"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A Rússia, onde os jornalistas críticos do regime aparecem mortos a balas sem nunca a polícia encontrar os culpados, ou encontrados suicidados sem motivo plausível, e os jornais independentes do poder político são encerrados em nome da liberdade, é a Rússia que lamenta a morte de um jornalista por um rocket russo na Ucrânia. Não lamenta coisa nenhuma, puta que os pariu.
Por cá tivemos tivemos do lado de lá da trincheira um alegado jornalista, por coincidência e só por coincidência militante e candidato autárquico pelo partido pan-eslavista português, aquele que só quer "a paZ! a paZ! a paZ!", que todos os dias encontrava um exemplar do Mein Kampf e uma bandeira com a suástica em cada alegada base ucraniana tomada pelo glorioso Exército Vermelho aos azoves do Batalhão, enquanto lamentava a parcialidade da imprensa ocidental por não mostrar o lado de lá que, para grande infelicidade do Kremlin, não é mostrado por causa dos assassinados e suicidados jornalistas e assim tem de recorrer a estrangeiros desempoeirados.
Isto já nem é uma questão de liberdade de imprensa variável consoante a ideologia ou a latitude mas uma questão de palhaço útil.
A haver coluna vertebral no jornalismo de dentro de portas estas coisas eram de resolução fácil: blackout noticioso total a toda e qualquer referência, por mais leve que fosse, à agremiação de Alvalade. Jornais, rádios, televisões, em todas as modalidades e, sobretudo no futebol, na chamada apresentação do jogo, nas flash interviews após o apito do árbitro e na análise ao jogo na sala de imprensa.
Adenda: Não deixa de ser curioso não se ter ouvido da parte do Sindicato dos Jornalistas uma referência, uma única referência ao facto de por detrás desta estratégia se encontrar um seu associado, noutros tempos um paladino da liberdade de expressão e da imprensa livre.
Que tudo não era mais do que um monte de ideias, um alinhavo, nada definitivo ou para levar à letra, foi a desculpa mal-amanhada, encontrada à pressão das reacções da opinião pública e da opinião publicada, para fazer marcha à ré. Pois. Está bem. O grave é que lhes tenha passado pela cabeça e o tenham passado ao papel. Não percebem, fazem-de de burros e ainda é pior a emenda que o soneto. Para memória futura fica que foram os partidos da maioria e o PS – como a generalidade da imprensa o refere, ou os partidos do governo e o Partido Socialista – como aparecia ontem na imprensa espanhola, ou o PS, o PSD e o CDS, por esta ordem – como a SIC abriu os telejornais. Do you know wath i mean? Que sejam os Carlos Abreus Amorins ou os Telmos Correias da vida airada é grave, mas a gente encolhe os ombros, o que é que se há-de fazer se é a raça deles... Que sejam as Ineses Medeiros com assentos e acentos parlamentares sem saber ler nem escrever, na bancada do partido de Mário Soares, que deu o corpo e a alma para que Telmos Correias e Abreus Amorins tenham a liberdade de dizer ao que vêm, é que é grave. Percebem, ou nem por isso?
Ia perguntar se o Equador já tinha chegado à Venezuela quando a pergunta a fazer é se a Venezuela já chegou à Europa. "Alonjo de Ojeda" está de regresso para nos [re]baptizar, e as palafitas indígenas continuam a ser parecidas com Veneza, cidade italiana, da Itália de Sílvio Berlusconi magnata da comunicação social. "Não há necessidade de escrever mais".
Os votos contra foram o do presidente Carlos Magno, que trata as gravatas de Miguel Relvas por tu e compara a conspiração das escutas a Belém, urdida por Cavaco Silva e Fernando Lima, ao caso Monica Lewinsky, e o da vogal Raquel Alexandra, nomeada pelo PSD, e que repete o receituário da declaração de voto do caso Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas quando o “Oh Serra!” agrediu um jornalista da TVI, e quando ilibou Miguel Relvas de pressões sobre uma jornalista do Público, sem se sentir minimamente condicionada pelo facto de ser amiga do ministro.
Ainda me passou pela cabeça escrever alguma coisa sobre o affair Público e o trapalhão e desajeitado e inculto ministro da Propaganda… mas como se ele se encarrega de "escrever" tudo por nós?
Fico-me só por uma citação de Groucho Marx: "Uma criança de cinco anos perceberia isto. Enviem alguém que vá buscar uma criança de cinco anos."
E os bloggers vestidos de branco, ‘obviamente, pela liberdade’, ocupados que estão na chafurdice do pote atafulhados que estão em trabalho, por via das nomeações para os ministérios e secretarias de Estado e assessorias diversas, não dão sinais de vida quando mais a Liberdade e a Democracia precisava deles.
Toca então a recuperar as velhas máquinas stencil que o Avante! vai regressar à clandestinidade.
(Na imagem o jornal Avante! de Dezembro de 1955. “Há 76 anos Nasceu Staline o continuador da obra de Lenine”, como é sabido, dois grandes defensores da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão)
Depois do intelectual engagé, o cineasta engagé que interpreta o papel de idiota útil e vai a Veneza caucionar os NovosFascistas. De caminho passa reprimenda ao jornalista do El País por não andar com Hugo Chávez nas palminhas das mãos, e que a estória de não haver liberdade de imprensa na Venezuela não é mais do que uma treta inventada (pelos imperialistas “amaricanos”?) e que tudo se resume a uma questão burocrática:
«I feel some hesitation and scepticism about intervening in defence of press freedom. If such a step is necessary, it means that society, and therefore much of the press, is already diseased.
In "robust" democracies there should be no need to defend press freedom, because nobody would ever think to challenge it.»
Não vejo a TVI, contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que vi a TVI, não faço ideias de nos próximos tempos ver a TVI. Não gosto do estilo; não faz o meu género.
Mas mais preocupante que a personalidade histriónica da televisão de José Eduardo Moniz ,são as reacções de alguns actores políticos aos seus conteúdos, e particularmente aos seus “noticiários”.
Ninguém é obrigado a ver a TVI. Só via cabo são mais de 40 os canais, e em sinal aberto há mais 3 botões até chegar ao botão com o n.º 4.
Para resolver questões relacionadas com calúnia, difamação e falsa informação existem os tribunais. Para educadores das massas bastaram Salazar, Mao ou Ceuacescu, entre outros. E o Hugo Chavéz é lá na Venezuela.