alçado ao poder na Praça do Município tratou de promover o responsável pela elaboração e entrega da lista.
A direita é isto, quando confrontada com a sua incompetência esconde-se na religião. Passos Coelho tinha um crucifixo no bolso, Procissão Cristas rezava para chover, quatro milhões desviados da Carris para a Web Summit valem uma missa na igreja de S. Domingos.
Pantomineiros, vigaristas, mentirosos, trafulhas, desonestos. É uma história antiga esta, a da direita na missa.
António Costa comprou casa no Rato e vendeu-a pelo dobro em menos de um ano, foi o que foi, aberturas de telejornais com especialistas em compras e vendas de imobiliário, manadas de minions e avençados nas redes dias a fio com a pouca vergonha que era.
Pedro Nuno Santos comprou um monte em Montemor-o-Novo, foi o que foi, aberturas de telejornais com especialistas em compras de montes, especialistas em IMI, manadas de minions e avençados nas redes dias a fio com a pouca vergonha que era, Ministério Público ao barulho e tudo.
55 - cinquenta e cinco - 55 imóveis, que não são 55 - cinquenta e cinco - 55 apartamentos, por quem só esteve 4 - quatro - 4 anos afastado da política. Uma vida inteira de trabalho e poupança, aqui não há nada para ver, xô, só inveja e maledicência, preservar a privacidade dos familiares, mesmo que alguns imóveis sejam garagens e estacionamentos [e ainda falam dos "monhés" que vivem aos magotes em garagens....].
Ontem, o dia em que se soube que há menos jovens no ensino superior, uma diminuição de 12% em relação ao ano de 2024, foi o dia em que batalhões de minions da direita situacionista, com os ilusionistas liberais à cabeça, caíram nas redes com o argumento "Para que é que serve um curso superior se tens mais empregabilidade, podes ganhar mais dinheiro com um profissional? Que há falta de tudo, carpinteiros, pedreiros, soldadores, electricistas, canalizadores, tudo o que seja profissão braçal. Se soubesse o que sei hoje [eles] não tinha ido para a faculdade [está bem abelha]", os mesmos que em 2014, num congresso da jota do falecido CDS, apresentaram uma moção que visava baixar a escolaridade obrigatória do 12.º para o 9.º ano, com o argumento do combate ao insucesso escolar, assinada por baixo por João Almeida, Miguel Morais Leitão, Adolfo Mesquita Nunes, Leonardo Mathias, entre outros saltitões da vida política nas televisões. 'Libertar Portugal, Conquistar o Futuro', Salazar sorriu de contentamento.
Há precisamente dois meses, não foi há tanto tempo quanto isso, o ministro sobrinho do ex ministro Álvaro Amaro, apareceu a dizer que a "Economia terá que se adaptar" porque o Governo fecha as portas ainda mais à imigração, apesar dos patrões reclamarem que fazem falta mais 100 mil imigrantes, além dos que já cá estão, para a coisa andar oleada sobre carris. Voltando ao princípio, tudo está bem quando acaba bem. Ou é preciso um desenho?
Depois de ter estado estendido ao sol do Algarve e a beber imperiais com o outrora palrador Presidente da República, Luís Montenegro apareceu nas televisões de gravata preta [não ter a puta da vergonha na cara é isto], a propagandear uma quantidade de medidas de apoio às populações assoladas pelos incêndios onde consta a isenção de taxas moderadoras no SNS, que já não existem desde maio de 2022, salvo sem referenciação prévia pelo dito SNS.
Dizem os comentadeiros e avençados nas televisões que há um problema de comunicação no Governo. Se calhar há um problema de incompetência. Ou um problema de andarem à nora sem saberem o que andam a fazer. Ou um problema de tomarem os portugueses por burros e deitarem mão a tudo que sirva para limpar a imagem. Ou todas as hipóteses juntas.
Luís Montenegro, ex líder do grupo para lamentar [não é gralha] de suporte ao de Governo de Pires de Lima & Procissão Cristas [também não é gralha], do eucalipto, das celuloses, e das alterações às reservas agrícolas e ecológicas nacionais, agora primeiro ministro, quer um pacto político para a floresta. Continuamos sem a puta da vergonha na cara.
Diz que a Solverde, uma das clientes da Spinumviva de Luís Montenegro, "estreia a nova campanha de verão, que tem como protagonista o cantor Toy. O artista estreia-se no universo do casino online com as ‘Toy Stories’". Também diz que o António Ferrão fez a animação da festa do partido chefiado pelo inventor da Spinumviva, “uma combinação de música, alegria e entretenimento”. Estupidamente avençado, "Vou fingindo que até nem percebo".
O que nos vale é que tivemos uns quantos "visionários" que conseguiram detectar o Sócras antes de toda a gente.