"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Para assinalar o 25 de Novembro, esse dia lindo e maravilhoso que segundo a direita foi tão ou mais importante que o 25 de Abril na restituição da liberdade e da democracia ao povo português, a câmara de Lisboa convida José Miguel Júdice, o tal que nos idos do fascismo liderava um bando que considerava Marcello Caetano um perigoso esquerdista enquanto se entretinha a "incendiar Coimbra" e que, derrubada a ditadura, integrou uma organização terrorista ao lado do camarada chegano Pacheco Amorim, para debate moderado pela moderada Helena Matos, que já o 25 de Abril ia alto foi para o alto da Sierra de Estrela, a Maestra tuga, de armas na mão "combater os activistas burgueses, contra-revolucionários, que queriam instaurar um regime democrático em Portugal", agora escriba no online da direita radical, o Observador, palco de alucinados que fazem o Milei argentino parecer um tipo sensato, frente ao Álvaro, que em beleza podia ser militante do PSD mas agora que está no PS deixa-me [ele] estar. "Excelente iniciativa de @Moedas", deixa no Twitter Paulo Pinto Mascarenhas, ex dirigente do malogrado CDS e adjunto de gabinete de Paulo Portas nos idos em que andou a ministeriar pela Defesa e pelo Mar. "Espetáaaaaclooo!", parafraseando "o gordo" do Preço Certo.
O pregador evangélico da Igreja Universal da Honestidade, Moral e Bons Costumes, com lugar cativo no horário nobre da televisão do militante n.º 1.
"O antigo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, teve um papel central em duas sociedades "offshore" constituídas por João Rendeiro, a Penn Plaza Management e a Corbes Group."
E o pregador evangélico da Igreja do Homem Providencial, da Lei e da Ordem, e dos Portugueses de Bem, depois de anos na Tiago Caiado Guerreiro a planear a fuga aos impostos dos Rendeiros desta vida, vulgo planeamento fiscal, em conflito de interesses com o cargo de deputado eleito da Nação.
Precisamos de um golpe de Estado, de uma revolução que mude o sistema político actual, que acabe com os partidos que alimentam o pimping [em inglês soa menos mal] que os escritórios de advogados fazem há décadas ao erário público, e que passe os comunistas, na melhor das hipóteses, à clandestinidade, já quem nem 48 anos de ditadura conseguiram acabar com a raça deles. É isto, não é?
As pessoas que podem ser menos felizes com menos deviam saber quantos salários mínimos mensais entram na casa de quem diz que há pessoas que podem ser menos felizes com menos, e também ter poder económico para pôr os filhos a viajar pelo mundo, a "ter perspectiva", a ganhar calo e vacinação contra a política, que lhes permita um dia ser decisor político quando a Pátria os chamar. É isto, não é?
Ah, mas eles merecem. Merecem porque trabalharam muito. Esforçaram-se. Muito. Podem continuar a viver acima das nossas possibilidades dentro das suas possibilidades.
«Os jornalistas ajudaram o BE a nascer, amamentaram-no, mudaram-lhe as fraldas, disfarçaram-lhe as traquinices», mas da Laurindinha e do Movimento Esperança Portugal ninguém fala...
«Laurinda Alves existe: é uma brilhante jornalista, que se revelou politicamente no combate do referendo ao aborto (do lado da penalização), que é uma pessoa decente e representa um novo partido (…)». (Negrito meu).
José Miguel Júdice no Público (sem link).
«Oh Laurindinha, vem à janela.
Oh Laurindinha, vem à janela.
Ver o teu amor, (ai ai ai) que ele vai p'ra guerra.
Ver o teu amor, (ai ai ai) que ele vai p´ra guerra.
Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir.
Se ele vai pra gurerra, deixá-lo ir.
Ele é rapaz novo, (ai ai ai) ele torna a vir.
Ele é rapaz novo, (ai ai ai) ele torna a vir.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo (ai ai ai) de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo, (ai ai ai) de arranjar mulher...»
Paulo Portas inchado da importância política que a si próprio atribui, e que só ele e o seu escudeiro Telmo Correia conseguem ver, veio a terreiro dizer que está em curso uma campanha para o desacreditar politicamente; declarações objecto de post ontem aqui no blogue. Ontem foi Marques Mendes a afinar pelo mesmo diapasão a propósito da estória mal contado do “e-mail”, e da menos-mal, mas ainda assim mal contada estória, das remunerações na Universidade Atlântica. Ambos meteram os pés pelas mãos ao invocar a oportunidade das notícias com as eleições em Lisboa, porque ambos se esqueceram de explicar aos cidadãos se, as notícias surgidas têm como pano de fundo Lisboa, porque razão os noticiados são eles dois e não Telmo Correia e Fernando Negrão. Os assassinos por detrás de tão vis actos são obviamente, o PS e o Governo; no caso de Mendes com uma mãozinha de Isaltino, sedento de vingança lá para Oeiras.
Hoje no Público, o futuro Comissário Ribeirinho para Lisboa, José Miguel Júdice,assina mais de meia página a queixar-se de uma tentativa de assassinato político de que foi alvo. De certeza por esquecimento, esquece-se de referir que a notícia só foi notícia, pelo enquadramento que ele próprio lhe deu. Enquanto o diabo esfrega um olho: saída do PSD, mandatário de António Costa; e, António Costa que já sabia da coisa, caladinho, com ar de sonso, dentro de uma canoa em campanha pelo Tejo acima, sorridente para as câmaras das televisões a dizer que quando for presidente da Câmara de Lisboa, vou fazer isto aqui, e mais isto ali; e só não vou fazer em Almada porque infelizmente (para ele, mas suponho que felizmente para os almadenses), Almada já tem presidente de Câmara. Pelo caminho, Júdice invoca em auxílio da sua teoria do assassinato o nome do arquitecto Manuel Salgado, número dois na corporação de Costa, também ele alvo de tal tentativa. Mais uma vez, a célebre máxima da “mulher de César”, quer para Júdice, quer para Salgado pelo antecedente Carrilho, não se aplica nestes casos… No entanto, aqui os assassinos são outros. Surpresa: Marques Mendes e o PSD!!!
Era esta a “lavagem de roupa suja que faz falta à campanha” a que se referia Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo esta semana?
Alguém que me belisque, s. f. f. para ver se estou acordado ou se isto não passa de um sonho. É que se estiver acordado, acho que vou até à praia. Não há pachorra!
Há uns meses entregou o cartão do PSD. Nada de mais; os partidos não são como o Islão – para toda a vida. Ainda a notícia andava no ar e já era mandatário da candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa. Aqui já fiquei de pé atrás… Hoje finalmente fez-se luz:
“José Miguel Júdice, mandatário da candidatura de António Costa (PS) à Câmara de Lisboa, tem em cima de mesa um convite de José Sócrates para coordenar a reabilitação da frente Tejo da cidade. O convite foi feito há cerca de quatro meses, e o ex-bastonário da Ordem dos Advogados mostrou-se disponível para o aceitar. A nomeação só não avançou porque entretanto a Câmara de Lisboa - um dos parceiros neste projecto - foi dissolvida.”
Diário de Notícias
Costuma dizer-se que, quando o barco mete água os ratos são sempre os primeiros a sair. Mas também há o inverso. Aqueles que têm o condão de serem sempre os primeiros a identificar o melhor barco para entrar. Gostava de ser assim.
Adenda: A candidatura de António Costa começa a ganhar contornos de União Nacional. Ele é o namoro a Maria José Nogueira Pinto para a Baixa / Chiado, ele é José Miguel Júdice para a Zona Ribeirinha, e, no entretanto, vai arrastando a asa a Roseta, porque a maioria absoluta é uma miragem.
Recupero o que escrevi no post anterior: «Tenho pena dos lisboetas. Do fundo do coração.»