"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
«É evidente que existe um plano secreto para lançar o mundo no caos. É o plano dos ricos. A miséria e a fome esmagarão os oprimidos. As novas armas de destruição eliminarão boa parte dos que ficarem: biliões de bocas inúteis que nada acrescentam aos lucros dos grandes monopólios. Na Terra, um só poder, uma só religião, um só monopólio global.»
Desde que o PCP, depois da morte de Álvaro Cunhal, oficialmente reabilitou Estaline que, mais tarde ou mais cedo, haviam de aparecer os herdeiros da Conjura dos Médicos de 1951 quando o vozhd, dando largas ao seu anti-semitismo [a fermentar desde a calorosa recepção dada a Golda Meir na Moscovo de 1948], incumbiu Ignatiev, coadjuvado por Riumine “O Pigmeu”, de forjarem um conjura sionista-americana contra a União Soviética na pessoa do Pai dos Povos, trabalho efectuado com profissionalismo e requinte numa sala de tortura em Lefortovo, equipada como se de um consultório médico se tratasse, cumprindo as ordens de Josef Vissarionovitch «Batam, batam e tornem a bater!» [*] e arrancado confissões atrás de confissões à equipe de clínicos do Kremlin [Iegorov, Volkogronov, Rijikov] e onde à cabeça aparecia Vinagradov, o médico pessoal de Estaline.
Portanto, e logo a começar por mim, do que é que todos nos admiramos?
[Na imagem The Stalin Monument, Erivan 1962, Robert Lebeck]
[*] Estaline, A Corte do Czar Vermelho, Simon Sebag Montefiore, Alêtheia Editores, 2006
Não é desculpa dizer que não se sabia que o The Times já havia desmascarado a fraude como um plano para tramar os judeus por ter sido no distante ano de 1921, uma vez que a revolução soviética foi em 1917 e o autor das linhas lembra-se dela como se tivesse sido ontem. Ainda assim, de Will Eisner e com prefácio de Umberto Eco, A Conspiração – A História Secreta dos Protocolos dos Sábios do Sião, da Gradiva, por uns quaisquer 10/ 12 €, num qualquer hipermercado, é em banda desenhada para facilitar a leitura, não requer muito esforço cerebral e está lá tudo tintim por tintim.
Já nem vou pela explosão espontânea das insurreições e das greves «em cadeia da classe operária e pelas revoltas dos militares e dos camponeses» nos tempos da Rússia czarista, porque, como é sabido, nos tempos da Rússia soviética todas estas explosões e insurreições eram manobras do imperialismo e do capitalismo e da CIA e o diabo a sete, e Estaline nada afogou em banhos de sangue, o Diabo tenha a sua alma em descanso… Fico-me pelo último paragrafo:
(*) Ou o estranho caso da Geografia de pernas para o ar (negrito meu):
«Bush, a CIA, o Pentágono e a Wall Street, cobiçavam (e cobiçam...) o petróleo do Próximo Oriente do qual a porta de entrada é o Iraque e o corredor central o Afeganistão»