"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente de Pedro Passos Coelho, considera uma traição o acordo nos Açores com o Chega de André Ventura, ex-camarada de partido lançado por Pedro Passos Coelho nas eleições autárquicas em Loures, era Jorge Moreira da Silva ministro. O circo nunca acaba.
A guerra ao Tribunal Constitucional foi só a face mais visível de todo um programa que começou com o projecto de revisão constitucional de Pedro Teixeira Pinto escondido à pressa no fundo da gaveta mais funda mas que por descuido ia caindo para a opinião pública [é mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo] nas mui famosas tiradas de Passos Coelho, sem papel e embalado no popular "tem gosto o burro em ouvir o seu zurro", para um país atordoado por doses maciças de austeridade: "É minha profunda convicção que não é a Constituição que nos impede de reformar o Estado" ou "Já alguém perguntou aos mais de 900 mil desempregados do que lhes valeu a Constituição?".
O saque ao património comum em nome do crescimento económico e da criação de riqueza nos bolsos de alguns:
"Lançado quando Jorge Moreira da Silva era ministro do Ambiente, Ordenamento do território e Energia o RERAE visava criar um mecanismo para avaliar “a possibilidade de regularização de um conjunto significativo de unidades produtivas que não dispõem de título de exploração ou de exercício válido face às condições actuais da actividade”. Como se lê no preâmbulo do decreto de lei 165/2014, o Governo pretendia regularizar “estabelecimentos e explorações de actividades industriais, pecuárias, de operações de gestão de resíduos e de explorações de pedreiras incompatíveis com instrumentos de gestão territorial e ou condicionantes ao uso do solo”. Algumas dessas incompatibilidades, lê-se, são as “desconformidade com os planos de ordenamento do território vigentes ou com servidões administrativas e restrições de utilidade pública”."
A isto chama-se aa... inteligência na política, ao serviço do país e da aa... economia, através da criação de aa... taxas e taxinhas para maquilhar o aa... saque fiscal.
[Os mais atentos já devem ter reparado aa... no tique do ministro Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, aa... Jorge Moreira da Silva quando fala e começa aa... inventar]
O ministro do Ambiente, que até percebe da poda e é medalhado e tudo, a sacudir a água do pacote do Governo que eliminou auditorias obrigatórias à qualidade do ar interior, num retrocesso em relação a tudo o que se tinha feito até à data e numa cedência ao lobby do "por cima de toda a folha" em prol da mais-valia do patrão e dos accionistas, e a anunciar uma inspecção à empresa Adubos de Portugal, a decorrer "nas próximas horas" e que servirá para averiguar um "eventual crime ambiental por libertação de microrganismos para o meio ambiente". Quem é que é o criminoso, aqui, no admirável mundo do liberalismo de pacotilha?
O que é que leva um primeiro-ministro e um ministro do ambiente, insuspeitos de ligações ao maoísmo como muitos que por aí pululam, a fazer a defesa instrasigente dos interesses de uma empresa nacionalizada pelo Estado chinês e que vende a energia aos portugueses e às empresas a preços proibitivos?
O CDS coloca, estratégicamente, dois ministros, um na Economia outro na Agricultura, para, numa operação concertada e cada qual à sua maneira e todos juntos à maneira do CDS, escaqueirarem o ambiente por via do saque com força de Lei, Depois vem outro CDS, Paulo Núncio, secretário de Estado para o Esbulho e o Assalto Fiscal, falar em fiscalidade verde que é uma maneira de, a coberto da protecção ao ambiente, que foi anteriormente metido a saque pelos dois ministros do CDS, ir ainda mais ao bolso do cidadão para tapar buracos em todo o lado, excepto no ambiente, que esse é para esburacar sem dó nem piedade e, como se não bastasse, ainda mandam um ministro do PSD, Jorge Moreira da Silva do Ambiente, que até é entendido e sabe da poda e tem medalhas e comendas e tudo, dar a cara pela trafulhice e uma imagem de credibilidade à pantominice em conferência de imprensa. E ele, como é bem mandado, foi.
Para uma futura privatização há que tornar o bolo mais apetecível: juntar os 19 subsistemas existentes em apenas 5 e meter os consumidores do litoral a pagar o lucro que o privado vai ter com os consumidores do interior. Serviço Público é com o Estado, o privado é mais serviço do lucro, e o resto, embrulhado em papel de eficiência com lacinho de qualidade, é conversa para entreter anjinhos.
Eu era capaz de jurar que quando o CDS, perdão Paulo Portas, nomeou Assunção Cristas para ministra da Agricultura e do Mar e do Ambiente e do Ordenamento do Território [acho que não me esqueci de nada] e que, por sua vez, nomeou um dos elementos da comissão de honra da sua candidatura pelo distrito de Leiria, perdão, nomeou o dô-tôr [deve ser dô-tôr porque no CDS é tudo dô-tôres] John Michael Antunes para presidir à administração da Parque Expo, a ideia era acabar com mais uma "gordura do Estado", com o "sorvedouro de dinheiros públicos" e com o "despesismo socialista" em menos de um fósforo e não que, passados 3 – três – 3 anos, não só a gordura continue a gordurar como o "despesismo socialista" tenha aumentado 2, 75% num ano e que seja necessário ao Estado, que é uma forma simpática de dizer o dinheiro do contribuinte, proceder a uma injecção de 152 milhões de euros e de vender activos ao preço da uva mijona.
Como diria o vice-trampolineiro Paulo Portas, responsável-mor por estas nomeações, "o socialista é muito bom a gastar o dinheiro dos outros mas quando acaba o dinheiro chamam-nos a nosotros y a vosotros para compor as coisas"
Depois da campanha massiva de intoxicação da opinião pública, desde os jornais às televisões, passando pela bloga e pelas redes sociais, por parte daqueles que, depois de ganhas as eleições e afastados os despesistas e irresponsáveis e e naïfs socialistas da aposta nas energias renováveis e na mobilidade eléctrica, seriam contratados e encaixados como "especialistas" e "técnicos" em tudo o que é ministério e secretaria de Estado:
Mas como esta gentinha não dá ponto sem nó e como «o modelo passa por liberalizar a rede pública de carregamento de carros eléctricos, que é gerida actualmente pela Mobi.e, abrindo-a à concorrência e permitindo "tornar o carregamento mais próximo dos cidadãos"» há que garantir ao cidadão que «poderá fazer o carregamento em qualquer ponto (casa, condomínio, trabalho, centros comerciais, via pública), sempre com o mesmo cartão pré-pago ou pós-pago, sendo as tarifas fixadas pelo operador de ponto de carregamento e pelo operador de comercialização de electricidade para a rede de mobilidade eléctrica». Casa, condomínio, trabalho, mais três fontes de rendimento para a iniciativa privada, que bem necessitada anda, coitada, desenganem-se os cidadãos e as empresas que isto não é carregar telemóveis, smartphones e tablets. Bem que podiam começar a testar o sistema mesmo por aí, cartões pré-pagos e pós-pagos para carregar baterias de androids e iPhones.
Sem nunca pronunciar as palavras "parque", "eólico", "off-shore", e "Aveiro" – se calhar por causa de ser apenas um projecto sobre uma intenção de projecto à procura de financiadores que permitissem ao Estado perder dinheiro, digo eu;
Sem nunca pronunciar as palavras "central" e "nuclear" – se calhar por causa da memória de Three Mille Island, Chernobyl, e Fukushima, digo eu;
Sem nunca pronunciar as palavras "lobby" e "manifesto" – se calhar por causa dos nomes subscritores e de projectos para refinarias em Sines, com estudos de impacto ambiental martelados, e que permitiam ao Estado perder dinheiro, muito dinheiro, digo eu;
A gente faz que não percebe e os contribuintes agradecem a preocupação manifestada. Até porque quando o Estado perde dinheiro, muito dinheiro, há alguém que ganha dinheiro, muito dinheiro – projectos, projectos sobre intenções de projecto, lobby, e privatizações bancárias à parte, digo eu.
«It's wrong, It's oh so wrong, But I want it, To be right, Now you got me walking on the sidewalk, Talking, moving, looking, Stopping, Farting like a dog, Barking»