"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Podemos não ter o altar-palco no formato Zeppelinfeld de Nuremberga e o palco-altar em Minecraft, no alto do Parque, e haver na mesma o famoso "retorno", por que tanto anseiam alguns "famosos".
Assim como não é necessário evento nenhum, religioso ou outro qualquer, para investir o mesmo dinheiro e reconverter a zona. Mas há o factor "cagança" que é o que parece pesar mais.
A soberba, a luxúria, a gula, três pecados mortais de que enferma a direita, beata e temente a Deus, por detrás da organização do comício da ICAR.
Um interessante trabalho de jornalismo era recuperar o que Carlos Moedas, Filipe Anacoreta Correia, e restante tropa-fandanga, escreveram e disseram sobre o dinheiro do contribuinte enterrado nos estádios do Euro 2004, à época também eles apresentados como uma "obra para o futuro" e "investimento com retorno", damos-lhe um porco e recebemos de volta um chouriço.
Alguém sabe se António Costa telefonou ao presidente da câmara de Setúbal? Alguém sabe se António Costa telefonou ao presidente da câmara de Campo Maior? Alguém sabe se António Costa telefonou ao presidente da câmara de Oeiras? Alguém sabe se António Costa telefonou ao presidente da câmara do raio que o parta? Mas toda a gente sabe que António Costa não telefonou ao presidente da câmara de Lisboa e toda a gente andou dias a falar de uma pergunta feita por um jornalista a propósito de uma pergunta que não foi feita. Traduzindo, António Costa, político com traquejo e experiência, levou cartão laranja, aquele amarelo a roçar o vermelho, papado por Carlos Moedas que, em modo Taremi, assim que viu a sombra do primeiro-ministro se fez à falta. E Costa caiu redondo que nem um patinho. Costa papado por Moedas, que por estas horas ainda se deve estar a rir, a meias com Marcelo. E esta é que devia ter sido a notícia.
O ponto não é como a água chega ao mar, se escorrendo alegremente pelo alcatrão e calçada abaixo ou se alegremente escorrendo por uma rede de túneis construída para o efeito, o ponto é a água chegar onde não devia, ao mar.
A verdade é que o conceito "impermeabilização dos solos" é coisa que não passa pela cabeça das câmaras municipais quando toca a receber licençasdeconstrução, Sisas e IMI's, nem a origem da toponímia desperta qualquer curiosidade da parte dos compradores [Sete Rios, Rio da Figueira, Alcântara, Ribeira Velha, etc.]
Presidentes de câmara, presidentes de junta de freguesia, arquitectos, jornalistas, Presidente da República, geólogos, bombeiros, polícias, engenheiros, deputados, secretários de Estado, presidentes de IPSS e misericórdias, paisagistas, urbanistas, oportunistas e outros terminados em ista, comentadeiros e paineleiros avulso, todos em directo de momento a partir do "local do crime" ou de casa por tele chamada, debates de horas no cabo a seguir ao telejornal, os problemas estão diagnosticados, as soluções encontradas, é quase a unanimidade da Pátria para precaver as cheias. Para a próxima vamos estar aqui todos outra vez, nós e eles, ou outros por eles, pode ser já para o ano ou daqui por 10 ou mais anos.
O Presidente da República do Estado laico, como qualquer português que se preze assim que dá com um buraco na estrada, uma pá ou uma retro escavadora, foi ver o andamento das obras para receber o Papa à beira do Trancão, depois da birra entre a autarquia e o Governo para ver se a empreitada de 6.997.327,95 € era paga pelo contribuinte, via câmara municipal, ou se a empreitada de 6.997.327,95 € era paga pelo contribuinte, via Estado, já que a isenção de imposto de selo, de emolumentos, de taxas de esgotos, de IMI, de IMT e de quaisquer outros impostos e taxas nacionais, regionais e locais, de que a Igreja Católica beneficia, não é compensada pelo que entra pela porta do cavalo em donativos e esmolas, e o dinheirinho não chega para receber com dignidade o secretário de Deus no planeta Terra.
Deus é grande mas o contribuinte ainda é maior, apesar de se escrever em minúsculas [e não há dinheiro para nada].
"Fechar a Praça do Comércio significa despedimentos".
"Fechar a Rua Augusta significa despedimentos".
"Fechar o Bairro Alto significa despedimentos"
"Fechar a Avenida da Liberdade significa despedimentos", avisa Moedas, ou quando se elege um acidente de percurso, incompetente e impreparado, presidente de câmara.
Marcelo, que tem como paixão os sem-abrigo e que arranjou maneira de se encontrar "por acaso" com Carlos Moedas na Feira do Livro em plena campanha autárquica, já comentou que é preferível dormir na rua em pleni inverno que num local sem condições?