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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Razões de Estado

por josé simões, em 05.11.08

 

«A nossa Justiça tem de ser mais rápida. Precisará de relógio? Não, precisa de cronómetro! Um exemplo de ontem: foi adiado o julgamento em que Carolina Salgado é acusada do crime de "fogo posto" nos escritórios de Pinto da Costa e de Lourenço Pinto. A razão é de Estado: os queixosos não compareceram em tribunal "por causa do jogo" do FC Porto em Kiev.

 

No entanto, o voo que transportou a comitiva portista para a Ucrânia saiu com 30 minutos de atraso porque Pinto da Costa se esqueceu do passaporte em casa. É aqui que entra o cronómetro. Se a nossa Justiça fosse um bólide, o julgamento tinha-se realizado naquela meia hora de impasse e em pleno aeroporto. É que estavam lá todos. E sem nada que fazer.»

 

Leonor Pinhão no Correio da Manhã

 

 

Ai não que não é

por josé simões, em 04.01.08

 

“Aproximou-se a meia-noite e o País dividiu-se segundo as suas classes sociais: ou mandam SMS ou desatam aos tiros. Nos bairros pobres está instituído um modo de celebrar. É à pistola. Mal soam as doze badaladas, o pessoal pega nas armas, chega-se à janela e atira para o ar.
 
 
Com a tradicional falta de pontaria portuguesa, houve duas vítimas de balas perdidas. “Isto não é o Faroeste”, veio sentenciar um autarca de Gaia, onde o sangue correu.

Os ricos, os rancheiros, os políticos e o xerife da lei antitabaco passaram a noite no Casino. O xerife de cigarro na boca, para mostrar que a lei é para os outros. Olhem bem para o mapa da Europa. Isto não é o Faroeste? Ai não que não é.”
 
Leonor Pinhão, hoje no Correio da Manhã
 
(Foto roubada no Boston Globe)
 
 

O que eles dizem de nós

por josé simões, em 10.05.07

 “Há uma preocupação nacional com aquilo que os estrangeiros dizem de nós. Não deve haver outro povo que dê tamanho valor à opinião dos ‘gringos’. Será, talvez um resquício da antiquíssima grandeza do País, dos tempos das navegações e do império comercial. Já lá vão séculos. E, findo o esplendor, ficou apenas a vaidade de meter, aos de fora, respeito e admiração. Por isso os turistas dizem que os portugueses são ‘gentis’, não sonhando sequer como, entre nativos, as coisas não se passam assim. É a necessidade de impressionar forasteiros para que não falem mal de nós. Porque para dizer mal de nós, estamos cá nós. Ontem, ouvi, na rua, uma senhora a dizer que não aguentava “as notícias sobre a menina inglesa”, pelo dó que lhe causavam, e acrescentar que só via “as notícias dadas pelos ingleses” para ver “o que eles dizem de nós”. Alguém que explique isto, por favor.

 

Leonor Pinhão no Correio da Manhã, hoje.