"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vai grande alarido nas "redes" com a primeira capa do Jornal de Negócios em modo "festa da mangueira", ou "menina não entra", quando o alvo devia ser não o género mas a razão por que jornais sem leitores e com prejuízos sistemáticos dão sistematicamente à primeira página os mesmos, de economistas a "empresários", do mesmo campo ideológico, com ligação zero ao mundo do trabalho, replicados ad nauseam no prime time das televisões como vozes de verdades absolutas e indiscutíveis e sem contraditório. Uma pescadinha de rabo na boca tóxica.
Os resultados dão o PS a subir, com 39.6% das intenções de voto e 113 deputados eleitos, o PSD a descer, com 24.8% traduzidos em 67 assentos no Parlamento, o BE com 8.5% e 16, deputados, a descer nas intenções de voto, a CDU, com 6.1% e 10 deputados eleitos também desce, à direita da direita do PSD todos a sobem, o CHEGA com 7.9% - 13 deputados, o CDS com 4.4% - 5 deputados, a IL com 2.8% - 3 deputados, e por fim o PAN, também a descer, com 3.2% e 3 deputados [aqui].
Mas os títulos são "Direita volta a alcançar PS nas intenções de voto", a subtileza da "[direita apanhar] o PS nas sondagens à boleia do Chega" e nunca que o PSD perde terreno para o PS e vê o eleitorado fugir para a direita, quando qualquer conta de merceeiro, com a 4.ª Classe feita e sem necessitar de grandes estudos, constata que a soma dos deputados da 'Geringonça' - PS + BE + CDU, dá 139 cadeiras no Parlamento, contra a soma do bloco de direita, com 88 deputados, sem sequer incluir as intenções de voto no PAN em qualquer dos lados - esquerda/ direita, maioria absolutíssima de esquerda.
E porque é que os títulos não são "Esquerda com maioria absoluta nas intenções de voto" ou "PS sozinho tem mais deputados que a direita em conjunto", o acento tónico é colocado entre a direita como um todo, contra o PS e ignorando os outros dois partidos de esquerda ou, no caso do Eco, se aposta na normalização do Chaga, depois da normalização levada a cabo por Rui Rio e Miguel Albuquerque? Agora pençem... [não é gralha, é como os minions do Ventas do Chaga escrevem nas redes].
O telejornal do Mário Crespo na televisão do militante n.º 1 convida a jornalista Maria João Gago do Jornal de Negócios "para nos ajudar a perceber" os contornos da contratação de Mário Domingues para a Caixa Geral de Depósitos e para nos avisar que "os banqueiros privados são o alvo principal do PCP e do Bloco de Esquerda". No país de João Rendeiro, Oliveira e Costa, Jardim Gonçalves e Ricardo Salgado, assim só os mais sonantes, banqueiros com os portugueses como alvo principal. "Obrigado pela tua análise", rematou a menina que ficou no lugar da Ana Lourenço.
Coerência é a imprensa económica do pensamento único dominante que andou 4 anos a dar améns ao Governo da direita por ter acabado com feriados, tolerâncias de ponto e pontes, que eram feitas às custas de dias de férias que levaram um corte de 5 dias, tudo em nome da produtividade, do crescimento e da recuperação económica do país, nada por causa da mais-valia do patrão e accionista, não ter edição em papel à terça-feira de Carnaval, que não é, nem nunca foi, feriado.
No vale tudo da direita em pânico com a possibilidade de um Governo de esquerda vale mesmo tudo na massiva campanha de agit-prop que se começa agora a desenhar nos bastidores, com a cumplicidade da comunicação social câmara de eco do pensamento único, até ressuscitar fantasmas de que os mais velhos já não se lembravam e que os mais novos só têm conhecimento por ter ouvido contar aos mais velhos que já não se lembravam.
Outro título possível seria “No dia em que o BES foi nacionalizado sem custos para o contribuinte, era Pedro Passos Coelho uma criança embeiçada pela UEC [União dos Estudantes Comunistas] e Dias Loureiro morava no campo e nem sabia o que era a política.”
Os jornais de economia – Jornal de Negócios e Diário Económico, não tiveram edição em papel, não estavam nas bancas, hoje, terça-feira de Carnaval, dia útil, dia de trabalho. Alguém devia fazer alguma coisa acerca disto, privatiza-los, por exemplo. Os calaceiros. Pensam que o país vai lá com descansos e carnavais. É que nem o CDS de Paulo Portas – o partido dos feriados, foi tão longe.
Os pobres mais pobres, os remediados que se viram pobres, a classe média destruída, os 99% da população mundial que contribui para que este "estádio de desenvolvimento" [gloup] fique marcado pela apresentação de melhores condições de vida, em média melhores do que as que oferecia o anterior, para os 1% da população mundial, cada vez mais, mais 1%.