"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Só me lembro de duas pessoas em cima do palanque a espumar pelos cantos da boca ao mesmo tempo que disparavam balas com os olhos: Basílio Horta candidato do CDS à presidência da República e Duarte Lima líder da bancada parlamentar do PSD. Estão ambos em “parte incerta”.
Serviço Público é isto: uma pessoa chega a casa vinda do trabalho, das férias, or ever, liga a televisão e dá de caras com uma tribuna escancarada e com passadeira vermelha estendida para os amigos, conhecidos da casa e conhecidos da rua fazerem a defesa da sua honra, e magistralmente inaugurada com o celebérrimo desempenho de Carlos Cruz a chorar que nem uma Madalena, que nunca nos dias da sua vida tinha posto o dedo numa criança. Tanto se me dá que tenha ou não tenha posto, que tenha ou não tenha assassinado, que tenha ou não tenha roubado. O que se me dá é o que como se não fosse desde já suficiente a Justiça dois pesos e duas medidas, mais pesada e mais célere para os suspeitos do costume, que é como quem diz para quem não tem direito a entrevista nas televisões em prime time.
É bem capaz de ter fundamento a máxima “a opinião pública só opina o que convém à opinião privada”.