"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O sistema parlamentar constitucional português não é composto por duas câmaras:
– a baixa, com os representantes da plebe, eleitos em eleições livres e democráticas por partidos políticos, que legisla em função das conveniências e arranjos da outra câmara;
- a alta, não eleita – a concertação social, com a elite patronal e o Governo escondido atrás, mais uns homenzinhos responsáveis e felizes da vida por se sentarem ao lado dos senhores – a UGT, sem representatividade laboral, pescados à linha para dizer que sim, assinar por baixo e fazer uma maquilhagem consensual e abrangente da sociedade.
[*] A outra metade da história saberemos mais tarde quando a História nos fizer o relato da 'abditae causae' por detrás do frenesim privatizador de Sérgio Monteiro num Governo em final de mandato
Conta a lenda que, andando um árabe há um ror de dias perdido no deserto e quase a morrer à sede, lhe aparecia a espaços um ocidental que lhe propunha para desespero seu a compra de uma gravata, quando o que qualquer pessoa com um mínimo de humanidade faria seria oferecer-lhe água. Quando por fim, e já moribundo, alcançou um oásis propriedade de uma empresa europeia, deparou-se com um letreiro na porta: “Obrigatório o uso de gravata”.
By the way, não é um fato de treino, é um blusão com capuz, à venda na Pull and Bear por uns quaisquer €20, o que só por si quer dizer muito: que José Soeiro não pertence à ala anarka-okupa anti-globalização do Bloco.
(Na imagem capa do livro Etiquette for the Well-dressed Man (The Etiquette Collection), Paperback, Copper Beech Publishing Ltd)