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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Da série "Títulos Absolutamente Estúpidos"

por josé simões, em 10.05.11

 

 

 

 

 

O PSD aparece na frente, o CDS, tradicional aliado dos laranjas, na terceira posição e a subir, mas a "maioria absoluta" é entre os socialistas e os centristas…

 

 

 

 

 

 

 

Comichões

por josé simões, em 06.08.08

 

Também a mim.

 

E já no meu tempo de estudante tinha colegas a quem os pais pagavam por cada Bom ou Muito Bom que tinham nos testes (“pontos”; como nós lhe chamávamos). E dizia-me assim o meu pai: “Pago sou eu, e mal (!), para trabalhar que é para arranjar dinheiro para te ter a ti e ao teu irmão na escola! Portanto tu, que não tens mais nada para fazer na puta da vida que não seja estudar; estuda que é para te fazeres um homenzinho!”

 

Pronto, já desabafei.

 

(Foto de Rebecca Adams)

 

 

 

Mais centímetros

por josé simões, em 30.06.08

 

Para os mais distraídos destas coisas do pontapé na xixa, convém recordar que o termo futebol, vem do inglês football, ou seja, bola no pé. Esporadicamente com o tronco e a cabeça, e descontando as “mãos de Deus”. É que já não há pachorra para as análises idiotas que vão fazendo escola nas diversas “Quadraturas do Círculo” dedicadas ao pontapé na bola, e que proliferam em todos os canais à excepção do Panda e do Sexy & Hot.

 

Como Bruno Prata hoje no Público: “Os alemães tinham mais sete centímetros em média (…)” (sem link). Mas para que queriam os alemães os centímetros “a mais”; era a final do Europeu de Basquetebol?

 

Voltando ao Sexy & Hot. A haver no canal codificado uma “Quadratura do Círculo” dedicada à biqueirada no esférico; aí sim, os centímetros dos alemães podiam fazer a diferença…

 

(Foto de Bart Azare)

 

 

 

“Tás ma ver d’óculos, ou o quê?!?” (*)

por josé simões, em 09.05.08

 

Não posso deixar de ficar embevecido com as declarações de Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Segundo o senhor, citado pelo Público, “o problema das listas de espera para cirurgia e consultas de oftalmologia nos hospitais públicos é essencialmente político e não técnico ou de recursos humanos”, e talvez por estarmos a falar de doenças dos olhos, qual David Copperfield num truque de ilusionismo, propõe que “o Estado contratualize directamente com os médicos privados consultas e cirurgias para resolver o problema”.

 

Os oftalmologistas estão disponíveis para estabelecer acordos com o Serviço Nacional de Saúde, assim haja vontade política para o fazer”, Jorge Breda dixit.

 

Eu, que graças a Deus não tenho cataratas, nem vou à bola com magias, ilusionismos e outros truques, quer-me cá parecer que o problema não é político, mas monetário e com uns escrúpulos (ou falta deles) à mistura.

 

Os que de manhã não têm tempo no público, têm-no de sobra à tarde, no privado. Estes senhores não fazem um juramento qualquer quando acabam o curso?

 

É caso para dizer: “Tas-me a ver d’óculos, ou o quê?!?

 

(*) Expressão usada pelas gentes de Setúbal quando acham que alguém está a gozar com a sua cara.

 

(Foto de Derrick Tyson)

 

 

 

Uma questão de fé

por josé simões, em 06.05.08

 

Muito mais interessante saber que “um quarto dos portugueses nunca usou preservativo” é a identificação das componentes desse “quarto dos portugueses”.
Principalmente a que nos diz que:
 
“são também os que reportam prática religiosa mais frequente (mais de uma vez por semana) que mais dão a resposta de não utilização ao longo da vida (53 por cento)”
 
Uma questão de na protecção divina? Ainda assim mais papistas que o Papa, porque esse, apesar de falar directamente com Deus e sem intermediários, nunca fiando, tem pára-raios no Vaticano e viaja em carro à prova de bala.
 
(Foto roubada no La Repubblica)
 
 

Curioso…

por josé simões, em 24.04.08

 

“Redução do horário laboral pode levar a corte de salário dos trabalhadores”
 
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?!
Está bem que a maioria do chamado “empresário” português não prima pela inteligência; mas burros, ao ponto de reduzir o horário laboral, e continuar a pagar o pouco mesmo que pagavam antes...
 
O verdadeiro “empresário” português é aquele que aumenta a carga horária laboral e reduz a massa salarial. Alguns reduzem tanto que nem chegam a pagar. Esta realidade também vai ficar consagrada em Lei?
 
(Foto de True Bavarian)
 
 

Um dia histórico

por josé simões, em 03.04.08

 

Hoje é um dia histórico para o distrito de Setúbal e para as suas gentes; e em especial para os habitantes do concelho do Barreiro. Pela primeira vez em muitos e longos anos, uma obra pública que, por via da sua localização, não vai fomentar a especulação imobiliária nem o desordenamento do território. Num distrito que pelas suas opções eleitorais, foi durante décadas castigado politica e economicamente; num distrito que se habituou a sofrer em silêncio, e que, apesar disso, e do esquecimento a que foi votado pelo poder central e pelos sucessivos governos, nunca ergueu bandeiras regionalistas em torno de personagens mais ou menos populistas, ou em torno de outros, não menos “manhosos”, ligados ao clubismo doentio e aos futebóis.
 
Uma obra para servir as populações residentes e não para fomentar migrações de população como aconteceu com a ponte Vasco da Gama.
 
A ponte é uma passagem prá outra margem”; cantavam os Jáfumega nos anos 80. Venha a ponte, que já ontem era tarde!
 
 

Era disto que Marinho Pinto falava?

por josé simões, em 03.04.08

 

Ao dar de caras com a notícia que Jorge Coelho vai assumir a “presidência executiva do maior grupo de construção civil de Portugal, o grupo Mota-Engil”, não consigo evitar recordar-me do programa A Quadratura do Círculo.
Das palavras de Jorge Coelho, de cada vez que se falava de quem quer que fosse; desde a personalidade mais mediática do país, ao anónimo sem-abrigo: “Fulano de tal é uma pessoa que eu conheço; Sicrano é uma pessoa de quem aliás sou amigo; de Beltrano tenho como pessoa íntegra; e a quem aliás aproveito para saudar e enviar um forte abraço”.
 
(Foto roubada ao Daily Telegraph)
 
 

Um partido de mágicos (II)

por josé simões, em 21.02.08

 

“O trabalho realizado pela Novodesign para o PSD, pago pela Somague, que culminou numa condenação por financiamento ilegal de partido, anteontem divulgada pelo Tribunal Constitucional (TC), não teve apenas que ver com a produção de material de propaganda, mas implicou toda a mudança de imagem que o partido viria a promover nos anos seguintes – nomeadamente a reformulação do símbolo do partido.”
(Link)
 
O hospital… aquele edifício bonitinho, pintadinho de branco, mas por dentro é o micróbio aos montes!”, era uma deixa do meu amigo Manuel Bola, numa comédia de que não me recorda o nome, e levada à cena pelo Teatro de Animação de Setúbal há uns anos (muitos) atrás.
 
Podia bem ser a metáfora que define bem toda esta trapalhada no PSD. Mudou-se a imagem, mas os lixos e os vícios antigos ficaram todos lá, pintadinhos, não de branco como no hospital da peça, mas de cor-de-laranja brilhante.
 
 
Mas há mais. Carlos Coelho, o homem por detrás da Novodesign é um activista fundador do Compromisso Portugal. Com a ilustre companhia de Diogo Vaz Guedes.
Ou como escreve hoje Paulo Ferreira em editorial no Público:
 
“Menos surpreendentes são certas práticas empresariais. É fácil ir para os palcos do Compromisso Portugal e fóruns semelhantes falar de transparência, da separação entre o Estado e os negócios e da promoção da concorrência. Tão fácil como, à primeira oportunidade, financiar por baixo da mesa um partido, subvertendo de uma assentada todos esses bons princípios. Foi isto que fez Diogo Vaz Guedes.
Ele e os restantes envolvidos, sabendo todos que estavam a alimentar o cancro do financiamento partidário ilegítimo e tudo o que ele implica. São estas as elites que temos: prometem-nos a Suécia mas só nos levam para o Sul de Itália.”
 
Pena é que a investigação tenha morrido na praia. Faltou, por exemplo, dizer as contrapartidas recebidas pela Somague por este financiamento…
 
Era disto que Marinho Pinto falava?
  

A cigarra e a formiga

por josé simões, em 13.02.08

 

Escrevia António Pires de Lima no Expresso do passado sábado sobre a estratégia de oposição ao Governo pelo partido de Paulo Portas:
 
“Quanto valerá em 2009 esta oposição paciente, formiguinha, trabalhadora, que procura dar consistência e espessura a uma alternativa à direita?”
(Link)
 
- Entre Telmo Correia, Luís Nobre Guedes, Mário Assis Ferreira (presidente da Estoril-Sol), Paulo Portas, Abel Pinheiro, o Pavilhão do Futuro da Expo’ 98 mais um Casino;
- Passando pela Portucale, os depósitos todos em 12 500 euros, o BES e o Jacinto Capelo Leite;
- Novamente o BES, os 24 milhões de euros e os submarinos;
- Até às 62 000 – sessenta e duas mil – 62 000 fotocópias de Paulo Portas;
- Tudo pouca coisa para 3 – três – 3 anos no Governo;
 
A resposta à pergunta de António Pires de Lima, pode ser encontrada hoje em editorial no Público, assinado por Paulo Pereira (sem link):
 
“O CDS-PP tem sido uma máquina de pedidos de esclarecimento ao Governo sobre tudo o que mexe na governação, desde a reorganização das forças armadas à acção da ASAE, do funcionamento dos tribunais administrativos à linha Porto-Vigo de alta velocidade ou à avaliação dos professores – isto para falar apenas das últimas duas semanas.
Compreende-se a necessidade de fazer prova de vida, umas vezes com razão e outras sem ela.
Mas será este o mais nobre serviço que o CDS e Paulo Portas podem neste momento, prestar ao país, à democracia e a um exercício digno da actividade política? Não, não é.
Em vez de pedir explicações duas vezes por dia, o CDS e o seu líder deviam dar explicações sobre a sua passagem pelo Governo, que assume um carácter cada vez mais trágico para os interesses do Estado, com uma invulgar acumulação de casos graves em tão curto espaço de tempo.
(…)
Quando ao CDS e a Paulo Portas, da próxima vez que vier pedir explicações de dedo em riste deve reflectir se não deve ser ele a dá-las.”
 
Ou seja, senhor António Pires de Lima, num ponto a sua análise coincide com a do resto dos portugueses, o CDS é um partido de formiguinhas. De formiguinhas que passaram os três verões de Governo a amealhar, directamente para as suas contas bancárias, e a tratar da vidinha. Mas fica por aí a analogia. A ideia que passa agora é, a de um partido de uma só cigarra. Canta, canta, canta, mas não alegra. A oposição da formiguinha travestida de cigarra vale o que vale: nada. E o Inverno vai ser longo…
 
(Imagem roubada no Histórias da Carochinha)
 
 

Enigmático

por josé simões, em 12.02.08

 

As centrais da P2 no Público dão hoje destaque à apresentação do livro Cecília Supico Pinto – O rosto do Movimento Nacional Feminino, da historiadora Sílvia Espírito Santo,e editadopela Esfera dos Livros.
 
Mesmo mesmo no fim do trabalho assinado por Maria José Oliveira lê-se (o negrito é meu):
 
“Em Junho de 74, o movimento foi oficialmente extinto e Cecília Supico Pinto remeteu-se a um silêncio de décadas.
Quando Sílvia Espírito Santo visitou a Rua das Janelas Verdes (sede do MNF), em busca de recordações sobre o trabalho do MNF, alguém lhe perguntou se era da PIDE. “Respondi que a PIDE já não existia e a pessoa disse-me: ‘Isso é o que a senhora pensa’.
 
(A imagem não tem que ver com o MNF; foi roubada no Chicago Tribune, mas no meu imaginário, é o que mais se assemelha com a ideia que me ficou de infância destas senhoras sempre prontas para fazer a caridadezinha em prol do Regime e A Bem da Nação)
 
 

Do jornal Público; do capitalismo; dos pequenos e grandes accionistas

por josé simões, em 16.01.08

 

“Desde o início que a candidatura de Cadilhe foi vista como uma ousadia quixotesca e o resultado de ontem dá crédito a essa perspectiva. Mas num país onde tratar da vidinha é regra, é bom saber que há quem seja capaz de correr riscos e enfrentar as maiorias. Cadilhe fê-lo. Por isso foi o herói dos pequenos accionistas fartos de manobras de poder.”
Sobe e Desce na última página do Público
 
É censurável “tratar da vidinha”? Não; desde que seja feito dentro das regras da transparência e da legalidade.
 
Uma pergunta inocente: Cadilhe quando foi forçado a demitir-se de ministro das Finanças de Cavaco Silva, foi devido a uma cabala orquestrada pelo Independente, ou foi por andar a "tratar da vidinha"?
 
“O ex-presidente da Caixa foi eleito por um número muito mais reduzido de accionistas, que no entanto, detêm muito capital do BCP. Já Miguel Cadilhe era o “candidato do povo”, dos pequenos accionistas. Cada accionista de Santos Ferreira tinha, em média, 83 vezes o capital de cada accionista de Cadilhe.
As regras são mesmo assim. Em democracia, votam as pessoas. No capitalismo, vota o dinheiro.”
Editorial do Público assinado por Paulo Ferreira
 
Faz algum sentido falar em “candidato do povo”, num banco que teve na génese da sua fundação o renascido capitalismo português nos anos de Cavaco Silva primeiro-ministro, e cujo principal objectivo era mesmo esse, fugir ao espartilho da “banca da ralé”?
 
Anda tudo esquecido que após a fundação do BCP era impossível ao cidadão comum ter uma conta no banco devido aos plafonds mínimos exigidos, e que essa situação só foi ultrapassada com a criação da Nova Rede e mesmo assim com uma forte campanha de marketing; usando como alavanca o concurso Preço Certo; com a arte de Carlos Cruz?
 
Qual o objectivo do Público ao martelar sempre na mesma tecla dos “pequenos accionistas”, num banco que nunca foi “dos pequenos”, e onde “os pequenos” desempenham o mesmo papel que os não-sei-quantos-mil que correm a maratona de Londres ao lado das vedetas do atletismo mundial; para enfeitar?
 
O que a candidatura de Cadilhe demonstra é que é extremamente fácil fazer o “povo dançar”. Assim se saiba tocar a música que o povo quer ouvir. Ontem Cadilhe e os “pequenos accionistas” trouxeram-me à memória, a assembleia da OPA da Sonae sobre a PT, com Berardo a ser aplaudido pelos sindicatos e pelos “pequenos accionistas”.
 
Já agora: não é só no capitalismo que a uma pessoa não equivale um voto. Também no Benfica, por excelência o “clube do povo”, assim o é.
 
(Foto roubada na Time Magazine)
 
 

Sócrates e a liberdade

por josé simões, em 07.01.08
“Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo. O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo…
 
António Barreto no Público
 
 

O verdadeiro artista (XXIX)

por josé simões, em 28.12.07

 

“A favor dele tem o défice (3 por cento), uma coisa fácil de conseguir pela força (…)”
(Negrito meu)
 
Vasco Pulido Valente sobre José Sócrates hoje no Público
 
 

A tenda da intolerância

por josé simões, em 21.11.07

 

 

Onde se dá conta de uma carta publicada no jornal Público na secção Cartas ao Director e assinada pelo senhor Daniel de Sá Maia, residente em São Miguel. Reza assim:
 
“Há algum tempo, um deputado belga entrou para a lista dos meus heróis. Tendo convidado um político muçulmano para almoçar, este recusou-se a sentar-se à mesa enquanto nela houvesse cerveja, bebida habitual que o anfitrião não dispensava. O belga não transigiu e o conviva não chegou a sê-lo.
Vem aí Kadhafi, e não aceita hospedar-se num hotel. Só admite ficar na sua tenda palaciana, costume seu no seu país do deserto. E assim cria um problema que Lisboa não sabe como resolver.
Este tipo de tolerância é absurdo. Respeitar os costumes dos visitantes é um acto de delicadeza, aceitar que eles imponham a sua vontade é uma complacência servil.
Os muçulmanos têm todo o direito de oferecer lagosta com sumo de laranja em sua casa. E de não beber vinho nem comer carne de porco, mesmo quando estão na Bélgica ou em Portugal. Mas pretender que a sua vontade impere, obrigando às suas leis ou costumes até os próprios anfitriões, é um absurdo intolerável, só compreensível para quem viva em menoridade cultural ainda. A tenda de Kadhafi em Lisboa será a declaração implícita de que a sua cultura é superior à nossa. E não é. É diferente e respeitável. Nada mais. Tolerar a intolerância é inadmissível. Quem quer ser tolerado tem de saber tolerar também. Porque a verdadeira tolerância é não pôr à prova a tolerância dos outros.”
 
(Na foto de Arthus-Bertrand para o Le Soir, exposição em Marrakech, de tapetes de beduínos para tendas no deserto)