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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Há xis anos ao lado

por josé simões, em 12.11.19

 

 

 

Pessoas que escrevem e dizem "há xis anos atrás" descurando ser desnecessário colocar o "atrás" à frente do número dos anos porque se é "há xis anos" é obrigatoriamente atrás, não há "há xis anos ao lado" ou "há xis anos à frente", são pessoas mui ignorantes nesta cousa da língua-mãe ou antes são pessoas bué [já consta no dicionário] inteligentes e cultas, que só pensam e escrevem em 'amaricano', tipo o secretário de Estado do governo da direita radical, o "cientista" Maçães, e que nessa sua erudição anglo-saxónica traduzem literalmente o "few years ago" como se tivessem um tradutor do Google dentro da caixa craniana? [O que ainda assim não deixa de ser uma burrice ainda maior que a primeira hipótese colocada, a da ignorância].

 

 

 

 

De uma vez para sempre, que já não há pachorra para tanta ignorância

por josé simões, em 24.11.16

 

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«A sílaba final [do apelido Félix] pronuncia-se como a sílaba final da palavra lápis,[...].


«Os nomes portugueses terminados em x vieram directamente do nominativo latino (e não do acusativo, como é a regra geral) e mantêm em geral em português a pronúncia latina /ks/ (Fénix, ónix, tórax, clímax, córtex, Ájax, etc.), pois entraram tardiamente no português (no século XVI ou seguintes), importados directamente do latim, sem evolução.


«As excepções são cóccix (/cóccis/), por questões de eufonia, e o antigo cálix (/cális/), do vocabulário litúrgico, que entrou no português muito cedo, havendo registos escritos com /s/ final no português antigo, no séc. XIII.


«Quanto a Félix, a grafia latina aconselharia a pronúncia em /ks/, mas esta palavra também entrou no português muito cedo, ainda na fase da formação da língua, aparecendo já no século XI registada como Felici e Felice, sendo, pois, esta a pronúncia que existia e perdurou, mesmo quando se recomeçou a grafar Félix.


«Por outro lado, no caso de nomes próprios ou de nomes de família, deve ser respeitada a tradição familiar no que diz respeito à pronúncia de nomes que não seguiram a regra geral na passagem do latim para o português. Assim, se a família pronuncia /félis/ há séculos, essa pronúncia deve ser respeitada.»


À atenção das rádios e das televisões, Féliks é a tua tia, pá!

 

 

 

 

||| Calem-se, por favor, mas de vez!

por josé simões, em 18.04.16

 


«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez» É bem verdade, mas apresentemos argumentos um pouco mais científicos.


Com a preocupação de defender os direitos das mulheres, o primeiro-ministro francês fez aprovar o Decreto n.º 84-153, de 29 de fevereiro de 1984, que criou uma comissão de terminologia encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.


A comissão começou a trabalhar com base no pressuposto de que a língua francesa seria machista, assumindo-se que o masculino favorecia um apagamento do feminino, que o masculino se sobrepunha e abafava o feminino. Era essa a ideia do governo francês, e foi com essa ideia que a comissão de terminologia foi criada.


Surpreendentemente para o governo, mas não para os linguistas sérios, a comissão veio declarar que a preferência pelo masculino em nada abafava ou diminuía o valor do feminino. Com efeito, diz a comissão:


«Herdeiro do neutro latino, o masculino mostra-se imbuído de valor genérico, sobretudo nos casos de plural que lhe atribuem a capacidade de referir indivíduos dos dois sexos, neutralizando assim os géneros.»


E continua, a propósito do que refere como «a regra genérica do masculino»:


«Para referir o sujeito jurídico, independentemente da natureza sexual do indivíduo referido, melhor será recorrer ao masculino, uma vez que o francês não tem género neutro.


[...]


A comissão defende que os textos regulamentares devem respeitar o regime da neutralidade das funções.»


Na mesma linha se pronunciou a Academia Francesa, chamando a atenção para a não coincidência do género gramatical e do género natural, que todos os linguistas bem conhecem. De facto, a associação do género gramatical ao género natural (ou sexo) é abusiva. As crianças podem ser do sexo masculino, assim como as vítimas e as testemunhas podem ser homens. Também o príncipe Hamlet é uma personagem shakespeariana. No entanto, a língua marca essas palavras de femininas, independentemente de o referente ser masculino ou não. O crocodilo não é necessariamente masculino nem a mosca necessariamente um animal (ou animala?, para não ser machista) feminino. Em francês, a vítima (la victime) é uma palavra do género feminino, mas a testemunha (le témoin) do género masculino. O género gramatical é uma convenção linguística, tal como o número e o caso, por exemplo.


E contrariamente ao que já foi publicamente dito, não é verdade que «a língua reflete os valores, usos e costumes da sociedade. Promove a desigualdade se usarmos uma linguagem que consagra a ideia do masculino como universal». Não é a língua que promove a desigualdade, é a sociedade que promove a desigualdade. Acusar a língua é deitar poeira para os olhos, dirimindo responsabilidades e deixando a sociedade longe de toda a culpa. A culpa é da língua?! E assim ficarão todos contentes quando falam com os colegas e as colegas.


[Continuar]

 

 

 

|| Agora batemos todos palminhas e dizemos "espetador"

por josé simões, em 08.12.12

 

 

|| A minha Pátria é a deutsche sprache no lebensraum

por josé simões, em 06.11.12

 

 

 

|| O Verdadeiro Artista

por josé simões, em 19.06.12

 

 

 

"Esta situação poderá suscitar dúvidas, fazendo prever que o exame vá premiar os bons alunos"

 

Agora repitam três vezes: "vai premiar os bons alunos, vai premiar os bons alunos, vai premiar os bons alunos" e depois todos à manif dos stôres contra a avaliação que vai premiar os bons professores.

 

[Imagem "June 30, 1924, Debutantes with Summer Follies, Mary Seldon, Dora Wagner" via National Photo Company Collection]

 

 

 

 

 

 

|| Sensação de impotência e sentimento de revolta é o que me vai na alma; dá para passar no exame?

por josé simões, em 27.07.11

 

 

 

Mas, como diz o povo, a culpa também não é deles, é de quem os fez assim:

 

«se deveu ao facto de os alunos terem confundido sensações com sentimentos»

 

(Imagem de Romaric Tisserand)

 

 

 

 

 

 

 

|| Coisas bonitas que haviam caído no esquecimento

por josé simões, em 25.09.10

 

 

 

Do 8 no meu tempo, cantar todos os dias o Hino Nacional na sala, antes de começar a aula, e sob o olhar atento do crucificado ladeado de Marcelo Caetano e Américo Thomaz, na parede por detrás da secretária do professor, ao 80 do pós-Revolução de Abril com o Hino e a Bandeira envergonhados ou banidos da escola.

 

Contra-capa do livro de Língua Portuguesa (Novo Despertar) do 3.º Ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico.

 

 

 

 

 

|| Grandes títulos

por josé simões, em 10.12.09

 

 

 

Confesso que fiquei boquiaberto: «Jogo contra a Pobreza de Zidane e Ronaldo vai ser na Luz», o que é que eles fizeram ao dinheiro que ganharam - e não deve ter sido tão pouco quanto isso -  enquanto futebolistas profissionais, em clubes de topo e nas melhores ligas do mundo? Querem ver que temos aqui dois novos “Vítores Batistas”?!

 

Afinal é «Jogo de Zidane e Ronaldo contra a Pobreza vai ser na Luz». Jornalismo “de referência”… Ai que saudades do meu professor da primária; já ninguém parava quieto na sala de aula.

 

(Imagem Washington, D.C., circa 1922, Maret French School, National Photo Company Collection)

 

 

 

Ra’ mente, ganda praga!

por josé simões, em 25.08.08

 

 

Estas pancadas linguísticas.

Uma época houve, em que discurso para ser discurso tinha de comportar o “efectivamente”. Desde o político, mais ou menos mediático, até ao cidadão anónimo entrevistado na rua a propósito de um atropelamento, lá vinha o “efectivamente”. De tal forma que Rui Reininho, então na sua fase áurea de letrista mordaz e perspicaz observador dos comportamentos, imortalizou o termo em disco com os GNR.

 

A moda mudou; aliás como qualquer moda que se preze. Depois da fase em que toda a gente começava o parlapié com o inevitável “é assim”, atravessamos agora a fase do “ra’ mente”. Há bocado vi uma reportagem sobre qualquer coisa que nem lembra ao diabo, mas que lembrou ao repórter, onde uma “tia”, com ar de quem nutre grande admiração pela Teresa Caeiro, utilizava em cada frase sem verbo, no mínimo, 5 vezes o termo “ra’ mente”. (Agora por isso, ra’ mente a Teresa Caeiro também está sempre a dizer “ra’ mente”.

 

Ra’ mente, ganda praga!