"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
«[…] desplegaron en instalaciones militares retratos del fallecido líder […], "en los que garabatearon inefables palabras difamatorias" sobre ellos, en lo que el régimen […] considera una "terrible provocación"»
Já nem vou pelo "pássaro branco, maior do que uma pomba, [que] apareceu de repente e limpou a neve que cobria os ombros da estátua do líder", por cá também há quem acredite e jure a pés juntos ter visto a Virgem Maria em cima de uma árvore. Religião é religião e cada qual tem a sua e é livre de acreditar no que muito bem entender. A minha dúvida é se no céu, dando de barato que um torcionário não vai para o Inferno, terá à espera um harém com 70 virgens, à imagem das que corriam atrás dele em vida com um sorriso e um we love you nos lábios.
Na ressaca dos sete secos à Coreia do Norte, no Estádio Green Point na Cidade do Cabo, tive oportunidade de escrever aqui: «Da história e do futuro destes futebolistas saberemos um dia, não muito distante - espera-se -, quando o povo coreano se livrar definitivamente dos loucos que o (des)governam e oprimem.»
Tudo é grandioso, desde os milhões com fome, aos desfiles com milhões de figurantes na Praça Kim Il-sung, sorridentes e efusivos, nos dias da Independência e de aniversário do monarca Kim.
Tudo é eugénico higiénico e perfeito, perfeito demais e dejá vù noutras paragens, não fora a minudência Liberdade que impede os figurantes de Pyongyang de marchar e sorrir e aplaudir no estrangeiro, na exacta proporção que os obriga a desfilar dentro de portas.
No Independent, um ex-professor de Kim Jon-il, em tradução livre da minha autoria:
“(…) o professor Kim descreve como Pyongyang foi "purificada" de todos os residentes deficientes antes do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes em 1989, uma exibição projectada para superar as Olimpíadas, que tiveram lugar em Seul no ano anterior. A maior parte das vítimas eram "relojoeiros, gravadores, serralheiros e sapateiros" que desapareceram durante a noite.”
Até mesmo para as pessoas de estatura baixa não era seguro, declara o professor Kim.. O governo distribuiu panfletos a milhares de pessoas em Pyongyang onde se dava conta duma maravilhosa droga que iria aumentar a sua altura. Os candidatos foram enviados para longe e para diferentes ilhas desabitadas, numa tentativa para pôr termo aos genes abaixo da média, com o objectivo de impedir uma nova geração. Esquecidos ou mortos, nenhuma das pessoas voltou para casa.
Bradley K Martin, o autor de Under the Loving Care of the Fatherly Leader e um repórter veterano em assuntos norte-coreano, diz que é verdade, que impossível encontrar pessoas deficientes em Pyongyang.”