"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Aguardemos para ver o que dizem os comentadeiros-paineleiros e os escrevinhadores de editoriais, eufóricos com as condenações do Godinho ferro-velho, do Vara banqueiro e de Maria de Lurdes Rodrigues ministra da Educação, se a Justiça continua a funcionar, se a justiça não tem medo dos políticos, se agora é que é, se agora é que vão ver como elas vos doem, vassourada, ou se afinal não passa tudo de uma cabala, desestabilizar o Governo e atacar a imagem e honorabilidade do primeiro-pantomineiro e respectivo inner circle.
Depois de Fernando Seara em Lisboa, depois do[s] Orçamento[s] do Estado no Tribunal Constitucional, Luís Filipe Menezes no Porto. O PSD é um partido de foras-da-lei fora-da-lei?
As pessoas agarram e lêem, escrito preto no banco, que os presidentes de Câmara e de Junta de Freguesia eleitos têm os seus mandatos limitados a três consecutivos. As pessoas olham e vêem que o único partido político que apresenta candidatos fora-da-lei é o PSD, apoiado pelo CDS. As pessoas ouvem o ministro da Propaganda a arranjar maneira de colocar o CDS a falar baixinho atrás da porta e o líder a fungar nas televisões.
O partido de um só homem, um homem só. Tudo o resto é paisagem que compõe o quadro idílico e bucólico da liderança que repara no sorriso das vacas satisfeitíssimas enquanto trata das anonas. A coutada privada de "o doutor".
[Imagem "Puta de Mallorca, 1969", Christer Stromholm]
Há Menezes, um candidato "fora da lei" e campeão nacional do endividamento autárquico, o que por si só é um sério teste à inteligência e sanidade mental dos cidadãos do Porto, e Moreira, que nos intervalos das outras coisas [desde o futebol ao aeroporto de Alcochete], é presidente da Associação Comercial do Porto. É por isso que a gente gosta muuuuuito da democracia, as pessoas podem fazer com o seu voto o que muito bem entenderem.
O PSD também se vai pronunciar esta semana, não por apresentar um ex-líder, dirigente nacional e Conselheiro de Estado, numa candidatura "fora-da-lei" a uma Câmara Municipal, mas «sobre o perfil do candidato» e tal e tal.
O Conselheiro de Estado, e futuro candidato autárquico fora-da-lei, depois de ter malbaratado 16 milhões de euros dos impostos dos contribuintes a patrocinar o futebol profissional com salários pagos a peso de ouro, continua embalado fora-da-lei como futuro ex-presidente.
Ao invés de responder que nem no Porto nem em Vila Nova de Gaia nem em outra cidade qualquer, a bem do rejuvenescimento e da transparência democrática, uma vez que já ocupa o lugar de presidente da Câmara desde 1997, que já anda na política desde os idos do PREC, e que já vai sendo mais que tempo de ceder o lugar a outra gente com outras ideias e outras visões para a cidade, para a região e para o país, interrogado se poderia ser ele o próximo a ocupar a cadeira do poder no Porto, Menezes escusou-se a comentar.