"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um jornal com sede no país que é (só) o maior produtor mundial de mastronças per capita meteu-se a falar sobre as ministras de Zapatero. E com isso conseguiu demonstrar não perceber nada das estações do ano, de mulheres, de Espanha (em particular) e dos países do Sul da Europa (em geral); não necessariamente por esta ordem. Perderam uma boa oportunidade de ficar calados.
De mão beijada, uma excelente oportunidade para voltar atrás com a palavra dada, sem perder a face e sem transmitir a ideia de cedência aos argumentos do PSD.
José Sócrates que não se cansa de afirmar ser Zapatero o seu maior amigo na Europa.
(Imagem de E Tudo O Vento Levou (Gone With The Wind), starring Clark Gable as Rhett Butler and Vivien Leigh as Scarlett O'Hara)
Aquela direita bloguista – e não só – que fez campanha eleitoral em Portugal por Sarkozy, como se depende-se dos votos dos portugueses a sua eleição para o Eliseu; que exultou e rejubilou com a vitória do candidato da UMP, é a mesma direita que não perde uma oportunidade – e verdade seja dita, com razão – de espetar umas farpas no nosso vizinho Zapatero pelas mais que muitas argoladas cometidas, nas cedências que fez, ao aceitar negociar e, por consequência, ficar refém de uma organização terrorista como o é a ETA. Foi, e é, a mesma direita que não perdeu a oportunidade nem o timming para cair em cima de Mário Soares – outra vez com razão – por defender as negociações directas com a Al-Qaeda, como a melhor forma de combater o terrorismo islâmico.
Essa direita Sarkozysta e anti-Zapatero anda alheada e esquecida. Esquecida de que a pedido de Sarkozy, o Presidente da Colômbia Álvaro Uribe libertou aquele que é considerado o ministro dos Negócios Estrangeiros das FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, umas das organizações terroristas mais sanguinárias da América Latina, com ligações ao narcotráfico. Esta direita sofre agora de amnésia súbita. Foram os primeiros – e mais uma vez, verdade seja dita, com razão – a denunciar a presença das FARC na Festa do Avante!, com pavilhão e tudo. Mas isso foi no tempo aS (antes-de Sarkozy). Ou será que, há quem tenha autoridade política para negociar com os terroristas? Há terroristas com quem vale a pena negociar e outros que nem por isso? Terroristas bons e terroristas maus?